Uma viagem à Noruega requer uma preparação especial quando comparada a outros países da Europa. Existem algumas diferenças na forma como funciona o país, e é por isso importante conhecer algumas informações práticas antes de rumar ao destino. Aqui partilharemos a nossa experiência, e a informação que conseguimos obter ao longo das semanas que passámos pela Noruega num roteiro de viagem de mota.
Não fora a nossa primeira viagem à Noruega mas, quase dez anos depois, encontrámos um abismo de diferenças nos mais variados detalhes práticos a viajar pelo país. Detalhes esses que não consideramos necessariamente como sendo uma evolução, mas que fazem parte do dia a dia. Por isso, recomendo que se compreendam algumas questões para rumar à Noruega e aproveitar da melhor maneira as paisagens, e idílicas estradas, daquele que consideramos ser um dos mais deslumbrantes países do mundo, e não só da Europa.


Sobre a Noruega
A Noruega é um país do Norte da Europa que ocupa a parte ocidental da Península da Escandinávia, o arquipélago árctico das ilhas de Svalbard, Jan e Mayen. A parte continental do país faz fronteira a Este com a Suécia, e a Norte com a Finlândia e a Rússia. A linha costeira da Noruega prolonga-se por milhares de quilómetros ao longo do Atlântico Norte e o Mar de Barents. É neste percurso que alberga os famosos fiordes da Noruega, e algumas das paisagens mais avassaladoras do mundo.
A Noruega não é um país da União Europeia, mas é um país membro do Espaço Económico Europeu. Esta questão influencia algumas burocracias a ter em conta numa viagem pelo país. Por isso, partilharemos de seguida muitas informações práticas para uma viagem à Noruega.
Quanto tempo destinar para uma viagem à Noruega?
Saindo de Portugal, são necessários aproximadamente 3 dias de condução sempre em auto estradas para chegar à Noruega. E outros tantos para regressar. A nossa opção incluiu etapas de auto estrada para percorrer os 2600km que nos separam do Norte da Alemanha. O ponto a partir do qual inúmeras rotas de ferry fazem a travessia noturna que une a Alemanha à Noruega ou Suécia. Exemplo: Kiel – Gotemburgo, Kiel – Oslo.
Se, como nós, pretender ir sempre por estrada, recomendamos no mínimo 3 semanas para poder desfrutar da Noruega. De outra forma, a única coisa que se fará será conduzir em longas e morosas etapas diárias, muitas vezes sobre extremas condições, sem grande tempo para genuinamente aproveitar muitos lugares que se multiplicam pelo caminho.
Se pretender enviar a mota por transportadora até um qualquer lugar, sugerimos Hamburgo como uma boa opção. A cidade alemã com uma grande rota comercial, e um aeroporto para onde poderá voar a um preço mais económico. A partir de Hamburgo, será igualmente uma boa opção chegar à Noruega ou Suécia via ferry. Assim, recomendamos o mínimo 2 semanas para poder desfrutar da Noruega. Mas todo o tempo que se lhe possa dedicar, nunca será demais.

Clima e a melhor altura para uma viagem à Noruega
O Verão é a melhor altura do ano para uma viagem de mota à Noruega. Os dias são mais longos, o clima é mais ameno e, apesar de chover muito, continuam a haver muitos dias de estradas limpas, sem neve e momentos iluminados pelos raios de sol. É também a altura em que todas as estradas do país estão abertas, e se torna possível circular sem restrições. A partir de Maio até Outubro é a altura do ano recomendada para rumar ao país dos fiordes.
É também no Verão que se contemplam as luzes do sol da meia noite. Especialmente acima do Círculo Polar Árctico, as longas horas de luz prevalecem e a noite é praticamente inexistente.
Graças às águas temperadas da Corrente do Golfo, a Noruega é um país com um clima geralmente mais ameno do que outras partes do mundo na mesma latitude. Como o Alaska, a Gronelândia ou a Sibéria. Por sua vez, e para um visitante dos países do sul, a Noruega será sempre um destino muito frio e equipamento de Inverno é uma necessidade.
