Roteiro pelo Douro Internacional até ao Parque Natural do Lago de Sanabria
Rumámos por uns dias à região de Trás-os-Montes seguindo a rota do Douro Internacional e, descobrimos além fronteiras, a imensidão da beleza natural do Lago de Sanabria, na vizinha Espanha. Voltámos com um maravilhoso roteiro que muito recomendamos para um, curto ou prolongado, passeio de mota.
Entre Castelo Rodrigo, Barca D’Alva e Freixo de Espada à Cinta, até ao profundo vale escarpado pelo rio em Miranda do Douro. Da beleza medieval da cidade de Zamora, aos recantos da natureza e património histórico nas serras do Parque Natural do Lago Sanabria. Terminando no regresso a Portugal, com breve a passagem pelo Parque Natural do Montesinho, por onde muito fica por explorar. Um roteiro de 4 dias e cerca de 1100 km, para percorrer e ansiar por mais, numa rota entre as maravilhas de Portugal e Espanha.


Mapa detalhado do roteiro
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar como preferir.
Dia 1 – Batalha – Pinhel – Castelo Rodrigo – Barca d’Alva – Freixo de Espada à Cinta – Mogadouro – Miranda do Douro | 400 km
De Castelo Rodrigo a Mogadouro pela N221
Optando pelo caminho mais rápido desde a nossa casa até à região de Pinhel, foi pela pequena e sinuosa estrada N221 que rumámos a Castelo Rodrigo. Por aqui iniciámos, a nossa viagem pelas pequenas estradas do país, antes da derradeira entrada no Douro Internacional.

Castelo Rodrigo é uma das Aldeias Históricas de Portugal, cuja alma e origem medieval sugerem que estacione a mota no exterior das suas muralhas que desde longe se avistam.
A pequena aldeia, de ruas e casas empedradas, apelam a uma pequena caminhada por entre o Pelourinho quinhentista, a igreja matriz, a cisterna medieval e as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura. Todos encaixados numa pequena montanha de vistas panorâmicas arrebatadoras, são monumentos da história nacional que merecem uma visita.



Na Rota do Douro Internacional
Entramos oficialmente na Rota do Douro Internacional a partir de Castelo Rodrigo. Uma rota demarcada pelo troço fronteiriço do Rio Douro, que se prolonga por mais de 100 km e separa o interior remoto de Portugal, da sua vizinha Espanha. Com um rumo aproximado N-S, desenvolve-se por um vale profundo encaixado nas margens escarpadas do rio Douro. Inacessível durante grande parte do trajecto, mas cujo percurso é sinónimo de uma fabulosa viagem de mota pelas paisagens que orgulham o país.

Entre bosques de azinheiras, sobreirais e carvalhos, é uma área de beleza única, atravessada por estradas que nos oferecem dramáticos panoramas. Pequenas estradas, de curvas incontáveis, pelos cenários do nobre rio que coloca Portugal na lista dos melhores países para percorrer de mota. Importante zona agrícola do extremo nordeste do país, por onde as figueiras, vinhas, oliveiras e amendoeiras adornam a paisagem pelos socalcos do Douro.

A passagem por Barca D’Alva
Seguimos para Barca D’Alva e, é por lá que, através da ponte Almirante Sarmento Rodrigues, é possível pela última vez atravessar as margens do Douro em território português. O cais fluvial faz as honras do lugar onde termina o percurso do Douro navegável, desde a sua foz no Porto. Em época alta, são os cruzeiros que navegam as águas profundas do rio que dão vida à região.
Se pelo Douro Vinhateiro, são os vinhedos que embelezam a paisagem, pelos socalcos do Douro Internacional, são os extensos olivais e amendoais que definem a paisagem. Entre eles, uma estrada soberba em altitude, de fácil condução e de panoramas inspiradores.


