As nossas escolhas e necessidades individuais influenciam directamente a possibilidade de viajar mais ou menos. Para a maioria de todos nós esta questão está relacionada com o factor financeiro e a capacidade de gerir dias de férias disponíveis.
Mas vocês nunca param? A vossa mota vai à garagem? Onde é que arranjam dinheiro para tanto passeio? Ganharam o euromilhões? Mas vão de mota outra vez? Vocês têm tempo de férias como as pessoas normais? Mil e uma questões que tantas vezes ouvimos de familiares, amigos, conhecidos e desconhecidos. Decidimos agora por isso, partilhar algumas dicas sobre como fazemos os nossos malabarismos moto-turísticos.
Alguma ginástica orçamental, imaginação, disciplina, foco no objectivo, flexibilidade e muita paixão por andar de mota. São estes alguns dos ingredientes que colocamos na nossa poção mágica para viajar mais. Aproveitamos da melhor maneira que sabemos todas as facilidades que a era tecnológica nos trouxe e gerimos cuidadosamente o calendário anual.
1- Viajar em baixa ou média temporada
Há uma diferença significativa de preços no destino caso resolva viajar pelos meses menos movimentados. Dessa forma, Maio e Junho ou Setembro e Outubro, são sempre os nossos meses preferidos para cruzar fronteiras. Com esta escolha, reunimos muito do útil com mais ainda do agradável: menos movimento, menos calor e preços de serviços muito mais económicos. Esta opção permite-nos com o mesmo dinheiro, fazer mais viagens.
O mês de Agosto é a altura do ano em que a nossa mota mais tempo passa na garagem. Nos restantes meses, alternamos as viagens maiores com pequenos fins-de-semana por Portugal e Espanha.
Se por questões profissionais e familiares os meses de época alta são a sua única opção, então o ponto seguinte é fundamental: reservar estadias e transportes com antecedência.
2- Reservar estadias com antecedência
”Ah e tal ainda falta muito para as férias”. É do tipo que deixa para a última reservar alojamentos durante viagens? Ou do tipo que vai andando e reservando pelo caminho? Pois… Há vantagens e desvantagens em ambos os métodos, mas há algo que geralmente acontece na segunda hipótese: é mais caro, especialmente em época alta.
Garantir os locais mais económicos
Sejam hotéis, pousadas, alojamentos particulares ou até mesmo parques de campismo. À medida que a lotação sobe e a proximidade das datas se alcança, os preços disparam absurdamente. Fazendo com que muitas vezes um quarto que há meses atrás esteve a 50€ chegue aos 150€ ou mais. Se viaja por locais onde procura dormidas em alojamentos particulares, saiba que os locais mais económicos de boas condições são os primeiros a esgotar, portanto será um risco seguir viagem sem garantir estadias.
Esta é também para nós uma maneira de garantir parque de estacionamento seguro para a nossa mota. Através das informações do alojamento, conseguimos eleger sempre todos os locais que incluam parque privado (gratuito de preferência).
Reserva flexível
Acha que reservar com antecedência compromete em caso de imprevistos? Nem por isso, basta escolher o melhor e mais flexível método de reserva.
Para nós, é através do Booking que fazemos as nossas reservas, garantindo as tarifas baixas para as datas previstas e optando pelo cancelamento gratuito até datas muito próximas da estadia. Asseguramos assim a poupança de muitos euros que servirão para mais quilómetros infinitos. Para consultar cotação para datas e locais da sua próxima viagem aqui.