Viajar no Verão para a Noruega é levar equipamento de Inverno
As áreas mais frias são no interior do país e no norte. Com uma notória diferença acima do Circulo Polar Árctico que se cruza algures entre as cidades de Mo I Rana e Bodo. Aqui, a sensação térmica faz toda a diferença.
Em geral, nas zonas costeiras as temperaturas no Verão variam entre os 10 e os 18 graus no Norte, e entre os 15 e os 25 graus no Sul do país. Já no interior e nas zonas de montanha, a temperatura média no Verão varia entre os 4 graus a 10. Num roteiro de viagem de mota pelo país, a maior parte da diversão está na montanha, e é a estas temperaturas que se passarão a maior parte dos dias.
A Noruega não está revestida por um manto verde por acaso. O nível de precipitação é por lá elevado e a chuva será, em muitos dias, uma certeza. Em alguns lugares, acompanhadas de vento muito forte que requer particular cuidado ao conduzir. Mesmo no Verão, estas tempestades são frequentes.

Abertura de estradas de montanha
Existem 18 estradas na Noruega consideradas como as melhores estradas panorâmicas do país. Com um destaque especial nas rotas turísticas, representam grande parte percursos de alta montanha. O que quer dizer que durante o Inverno estão cobertas de neve e fechadas ao trânsito. Começam a ser circuláveis geralmente a partir de meados de Maio, mas em anos de muita neve muitas podem apenas estar abertas a partir de meados de Junho.
É sempre difícil prever, e é um detalhe a considerar para definir um roteiro pelo país. Routes closed in Winter é o site oficial onde existe a informação actual, e dos últimos anos, para que haja uma ideia dos períodos em que as estradas estão abertas. Também o site anteriormente referido, www.175.no, apresenta informação fidedigna com previsões de data de abertura e estado das estradas.
A nossa segunda viagem pela Noruega foi realizada durante o início do mês de Junho. Neste período encontrámos duas estradas fechadas por causa da neve. Estradas essas que já tínhamos feito na nossa primeira viagem pelo país, pelo que para nós não foi um transtorno maior. Elegemos as nossas datas para o início da temporada na Noruega, onde as paredes de neve nas montanhas ainda são consideráveis e as paisagens muito distintas. Se é a primeira viagem, recomendamos que seja realizada a partir de meados de Junho.


Controlo de fronteiras
A Noruega não é um país membro da União Europeia. Como tal, existe um controlo de fronteiras para entrar e sair, ao contrário da maioria dos países da Europa. Nas zonas portuárias das cidades grandes onde chegámos/saímos de ferry, existiu um controlo da nossa documentação e da mota (em alguns lugares). Por sua vez, ao longo de todas as fronteiras cruzadas entre a Suécia, Finlândia e Noruega, não houve nenhum controlo de fronteira e, nos lugares mais remotos, apenas damos conta da passagem ao encontrar uma placa que anuncia um novo país.
A nossa mota não foi revistada pelas autoridades, mas podia ter sido. Não transportávamos connosco qualquer produto que tivesse de ser declarado, mas existem leis acerca da quantidade de álcool, tabaco e outros que cada um pode transportar. Se este é o seu caso existe uma aplicação para pagar taxas alfandegárias ou declarar qualquer eventual bem: Norwegian Customs.
Documentos necessários para uma viagem à Noruega
- Passaporte ou Cartão de Cidadão (nós levamos sempre os dois)
- Carta de condução com validade
- Seguro da mota
- Certificado de matrícula da mota
- Carta de condução internacional (se não tiver carta de condução da Europa)
- Seguro de viagem pessoal
Língua
A língua na Noruega é o norueguês, mas o Inglês e falado por todos e em todos os lugares. Por sua vez, como cada vez mais todos os serviços são automatizados, não haverá grande oportunidade sequer de falar com alguém pela Noruega. Em jeito de exagero deixo a mensagem. Mas a realidade começa a ser mesmo esta. É já difícil encontrar noruegueses nos serviços e, portanto, a barreira da língua fará menos diferença.