Dica de Restaurante em Barca D’Alva
Miranda do Douro
É em Miranda do Douro que termina o nosso primeiro dia de passeio por Trás-os-Montes. Um cidade de montanha, nas margens dos rios Douro e Fresno, situada em plena fronteira com Espanha, na região de Castilla e Léon.
Uma cidade especial e de património único, Miranda do Douro é o testemunho de como conservar antigas tradições e modos de vida. Por lá, o Mirandês, a sua própria língua, têm sobrevivido aos tempos modernos e é a imagem da região. Os Pauliteiros de Miranda, personagens de dança com paus típica da zona, é outra herança viva que remonta à época da Idade do Ferro e ainda hoje se celebra em eventos culturais.
É uma pequena cidade no alto de uma montanha, com alma de aldeia, com vistas para as Arribas do Douro, onde deve estacionar a mota e percorrer a pé as suas ruas. Repleta de pequenas lojas de calçado, têxteis e outros produtos típicos, que começam e terminam em torno dos seus principais monumentos: a Sé Catedral de Miranda do Douro e o Menino Jesus da Cartolinha, Castelo de Miranda do Douro, Ruínas do Paço Episcopal ou o Museu da Terra de Miranda.



Reconhecemos, que é a gastronomia da região transmontana que nos convence a pernoitar. A posta mirandesa, os enchidos de fumeiro, a alheira, a bola de carne ou a bola doce mirandesa, são algumas das delícias gastronómicas que por lá se encontram e completam qualquer bom passeio.
Alojamento em Miranda do Douro
Restaurantes em Miranda do Douro
Dia 2 – Miranda do Douro – Pereruela – Zamora – Puebla de Sanabria | 200 km
Pelas Arribas do Douro e o Cruzeiro Ambiental
Não deixámos Miranda sem antes percorrer as dramáticas e escarpadas margens do rio Douro. São as Arribas do Douro, cujos impressionantes e enormes rochedos, contornam as margens do rio que separa Portugal de Espanha. Por lá, apenas o Cruzeiro Ambiental circula, e é a forma ideal de entrar em contacto com a geologia, fauna e flora do local.


Pereruela, terra de oleiros e tradições
Cruzámos a fronteira na Barragem de Miranda e, seguindo as margens do rio Douro já em terras espanholas, rumámos à pequena aldeia de Pereruela. Famosa pelas argilas locais, que reúnem excelentes qualidades para suportar altas temperaturas, ideais para o fabrico de panelas, tabuleiros e fornos refractários entre muitas outras peças.
Local de prestígio nacional pela qualidade das suas cerâmicas, ideal para quem, como nós, é um aficionado pelo artesanato tradicional. Foi por lá que mais uma vez constatámos, que pelas malas da nossa mota cabe sempre mais qualquer coisinha.

A cidade de Zamora
Porque estava mesmo ali ao lado, continuámos a travessia pelas longas planícies de cultivo espanholas. Deixamos para trás as arribas do Douro e as estradas curvilíneas das montanhas que integram o parque natural. Percorremos as estradas de traçado rectilíneo que se perdem no horizonte, ladeadas pelos campos de cultivo de sequeiro, com a sua característica cor dourada durante as estações quentes.


Nas ruas do centro histórico da cidade de Zamora, percorremos os tesouros entre muralhas que à beira do rio Douro prosperaram. Rica em monumentos e histórias com séculos de existência, Zamora é uma cidade integrada num conjunto de edifícios de origem românica.
Inúmeros templos e igrejas do casco histórico, integradas entre a imponente Catedral de Zamora, os Palácios, o Castelo e Catedral. É sem dúvida uma cidade rica em monumentos, à qual devemos uma atempada visitada.