3- Flexibilidade nos locais de dormida
Planeamos um roteiro pela Europa com passagem por algumas das suas grandes cidade. Pensamento número um? Procurar hotel em Praga, Florença, Budapeste, Munique, Oslo, Londres, etc. Ficar alojado no centro de cidades é cómodo para visitar as principais atracções, estacionar a mota na garagem, trocar de roupa e virar turista em vez de moto turista. Essa comodidade tem um custo acrescido e soma centenas de euros ao orçamento:
- ⚠️Preços de alojamentos em centros urbanos são muito superiores aos das aldeias e periferias
- ⚠️Taxas turísticas das cidades cobradas por pessoa atingem em alguns países valores absurdos (10€/pessoa/noite)
- ⚠️Valor para parque da mota é muito elevado (25€ a 40€)
- ⚠️Além dos preços superiores das diárias, o valor para o pequeno-almoço é muitas vezes cobrado à parte
Reservas nos arredores das cidades
Por isso, reservamos na maioria das vezes alojamentos nas aldeias em torno da cidade. Por lá, usufruímos da tranquilidade dos meios mais pequenos a preços inferiores. Para visitar a cidade, seguimos de mota até estacionar nos centros históricos em locais privilegiados e gratuitos. Colocamos os fatos e capacetes nas malas então vazias e seguimos explorando as atracções a pé, camuflados de turista comum.

4- Conhecer preços de combustíveis entre fronteiras
O valor despendido em gasolina é parte importante de qualquer orçamento. Antes de viajar consultamos os preços dos combustíveis em cada país atravessado e estimamos quanto gastaremos. Assim gerimos da melhor forma abastecimentos entre fronteiras.
Entre Portugal e Espanha não precisamos de comentar pois não? Mesmo que o passeio seja por Portugal, se a fronteira for próxima é lá que vamos abastecer. Em Vilar Formoso já somos reconhecidos, e é lá que muitas vezes chegamos apenas com vapores de gasolina no depósito! ´´Para onde vão desta vez? Para mais uns quilómetros infinitos!´´
Estamos a atravessar França a caminho da Suíça? Se for preciso antes da fronteira, colocamos apenas uns euros, pois na Suíça o combustível é mais barato (e deve ser das poucas coisas que é mais barata na Suíça, há que aproveitar!).
De grão a grão…
Repetindo este processo, que automaticamente já faz parte das nossas rotinas, poupamos centenas de euros ao fim de muitas idas às bombas de gasolina. Na nossa mota a poupança pode chegar aos 15€ por depósito. Consulte aqui o valor actual dos preços dos combustíveis nos países pela Europa.


5- Despesas com refeições
Escolher da melhor forma locais para refeições
No que à Europa diz respeito, podemos concluir que em relação ao custo de refeições em viagem, existem duas distinções fundamentais a considerar quer o país visitado apresente um custo de vida elevado ou não:
- Refeições nas zonas turísticas
- Refeições fora das zonas turísticas
Se por exemplo viajarmos pela Roménia, Croácia ou Eslovénia, estes são países onde os preços são inferiores aos de Portugal. No entanto, se escolhermos um restaurante numa zona turística, facilmente os valores por uma refeição atingem os 25 € por pessoa. Por sua vez, pelos locais menos conhecidos, além de encontrarmos melhor qualidade e comida mais caseira, os preços são muito inferiores e podem rondar os 5€ por pessoa.
1 refeição volante + 1 refeição em restaurante
Geralmente em todas as pequenas ou grandes viagens que fazemos, o nosso plano de refeições passa por uma refeição em estilo piquenique (geralmente o almoço) e outra em restaurantes com comida quente (geralmente o jantar). Além de não perdermos tanto tempo durante o dia de passeio, este é também um dos nossos métodos de gerir o orçamento em viagem.
Visitamos frequentemente o supermercado, paramos muitas vezes em mercados tradicionais e nas malas da nossa mota, há sempre fruta, água, pão, conservas, barras energéticas, bolachas, etc.

Alojamento com cozinha
Na escolha de alojamento, temos também muitas vezes em conta se existe a facilidade de cozinhar ou não. Em muitos locais compensa eleger um alojamento com condições para cozinhar as nossas próprias refeições. É muitas vezes a nossa opção que nos permite economizar nas idas aos restaurantes.