Seguro de viagem e saúde
A Noruega é um dos países mais caros de mundo, e a área da saúde não é excepção. Existe uma boa rede de clínicas e hospitais privados espalhados pelas áreas mais povoadas do país, mas recorrer a elas poderá significar uma conta de muitos milhares por um simples problema. Como tal, além de um seguro de viagem ter muitas outras coberturas, é o capital seguro nas despesas médicas que nos faz nunca sair de Portugal sem um seguro de viagem. Apesar da nossa assistência em viagem da mota ter despesas médicas asseguradas, o capital é geralmente aproximado aos 8000 Eur. O que na Noruega, e em muitos outros países, é mesmo muito pouco. Convém relembrar que o preço de acesso à saúde para um estrangeiro, não é o mesmo do que para um cidadão norueguês e portanto é sempre muito difícil prever a média das despesas. Mas será alta com certeza.
Um seguro de viagem, porque é individual, assegura condutor e pendura num capital entre os 200mil a 500mil conforme o plano contratado. Como viajamos de mota é importante fazer um seguro que inclua acidentes de mota. E é na Iati que a nossa escolha recai. Por ser dos únicos que conhecemos com essa particularidade. Por ser nosso leitor, ao seguir o nosso link (aqui) terá sempre 5% de desconto. Para a nossa viagem à Noruega, e para todas as outras de grande duração, elegemos sempre o plano IATI Estrela com o plafond máximo de todas as coberturas.
Alojamento
A oferta de alojamento na Noruega não é abundante. O país tem áreas muito isoladas e está muito direccionado para os viajantes em auto caravanas, em parques de campismo ou campismo selvagem (que é permitido pela maioria dos lugares).
Nas zonas mais povoadas existem alguns hotéis de estilo cadeia: Radisson Blu, Scandic, Thon Hotels, etc e muitos alojamentos particulares do estilo quarto ou apartamento. Ainda nos parques de campismo existem algumas ofertas para aluguer de cabines de todos os tamanhos e formatos. Todas estas opções mantêm em comum: as de melhor qualidade e mais baixo preço esgotam muito cedo.
Por isso, se pretender viajar pela Noruega e ficar alojado sempre em hotéis, apartamentos ou cabines, o melhor conselho que podemos deixar é que faça as reservas com a devida antecedência. Usamos sempre o site Booking, que nos apresenta uma grande variedade de opções e facilidade de reservas. A maioria delas com cancelamento gratuito até às 18h do próprio dia de pernoita ou até dias muito próximos. Esta opção faz uma gigante diferença no orçamento, garante-nos a comodidade de um quarto, e tranquiliza-nos em viagem.
Para a nossa viagem em Junho, definimos o roteiro em Janeiro com todas as reservas efectuadas. Garantimos os melhores lugares possíveis com o melhor preço. Em viagem, decidimos alterar a nossa rota e conseguimos alterar ou cancelar todas as reservas que necessitámos, sem custos.
Check in e check out
Check in e check out são dois pontos a esclarecer. Sendo o mais importante o check in a que chamamos de estilo nórdico. O estilo nórdico dita que no momento de chegada ao alojamento não haverá pessoas para nos receber na maior parte dos lugares. É-nos enviado para o email da reserva (pressupõe acesso a internet) um código para a porta de entrada, outro para o quarto e estamos por nossa conta. Esta situação é mais comum nos alojamentos particulares ou parques campismo todos os dias, e aos fins de semana estende-se aos hotéis.
Em muitos lugares sem acesso à rede móvel, chegámos a alojamentos sem ninguém totalmente desnorteados. Mas não há que preocupar, haverá sempre uma porta ou janela abertas.
Higiene dos alojamentos
A higiene de muitos lugares pela Noruega deixa algo a desejar. A nova política implementada em muitos parques de campismo, alojamentos mais pequenos ou apartamentos, dita que é o hóspede que é responsável pela limpeza de todo o espaço antes do check-out. O que quer dizer que estamos sujeitos aos padrões de higiene do hóspede anterior. E isto tem tudo para correr mal.
Esta situação é melhor controlada quando as reservas são feitas através do Booking, onde temos a classificação do alojamento pelos hóspedes que nele estiveram. Diria que de forma geral, tudo o que estiver com classificação inferior a 9 no Booking é cilada. A expressão que os nossos amigos brasileiros tanto utilizam, e a única que me ocorre no momento.