Puebla de Sanabria
Puebla de Sanabria foi onde terminámos mais um grande dia de passeio em duas rodas. Uma pequena e histórica aldeia nos limites do Parque Natural do Lago de Sanabria.
Erguida em torno de uma ampla planície e no interior de uma antiga fortaleza empoleirada no topo de um rochedo, apela a uma visita aos monumentos que por lá se encontram. Sempre com as vistas privilegias para as margens verdejantes do rio Tera.
O Castelo de Sanabria construído no séc XV, a igreja de Iglesia de Santa María del Azogue e a fascinante arquitectura típica do seu casario, são algumas das relíquias que por lá encontramos. Ruelas estreitas e apertadas, com pequenos restaurantes e lojas de artesanato, Puebla de Sanabria é um encanto em telhados de xisto.



Alojamento em Puebla de Sanabria
Restaurantes em Puebla de Sanabria
Dia 3 – Puebla de Sanabria – Sotillo de Sanabria – Lago de Sanabria – Ribadelago – Vigo – San Martin de Castañeda – Laguna de los Peces – Puebla de Sanabria | 100 km
Parque Natural do Lago de Sanabria
Majestoso e imenso. Assim se define o Parque Natural do Lago de Sanabria. Uma maravilha da natureza, a poucos quilómetros da fronteira portuguesa, por onde a água, a serra e as grandes matas de carvalhos são os principais elementos em torno do Lago Sanabria, que domina a paisagem com beleza cativante.


Com cerca de 1,5 km de largura, 3 km de comprimento e mais de 50 m de profundidade, é o maior lago de origem glaciar da Península Ibérica, rodeado por montanhas que superam os 2100 m de altitude.
Grandes picos, pequenas lagoas, cascatas vigorosas, flora e fauna diversificada, paisagens por onde as pequenas estradas nos conduzem, ora em altitude ora pelas margens do lago. Representa um cenário único e especial, por onde andar de mota é recompensador.



Pequenas aldeias pitorescas, castelos e mosteiros adornam a paisagem e pelas suas ruelas há sempre um excelente repasto à nossa espera em torno de uma mesa recheada de delícias locais.
No Verão, o local ideal para caminhadas pelos trilhos das montanhas e uns dias de praia ao longo das suas margens, pelas inúmeras praias fluviais da região.
Um cruzeiro ambiental pelo lago é também uma boa sugestão para apreciar as margens inacessíveis e as perspectivas em redor da pérola da região.


San Martin de Castañeda e Laguna de los Peces
Na margem norte do lago, seguimos pela pequena aldeia de Vigo, passando por San Martin de Castañeda, pela estrada panorâmica que termina no topo da serra e na pequena Laguna de los Peces.
San Martin de Castañeda é uma aldeia de casario de xisto no sopé de uma colina, com o Lago de Sanabria como pano de fundo que esconde o Monasterio de San Martin de Castaneda, cuja construção original remete ao período dos Visigodos e final do Império Romano.


Seguimos pela pequena e curvilínea estrada ZA-103, para nós, a mais fabulosa estrada de montanha da região. Estreita e sinuosa, conduz-nos por entre panoramas privilegiados para o Lago de Sanabria e as montanhas em redor. Um percurso sem saída pavimentada, que termina no topo e na pequena Lagoa Glaciar Laguna de Los Peces.



Alojamento em Lago de Sanabria
Restaurantes em Lago de Sanabria, San Martin de Castañeda
Dia 4 – Puebla de Sanabria – Rio de Onor – Gimonde – Bragança – Batalha | 450 km
Voltámos a Portugal e ao nordeste transmontano, através de uma curta mas fabulosa travessia pelo Parque Natural do Montesinho. Uma outra região a merecer o destaque e futura referência, a um passeio de mota pelas sinuosas estradas entre a Serra do Montesinho com tanto a oferecer.
Chegámos a Gimonde pela hora do almoço, o local ideal para saborear a suculenta posta mirandesa ou a alheira transmontana, entre muitas outras maravilhas da gastronomia do país.


Visitámos em Bragança o centro histórico da cidade, cujo castelo faz as honras da visita. O castelo de origem medieval, que deslumbra a quem o visita nos tempos modernos. Estacione a mota nos arredores e perca-se pelas ruelas empedradas em torno do monumento.