6- Plano de revisões e troca de pneus da mota
Quando se fazem viagens mais longas, é comum surgir a necessidade de manutenção e troca de pneus em viagem. Desta forma, na fase de planeamento, estimamos os quilómetros a realizar e verificamos em que datas será necessária a revisão. Estimamos também com base nos quilómetros acumulados, em que local estaremos a precisar de novos pneus. Para isso, é necessário ter uma ideia aproximada do tempo de vida em quilómetros de cada pneu colocado.
Apesar de por vezes o tipo de estrada e as condições climatéricas poderem levar um desgaste mais acelerado, damos sempre uma margem de quilómetros de segurança e contactamos os vendedores no destino de forma a orçamentar a troca de pneus. E por muito estranho que possa parecer, tem sido sempre mais barato colocar os mesmos pneus num destino pela Europa do que em Portugal.
No que à revisão diz respeito procedemos da mesma forma. Contactamos os concessionários locais e evitamos países com custo de vida elevado (Suíça, Noruega, etc). Mesmo que isso implique fazer a revisão 1000 km antes ou depois.

7- Souvenirs em viagem
Têm aquele velho hábito de comprar algumas lembranças em viagem? Mesmo que a bagagem da mota nos condicione, é certo que por lá cabe sempre mais qualquer coisinha! Coisinha essa que não nos fazia falta na maioria dos casos. Combinámos por isso, que em viagem nos limitaríamos a comprar apenas um souvenir pequenino: coleccionamos ímanes dos locais por onde passamos. E chega de investimentos!
Nas nossas primeiras viagens, gastávamos algum dinheiro em coisas que não precisávamos e estão hoje na nossa estante a ganhar um pózinho. Decidimos tornar-nos práticos e direccionar as nossas verbas para os que mais gostamos de fazer: andar de mota.
8- Mealheiro para férias
Cada um de nós tem os seus próprios métodos de gerir o nosso dinheiro, mas para nós resulta a prática antiga do mealheiro tradicional! Todos os meses temos a disciplina de retirar algum valor para colocar no mealheiro das férias. Assim como todos os extras que surgem servem para a mesma finalidade. É também amplamente publicitado para amigos próximos e familiares! 😂 Na altura dos presentes, eles lembram-se de que o que gostamos mesmo é de viajar, e portanto o mealheiro cresce sempre um bocadinho!
9- Planeamento de férias
À semelhança dos comuns mortais, também nós apenas temos direito a 22 dias úteis de férias por ano. Triste não é verdade? Pois! Dessa forma temos de ser criativos e aproveitá-los da melhor forma possível.
Como fazemos? Apenas olhando para o calendário anual e conciliando o mais possível os dias de férias com datas de feriados. Para 7 dias de férias (de Sábado a Domingo por exemplo), se conciliar com um feriado a meio da semana, gastaremos apenas 4 dias úteis para um passeio de 7 dias. Não faz milagres, mas já é uma boa ajuda.
Para viagens mais longas usamos ainda o último dia de trabalho para iniciar a viagem. Preparando tudo no dia anterior, é depois das 18h que nos fazemos à estrada e percorremos os quilómetros em auto-estrada que nos farão ganhar tempo em etapas seguintes. Ex: Batalha – Valladollid 500 km em 4h de viagem ao cair da noite.
A partir daqui é só viajar mais!
Estas são as questões fundamentais que sempre pensamos quando vamos em viagem. Para nós, ajudam-nos a viajar mais e a desfrutar de muitos quilómetros infinitos. Esperamos que também para si dê uma ajuda a partir em mais aventuras!
Olá quero vos mandar os parabéns pela excelente partilha de informação quer de dicas quer de percusos fascinantes, já corri Portugal praticamente inteiro e partes de Espanha mas o próximo passo é ir á Áustria e aí dei com o vosso Blog onde encontrei todo este detalhe espetacular, Obrigado e continuem com esse verdadeiro espírito Motard.
Olá Hugo! Muito obrigado pelo comentário! E como está essa viagem à Austria? Boas curvas!
Boas, a Viagem à Áustria está a ser planeada para 2020 rota já praticamente traçada Alpes para lá e Côte D’Azur de volta, mas para já temos ai o verão para rolar por Portugal a fora… Obg
Bom dia e obrigado pela dica estou a planear uma ida aos países do leste e obrigado por partilharem todas essas dicas de que são muito importantes! Abraço e boas curvas…
Obrigado Edgar! Boas curvas pelo Leste Europeu 😉