Ainda no que ao alojamento diz respeito, e entrando já no ponto seguinte, a maioria das nossas opções foram para locais com cozinha. Algo que nos permite a liberdade de cozinhar a nossa comida e fugir dos preços altos dos restaurantes.
Refeições numa viagem à Noruega
No que á gastronomia diz respeito, a Noruega está longe de ser um paraíso. Entre umas carnes de rena, um bacalhau seco e outro qualquer petisco de peixe fumado ou seco, diria que os noruegueses comem normalmente comida americana: hambúrgueres, pizzas e hot dogs.
Os preços de uma refeição pelo país, começam nos 15 Eur por pessoa e sobem a valores astronómicos consoante o local. Para comer aos melhores preços pela Noruega ir ao supermercado e cozinhar é a melhor solução. Mesmo assim, até o supermercado é muito caro. É fácil pagar pelo menos o dobro de que habitualmente pagamos em Portugal, e as opções não são as melhores. Carnes e peixe frescos são escassos. Está tudo muito direccionado para os produtos embalados, previamente temperados e congelados.
A maioria dos supermercados e mercearias não abrem aos domingos, pelo que é necessário acautelar provisões no dia anterior. Existem áreas de serviço com uma secção de supermercado com algumas opções, mas a preços ainda mais inflacionados.
Todas as bebidas, sejam elas latas ou garrafas de plástico têm uma tara além do preço no rótulo. No momento da compra é pago o valor bebida + tara que depois é possível recuperar devolvendo a embalagem vazia nas máquinas de recolha na entrada do supermercado. Estas emitem um voucher para gastar no supermercado novamente.
Moeda
A Noruega utiliza a Coroa Norueguesa como moeda, não o Euro. Como tal, a taxa de câmbio varia mas como um valor de referência aproximando, 1 Eur são aproximadamete 10NOK.
A maioria dos cartões de crédito e débito são aceites em todo o lado, mesmo para pagar valores simbólicos. Durante a nossa viagem pelo país não sentimos necessidade de levantar dinheiro, e os pagamentos foram todos realizados com cartão multibanco. Aqui é necessário ter especial cuidado na utilização do tipo de cartão e confirmar com o seu banco as taxas e comissões aplicadas neste país.
Porque a informação é variável e escassa, optámos por utilizar um cartão que não cobra taxas e comissões de câmbio. Ao utilizá-lo a conversão será feita de acordo com a taxa de câmbio em vigor no dia. Trata-se de um cartão recarregável que oferece maior segurança e funcionou na perfeição por todo o lado.
Fazer um cartão recarregável que não cobra comissões
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Dica: ao fazer o pagamento por cartão pela Noruega, o multibanco apresenta em alguns lugares para escolher o pagamento em NOK ou em Eur. Para nós é sempre mais favorável escolher o pagamento na moeda local. O moey tratará de fazer a melhor conversão para euro. Caso haja ligação à internet, recebemos de imediato na nossa aplicação no smartphone o valor da transação cobrado.
Conduzir numa viagem de mota à Noruega
As melhores, e mais panorâmicas, estradas da Noruega são geralmente as da zona costeira e as de alta montanha. É por este motivo que recomendamos pelos menos 3 semanas no país: porque estradas com esta particularidade são também mais lentas. Por serem mais estreitas, e terem contornos mais tortuosos, ou por nos levarem a muitas travessias de ferry, a única ligação possível entre lugares. São percursos apelativos a uma viagem de mota, mas que nos levam muito tempo de um dia. Portanto não se deve subestimar quão longe se poderá ir num só dia. Mesmo nas estradas mais directas no meio do país, fazer quilómetros na Noruega requer um ritmo diferente.
Numa das etapas onde atravessámos praticamente o país de Norte a Sul num único dia (já no modo regresso), demorámos 14h para fazer 900km pelo caminho mais rápido. Dessas 14h contámos apenas com 1h de paragens para almoço e abastecer. Assim nos informou o nosso Garmin Zumo XT. Uma ajuda preciosa a gerir a informação de rota ao longo do dia. Os limites de velocidade muito baixos são a principal causa.