Por Bragança terminámos o nosso passeio e iniciámos o rápido regresso a casa. Portugal é repleto de fantásticas estradas, monumentos e paisagens únicas e uma gastronomia incomparável que nos permite dizer: Portugal é uma maravilha para viajar de mota.
Terminamos mais um grande roteiro para uma viagem de mota por Portugal com um saltinho à vizinha Espanha. Abaixo deixamos outras sugestões para curtas viagens em duas rodas:
- Roteiro de mota pelo Douro Vinhateiro
- Roteiro de mota entre Évora, Monsaraz e o Alqueva
- Roteiro de mota entre Marvão e a Ponte Romana de Alcântara
- Roteiro de mota pela Serra da Estrela
- Roteiro pelas Serras de Aire e Candeeiros
- Portugal de Norte a Sul pela mítica Estrada N2
Que Passeio espectacular!! Dá vontade de marcar já uma “escapadela” para o Nordeste de Portugal! Mais uma vez, Obrigado pelo cuidado na elaboração deste Excelente Guia e pela Partilha!!
Que máximo 😀 fiquei impressionada com o aviso para ter cuidado com os crocodilos 🙂
Uau, que incrível! Achei as paisagens a melhor parte, de tirar o fôlego mesmo 🙂
Este planalto é lindo. Percorremos esta região há uns anos…temos de voltar…vocês fazem-nos isto, este roteiro é muito bom, montanha, cultura…esse mosteiro…praias fluviais! Maravilha!
Que belo passeio! A parte espanhola ainda não conheço. Tenho que tratar disso. 😀
Obrigado pela partilha. Parece-me que vai ser uma boa opção para uma volta no feriado de abril, com o Navio Almirante.
e eu que pensava que não tinha crocodilos por ai, mero engano ahuehaue ainda bem que tem uma placa gigante pra avisar…imagino que com o calor é uma tentação!
Portugal é realmente um país sensacional, fiquei encantada com tudo, principalmente com Miranda do Douro, que cidade!
Que belo passeio!!! Eu conheço uma parte mas ainda me falta descobrir um bom bocado…
Uma foto mais linda que a outra! São esse tipo de paisagem que ficamos em dúvidas se são reais ou pinturas. hahaha! Parabéns pelas fotos e obrigada por tantas informações.
Enhorabuena. Una excelente descripción de un bonito viaje. Saludos.
Gracias Manuel! Una buena viaje por los encantos de nuestras carreteras 🙂
Que roteiro espetacular! A cada quilômetro, uma paisagem mais impressionante que a outra!! Realmente, um relato e tanto!
Viagens inspiradoras por aqui, sempre! Pena que não sei andar de moto, mas acho que dá para aproveitar o roteiro tranquilamente de carro, né? =)
O Douro Internacional é fantástico mas, tal como a Carla, ainda não conheço a parte espanhola. Tenho de tratar disso rapidamente. Obrigado pela partilha.
Vale a pena um tempinho por lá! Boas viagens Filipe 🙂
Adorei! 😉 Eu tambem escrevo sobre meu intercambio em NYC, sobre a cidade e viagens (pretendo visitar os 50 estados americanos). se sentir vontade da uma pulo la pra ver!
Adorei o seu post! 😉 Eu tambem estou tentando escrever sobre minhas experiencias. Meu intercambio em NYC, sobre a cidade e viagens (pretendo visitar os 50 estados americanos). se sentir vontade da uma pulo la pra ver!
Olá!! Muito obrigado pelo seu comentário! Assim que tiver um tempinho vou lá ver o seu ”cantinho” online 😉 Felicidades!
Fabuloso, já conheço alguns desses locais e já fiz um cruzeiro do lado português…
Esse que fizeram (que não é o de Sanabria) foi relaizado do lado portugues ou espanhol?
Do lado Português 😉