Percorremos a Hungria de ponta a ponta, mas foi o percurso do Lago Balaton a Budapeste que nos ficou gravado na memória. Porque fomos até à Hungria de mota? Porque íamos a caminho dos Cárpatos e atravessar a Hungria era necessário. Se foi grande sacrifício? Nada mesmo!
As grandes viagens de mota não significam para nós fazer apenas muitos quilómetros até ao destino final. Significam viajar ao nosso ritmo, aproveitar ao máximo as maravilhas que o caminho nos oferece e dedicar tanto tempo quanto possível a conhecer locais inexplorados. Somos portugueses de alma de descobridores. A herança aventureira dos nossos antepassados corre-nos nas veias e o instinto de conhecer o mundo sobre rodas alimenta-nos os sonhos.
Viajar pela Hungria foi mais um realizar de um sonho. O de viajar de Portugal aos Cárpatos e voltar com mais uma grande aventura no nosso histórico de viagens em duas rodas. Porque se há algo que jamais perderemos, são as experiências que vivemos a cada dia, os sonhos que realizamos e as emoções que sentimos.
Viajar de mota por locais fabulosos fará para sempre parte das nossas lembranças mais felizes. Mesmo que pelo caminho surjam dificuldades, imprevistos ou momentos menos bons. No final, todos eles serão guardados na caixinha do para mais tarde recordar. Partilhá-los no Quilómetro Infinito é apenas mais uma feliz maneira de os reviver.
Aqui mais detalhes sobre o roteiro detalhado de viagem aos Cárpatos
Mapa do Percurso do Lago Balaton a Budapeste
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir.
Sobre a Hungria
A Hungria é um país da Europa Central que partilha fronteiras com a Eslovénia, Eslováquia, Roménia, Ucrânia, Croácia, Sérvia e Áustria. Apesar de ser o nome que nos surge sempre que do país se fala, a Hungria é muito mais do que a sua afamada e deslumbrante capital: Budapeste.
Podíamos compará-la à Finlândia e chamar-lhe o país dos mil lagos da Europa Central. Por lá, as montanhas escasseiam e o país é maioritariamente plano. Permite-nos contemplar os seus largos horizontes, de campos de pastagens perfeitamente alinhados e colinas modestas.
Na época soalheira, destacam-se as plantações de girassol, que nos acompanham por centenas de quilómetros pintando os campos de amarelo vivo num percurso encantado. As cores alegres revestem os horizontes de beleza rara, levando-nos a crer que percorremos um jardim gigante. O padrão é quebrado pelos belos lagos que os intersectam.
É pela Hungria que o maior lago da Europa Central se encontra: o Lago Balaton. É também em seu redor que encontramos uma sucessão de paisagens e monumentos de beleza estonteante e uma das mais fantásticas rotas panorâmicas do país.


Além de alguns dos maiores campos de pastagens naturais do mundo, do cultivo intensivo do girassol e dos mil e um lagos, são também os seus pontos termais que lhe conferem o estatuto destino imperdível. Já durante o Império Romano, as zonas termais da Hungria eram frequentados por um povo de sabedoria muito além do seu tempo.
A Hungria é um país de imensa riqueza natural, histórica e cultural. Uma mistura de influências dos diversos povos que estiveram por séculos no seu domínio. Romanos, Otomanos, ao Império Austro-Húngaro ou a ocupação Soviética, todos deixaram a sua marca que hoje nos encanta visitar.
Estrada panorâmica do Lago Balaton
A National Geopraphic classificou-a como uma “Drive of a Lifetime“. Assim, não poderíamos percorrer a Hungria sem antes confirmar quilómetro a quilómetro tamanha distinção.
Com mais de 70 km de comprimento e 4 km de largura, percorrer as margens do Lago Balaton é imperativo e sinónimo de quilómetros de prazer. Porque a maioria das atracções e locais mais fabulosos concentram-se na sua margem norte, esta é aquela que devemos privilegiar se opções de roteiro tiverem de ser feitas.
No entanto, e porque atravessar o lago de ferry é possível, sugerimos que não deixe o país sem visitar a margem sul. Não só a travessia de ferry representa por si só um mini cruzeiro panorâmico, como um dos miradouros mais fabulosos do lago por lá se encontra: Panorama Kilató em Balatonvilágos.




Todos os caminhos vão dar ao lago
Encontrar referências para orientação apenas nas placas de indicação de localidades é tarefa penosa na região. Originalidade a nomear povoações não abunda e por lá todos os locais aparentam chamar-se Balaton-qualquercoisa. Vale-nos o grande lago, difícil de perder de vista e de águas que reluzem por extensões infinitas, orientando-nos por uma estrada perfeita e permissiva.
Os meandros da jóia azul do país, são revestidos de colinas repletas de vinhas alinhadas alternadas por extensos campos agrícolas. À beira lago, sucedem-se as pequenas casas, as estâncias balneares e todos os locais de apoio a uma das maiores zonas de praia do país. Há muitos séculos sinónimo de elegância e beleza, não é de estranhar que tantos tenham escolhido o grande lago como retiro de inspiração e repouso.
Os Castelos de Szigliget, Veszprém e a Abadia de Tihany são alguns dos monumentos que encantam a nossa passagem. Pelos quais uma paragem é aconselhada para um passeio entre ruelas.