Estradas com pouco movimento
As estradas têm muito pouco movimento quando comparadas ao resto da Europa. Os condutores noruegueses são bastante calmos e respeitadores das regras de trânsito. Estão geralmente em muito bom estado, com algumas excepções nas estradas de alta montanha que sofrem com o rigor do Inverno. É por isso que também é comum encontrar muitas zonas de desvios ou estradas fechadas para manutenção.
Em alguns lugares isto pode causar um enorme transtorno à rota definida, e até mesmo representar desvios de centenas de quilómetros. Portanto, ao longo de uma viagem pelo país recomendamos que se visite regularmente o site oficial do país onde todas estas informações estão actualizadas em tempo real, com datas e horários informativos: www.175.no. No que à nossa experiência diz respeito, este site funcionou naquela que se diz ser: pontualidade inglesa.
Limites de velocidade
Os limites de velocidade na Noruega são baixos, muito baixos. Razão pela qual viajar pelo país é também muito mais demorado. Existem câmaras de velocidade média pela maior parte do território, centenas de radares fixos e muitas verificações manuais de polícia escondida nas estradas que podem levar a multas no local. Portanto, viajar pela Noruega é mudar o registo do sul da Europa e cumprir à risca as regras de trânsito.
Os limites de velocidade são, geralmente os seguintes, onde indicamos de modo grosseiro a percentagem com que os encontramos.
- Auto estradas ou vias rápidas: 110 km/h (1% das estradas existentes)
- Áreas despovoadas: 80km/h (80% das estradas existentes)
- Áreas povoadas: 50km/h (17% das estradas existentes)
- Áreas residenciais: 30km/h ou inferior (2% das estradas existentes)
Com esta informação acerca dos limites de velocidade, resta concluir que a velocidade média na Noruega andará sempre nos 70km/h a 80km/h, mesmo em zonas de estradas largas e permissivas em meios remotos. Raras ocasiões em velocidades de auto estradas, que são numa mínima percentagem no país.
Animais na estrada


Portagens
As motas não pagam portagens para circular em qualquer estrada da Noruega. O que representa uma gigante poupança para circular no país, pois as portagens não são cobradas apenas em auto-estradas. São cobradas em todas as auto estradas ou estradas secundárias de acesso à maioria das cidades do país. Os outros veículos pagam portagens, e as opções de pagamento são exclusivamente automáticas: através do sistema EPass24 (equivalente às scuts em Portugal) que utiliza o reconhecimento da matrícula por imagem. É necessário registar na aplicação EPass24 e Autopass para facilitar o pagamento. Caso contrário, o pagamento será realizado após a emissão da factura enviada para a morada da matrícula.

Sistema de pagamento automático EPass 24 e Autopass
O registo no EPass24 e Autopass é opcional, mas facilita muito o processo difícil. Tendo em conta que as outras formas de pagamento são mais tortuosas e não têm descontos aplicados. Ao registar na aplicação será necessário ter um cartão de crédito, preencher todos os dados pessoais, dados da viatura, moradas e email que posteriormente receberá a factura depois da viagem. Por algum motivo que ainda não conseguimos compreender, parece ser necessário registar nos dois sites.
Travessias de ferry são parte da rede viária
A Noruega é o país dos fiordes. O que quer dizer que está cheia de água por todo o lado! Os fiordes são cercados por gigantes montanhas e construir estradas ou pontes sobre elas é um desafio da geotecnia. Como tal, além dos túneis, os ferrys são a opção seguinte de maior frequência. Evitar os ferrys significam desvios sem sentido, de centenas de quilómetros que consomem mais tempo e dinheiro. Portanto, o modo navegação de mota está activado.
A maioria dos ferrys na Noruega funcionam quase como a linha de metro. Com a excepção das zonas mais remotas, onde travessias são escassas, a maior parte dos ferrys pela Noruega representam travessias entre 10 a 30 min com uma frequência de horários entre 10 a 20min.
São muito fáceis de usar, apesar de serem caros. A estrada termina no porto de embarque numa fila de trânsito. Ali, em função do destino e veículo, o embarque é feito. Já não é possível comprar o bilhete no local e o sistema de pagamento é automático com a mesma aplicação das portagens. Através de câmaras ou de fotografias à nossa matrícula os dados são recolhidos e a conta será recebida mais tarde no sistema EPass24 e Autopass.
É necessário conhecer exactamente qual o destino que se pretende, pois alguns ferrys têm filas para vários destinos diferentes e é necessário escolher a linha da fila que se pretende.
Pagamento com o EPass24 e Autopass- A nossa opinião pessoal
Para nós, este é um sistema absolutamente infernal. Não me ocorre um adjectivo mais simpático para justificar algo antipático. Um dos motivos é o facto de ser necessário ter alguma destreza informática e de utilização de aplicações. O que não é razoável para muitas das pessoas sem essas valências. As gerações mais jovens já se familiarizam com o sistema com alguma dificuldade, dada a pouca clareza de informação e a falta de pessoas que nos esclareçam. As gerações mais antigas fazem uma viagem pelo país com um stress adicional, com dificuldades que podem levar a taxas por falta de pagamento atempado.
Já é muito difícil viajar pela Noruega sem um smartphone ou um cartão de crédito. Não é possível em todo o lado, encontrar as tradicionais bilheteiras onde existem pessoas físicas que nos esclarecem sobre métodos, horários, preços e afins. Já não é possível comprar bilhetes de transportes na maioria dos locais. O que não consideramos uma evolução, tendo em conta que o princípio de que qualquer um com dinheiro no bolso deve poder adquirir um serviço já não se aplica.
Além do sistema em si ter um abismo de dúvidas, funciona mal! Quando as facturas chegam, são poucos claras e levam a algumas questões para que possamos de facto confirmar se estamos a ser devidamente cobrados. E às vezes não estamos. E o simples motivo é porque na prática as pessoas que o colocam a funcionar não utilizam o mesmo método, e revelam irresponsabilidade.
Na prática, a recolha das passagens é uma confusão de falta de método e depende do staff que encontramos no local
No que aos ferrys diz respeito, seria correcto ter um sistema automático de pagamento uniforme. Ou seja, ao entrar em qualquer ferry pelo país, o método de embarque, e recolha de dados, devia ser igual. Mas não é. Ou seja, existem ferrys onde entramos e nos fotografam a matrícula, outros onde não encontramos ninguém e ficamos na dúvida sobre o que vai acontecer. Outros onde existem câmaras na zona de embarque que nos registam a passagem. Outros onde dizemos o nosso nome para um aparelho eletrónico (o nosso nome?!), outros onde não entramos sem comprar um bilhete (online pois bilheteiras não existem).
Quando a factura chega, existe uma embrulhada de situações a confirmar e sabem qual a nossa experiência? Cobrança indevida! Através da aplicação EPass24 e Autopass, de passagens que são cobradas em duplicado, ou na categoria de carro, em vez de mota. Mas para esclarecer estas passagens, temos de pedir um extracto detalhado da factura que nos chega quase um mês depois da viagem. O que obriga a um email para o contacto: en@epass24.com, que nos remete várias vezes para o site geral, até nos fritar o cérebro de impaciência. Prevalece o princípio de que temos de ser nós a fazer o trabalho.

Rede móvel e wi-fi
O acesso à rede móvel na Noruega não é garantido em muitos lugares do país. Fizemos muitos quilómetros e dias sem rede móvel no telemóvel e, portanto, é necessário ter isso em conta. É possível adquirir um cartão de dados móveis (que também só funciona se houver rede móvel), mas nós nunca nos preocupamos com isso. Consultámos as condições do nosso tarifário e concluímos que, no nosso caso, as condições aplicadas são as mesmas do que em Portugal. Ou seja, o acesso aos dados móveis não é cobrado de forma diferente. Podemos utilizar livremente (de acordo com o nosso limite) porque a Noruega é um país membro do Espaço Económico Europeu.
Caso este não seja o seu caso, a maioria dos serviços oferecem wi-fi grátis e ilimitado. Bombas de gasolina, restaurantes e supermercados têm um serviço de internet à disposição de quem chega.