⛴️ Travessia de ferry do Lago Balaton
É na pequena e fabulosa península de Tihany que encontramos o porto de ferry e a possibilidade de uma travessia deslumbrante até à margem sul do lago. A viagem, de cerca de 10 minutos, vale cada milha apenas para apreciar uma paisagem que parece retirada de uma pintura. Os bilhetes podem ser comprados na hora sem qualquer dificuldade. Os horários são frequentes e podem ser consultados aqui.
Rota de ferry Tihany ⇔ Szántódrév


Budapeste, o cartão postal da Hungria
Budapeste é paragem obrigatória em qualquer viagem pelo país. Imponente, majestosa e de património de riqueza infindável, é uma cidade vibrante, repleta de pontos de interesse e banhada pelo misterioso rio Danúbio que atravessa a Europa.
A capital do país, deve o seu nome à junção das duas cidades separadas pelo extenso rio que as atravessa. Buda, na margem direita e Peste, na margem esquerda. Um dos símbolos mais importantes da jóia da coroa húngara é a Chain Bridge, a primeira ponte a tornar possível a ligação entre Buda e Peste.


Buda, margem direita
Em Buda, é a solene e tranquila cidade antiga que nos cativa de imediato. Construída na encosta de um monte, rainha da paisagem e herança de uma época em que era capital do reino. O Castelo de Buda, o Bastião dos Pescadores, a Praça dos Heróis ou a Igreja de São Matias são alguns dos locais que por lá não devemos perder. Toda ela um percurso panorâmico repleta de miradouros sobre o rio e para a outra margem.



Peste, margem esquerda
No outro lado, a cosmopolita e agitada Peste desenvolve-se entre planícies à beira do Danúbio. A Sinagoga Central, o Mercado Tradicional, o Museu Nacional, o inconfundível Parlamento ou a Basílica de St. Stephen’s, são as atracções que se conhecem numa caminhada por entre ruas movimentadas. Lojas para todos os gostos, cafés para todos os estilos, bares, hotéis de luxo e restaurantes variados.
A vida no lado de Peste é vibrante e movimentada. É difícil distinguir por entre multidões os habitantes locais. Em qualquer esquina surgem turistas de máquinas fotográficas na mão, a disparar em todos os ângulos. Sentimos-nos sufocados pela multidão. Privilegiamos a liberdade da estrada e a tranquilidade dos povoados mais remotos, mas ir à Hungria é também visitar Budapeste e voltar fascinado.

Dicas Práticas sobre a Hungria
🌡️ Quando ir
Apesar de ser um país maioritariamente plano e sem locais a grandes altitudes, os Invernos são rigorosos e as estradas são frequentemente cobertas por neve. Deste modo, o melhor período para visitar a Hungria de mota é entre a Primavera e Verão.
👮 Controlo de fronteiras
Entrámos e saímos da Hungria sem passar por qualquer tipo de controlo, via auto estrada. Nas estradas mais antigas e secundárias, encontram-se ainda as estruturas de alfândega e controlo de fronteiras.
💰 Moeda em circulação
Pela Hungria, apesar de ser um país membro da União Europeia, a moeda em circulação não é o Euro (€) mas sim o Forint (HUF). Apesar de em todo o lado ser aceite o euro como forma de pagamento, não recomendamos que o faça pois o câmbio será mais caro. Levantámos facilmente dinheiro nos multibancos locais, pois o nosso banco não nos cobra taxas de levantamento ou pagamento com cartões.
🛣️ Pagamento de Estradas
Viajar de mota pela Hungria pelas auto-estradas e vias rápidas não é gratuito. Logo após entrada na fronteira é necessário comprar a vinheta da auto estrada. No momento da compra é necessário indicar a matrícula da mota que ficará registada em sistema informático. A partir daí, na passagem por várias câmaras de controlo a matrícula será identificada. Existe um controlo intensivo à compra de vinhetas, pelo que não recomendamos que arrisque a circular pelo país sem ter a adquirido. No nosso caso, adquirimos a vinheta pelo período mínimo de 10 dias por 1470 HUF (Forint) equivalente a aproximadamente 5 €.
Assim terminamos mais um artigo sobre a nossa aventura rumo aos Cárpatos, na Europa de Leste. Em breve partilhamos mais detalhes sobre fantásticos locais, assim como estradas de montanha a não perder.
Consulte aqui os nosso artigos já publicados sobre a viagem
- Roteiro de viagem de mota pela Roménia
- Transfagarasan, a estrada mais famosa da Roménia
- Transalpina, a melhor estrada da Roménia
- Rota pelos Mosteiros de Bucovina, Ciurmarna Pass e Transrarau no Norte da Roménia
- Alpes Julianos, 6 locais a não perder na Eslovénia
E foram para lá de mota?daqui de Portugal?
Fomos sim 🙂 Roteiro em https://quilometroinfinito.com/roteiro-de-viagem-de-mota-a-romenia/