Bombas de gasolina
Existe uma boa rede de bombas de gasolina por todo o país. Naturalmente, na zona Norte e mais remota, a distância entre áreas de serviço torna-se maior e por isso é necessário abastecer com boas margens de autonomia. Igualmente se os próximos quilómetros do roteiro forem por zonas de alta montanha, onde os serviços são, naturalmente, inexistentes.
Ainda no que às bombas de gasolina diz respeito, é necessário ter em conta que a Noruega nos empurra para o automatismo em tudo. As bombas de gasolina não são excepção e, existe quase sempre uma opção de pagamento automático com cartão na própria bomba. Este método facilita o pagamento mas cobra uma franquia variável entre 150Eur a 200Eur por cada abastecimento. Franquia essa que é devolvida passados uns dias, mas que nos retém umas centenas de euros no nosso cartão. Não gostamos deste método e contornamos a situação abastecendo sempre em lugares onde existem pessoas reais a receber pagamento com cartão no interior da bomba de gasolina.
No que ao preço dos combustíveis diz respeito, a Noruega é dos países mais caros da Europa e a gasolina para a mota é uma importante parcela do orçamento de viagem à Noruega. As políticas ambientais fazem disparar o preço dos combustíveis, no sentido de criar uma rede de transporte verde. Como é um país produtor de petróleo, e esta é uma das suas principais fontes de riqueza, creio que a preocupação ambiental não será o principal motivo, mas sim a questão económica. Como tal, nesta última viagem realizada em Junho de 2022, abastecemos a mota com gasolina que custou entre 2,80eur a 2,90Eur o litro.
Ambiente e Segurança
Aos olhos do mundo, a Noruega passa a imagem de um país super desenvolvido onde a maioria das pessoas julga que os problemas de segurança não existem. Queremos contrariar este pensamento deixando o princípio que sempre seguimos: problemas de segurança existem em todo o lado no mundo, uns mais do que outros, e cabe a nós ter o bom senso de evitar situações desconfortáveis.
As grandes cidades são os lugares onde é fundamental não baixar a guarda. Pensar sempre duas vezes onde estacionamos a mota para passar a noite e onde nos metemos é o que fazemos e recomendamos. A capital, cidade de Oslo, e as cidades com zonas portuárias grandes são os principais lugares onde a Noruega é igual ao resto da Europa, os problemas de segurança existem e são para ser tidos em conta.
Nunca deixamos a nossa mota estacionada na rua pública para pernoitar. Escolhemos sempre alojamentos fora dos grandes centros também por este motivo. Quando não conseguimos evitar, não facilitamos: alojamentos sempre com garagem ou parque privado e fechado.
Assistimos a testemunhos de vandalismo grave das motas nas cidades. E apesar de muitos relatarem que nunca tiveram problemas, isto é uma questão apenas de estar no lugar errado na hora errada. E o suficiente para comprometer toda a viagem.
Agora é preparar o roteiro e seguir para desfrutar de uma idílica viagem de mota pela Noruega, conhecendo o mais possível das muitas questões práticas com que nos deparamos no dia a dia pelo país.
Excelente ajuda, face às complicações relatadas
Obrigado pela informação que adquiri. Depois de ler os vossos comentários fico um pouco sem vontade de viajar pela Noruega… obrigado
Olá José Carlos. eheh Eu compreendo esse sentimento depois de ler os nossos comentários. Mas partilhamos essa informação para que possam ir para a Noruega conscientes de algumas realidades e para melhor se adaptarem a elas. Porque a Noruega continua a ser um país que merece cada quilómetro e um dos mais belos lugares deste mundo.
Bom dia. Na primeira semana de junho estou a pensar ir de moto à Áustria dez dias , haverá muita diferença em relação à Noruega 🇳🇴. Obrigado boas curvas
Olá Adérito. Cada país é sempre diferente. Temos artigos sobre a Áustria publicados, é ir espreitar e boas curvas até à Áustria.
Muito boa exposição de factos que podem ser realmente importantes numa viagem a Noruega! Irei no próximo mês de Agosto, partida a 5 e chegada prevista para final do mês, com mais 2 amigos, destino Kapnord, a viagem de uma vida!!! obrigado pela informação!!! Abraço
Boas curvas até ao Cabo Norte! E aproveitem muito a Noruega.