No decorrer das nossas pequenas ou grandes viagens é frequente partilharmos algumas práticas que habitualmente temos com os pneus nas nossas storys das redes sociais. Geralmente recebemos várias mensagens com algumas dúvidas de questões que nos escapam a uma partilha mais detalhada. Agora, estamos aqui para corrigir esse lapso, e indicar os cuidados a ter com os pneus da mota que aumentam a durabilidade e segurança. Aquelas questões que já fazemos em piloto automático no nosso dia a dia e que queremos aqui reforçar a importância. Creio que é rara a vez que o João saia de casa sem verificar/corrigir a pressão dos pneus das nossas motas. E, em viagem, além de diariamente lhes fazer um controlo visual, uma correcção de pressão é geralmente feita em média de 3 em 3 dias.
O que mantém a mota em equilíbrio, e em contacto com a estrada são os pneus. Logo a eles são aplicadas todas as leis da física que mantêm as rodas em movimento e nos fazem desfrutar de mil e uma curvas em duas rodas. É por isso fundamental que estejam em perfeitas condições de uso, com a pressão correcta para garantir aderência indicada, menor desgaste, optmizar a segurança e ainda a poupança no combustível. Assim, enunciamos de seguida os passos mais importantes, e os cuidados a ter com os pneus da nossa mota. Dividindo em 2 fases: Fase de Montagem e Fase de Condução.

Fase de Montagem: cuidados a ter com os pneus da mota
1- Pneus novos escorregadios no primeiros quilómetros
Vamos começar pelo principio não é verdade? Cuidados a ter com pneus novos! Quando os pneus estão acabados de montar, ainda têm uma camada da sua cera desmoldante. Um lubrificante escorregadio utilizado na fábrica que é necessário para retirar o pneu do seu molde. Como tal, é muito importante que os primeiros quilómetros com um pneu novo sejam feitos com cuidado adicional, pois estarão escorregadios. Dependendo do tipo de estradas onde são realizados (se com curvas ou só rectas), esta cera pode durar até aproximadamente os primeiros 10km a 30km de utilização. A partir daí já se pode conduzir normalmente.
2 – Garantir o correcto aperto da roda
Na montagem do pneu são, naturalmente, desmontadas as rodas da mota. É importante relembrar que o aperto das rodas na montagem não é medido em q.b (quanto baste). Cada modelo tem uma medida de aperto definida no manual e deve ser realizada com uma chave dinamométrica. Aperto a mais ou aperto a menos não podem existir. Existe o aperto certo e este é fundamental que seja garantido.
No início da nossa vida de motociclistas, assumíamos que todos os profissionais onde nos dirigíamos para trocar os nossos pneus cumpriam esta boa prática. Rapidamente concluímos, da pior maneira, que infelizmente não era bem assim. Durante uma das nossas viagens, onde precisámos de trocar pneus em França, verificámos que as maxilas de travão dianteiro estavam ”moídas” em consequência do aperto excessivo dado nas montagem anteriores.

3- Garantir a correcta calibração da roda
Esta prática também faz parte da manutenção preventiva, é muito simples mas muito importante após a montagem de um pneu novo: a correcta calibração/equilíbrio da roda. Está directamente relacionada com a durabilidade do pneu e segurança durante a sua utilização.
Sente uma vibração no guiador a partir de certa velocidade? É bem provável que a roda não esteja correctamente equilibrada. Sugerimos que faça inversão de marcha, ou marcha atrás no caso das motas mais chiques, e volte ao local onde montou os pneus. Além de ser desconfortável, estará a gastar pneus de forma não uniforme e excessiva.

4- Montar o pneu na direcção correcta
Apesar de algo insólito, também já nos aconteceu devolverem-nos a nossa mota com pneus novos montados na direcção contrária. Todos os pneus têm um seta impressa na borracha que define qual o sentido que devem ser montados. Não há interpretações adicionais! O sentido correcto continua a ser só um. É importante verificar este detalhe depois da montagem, pois pneus montados ao contrário comprometem a segurança e desempenho.
Fase de Utilização: cuidados a ter com os pneus da mota
5- Verificar regularmente a pressão dos pneus
Cada mota tem a sua correcta pressão dos pneus e este valor está sempre indicado no manual. Como tal, não há receitas universais. No nosso caso, a pressão dos pneus é diferente na roda traseira e dianteira, com carga ou sem carga (se pendura ou malas carregadas). A correcta pressão dos pneus influencia directamente na aderência ao piso, torna a condução muito mais segura e garante maior durabilidade.
Mais uma vez, não deve existir pressão a menos ou pressão a mais, mas sim a pressão correcta. Pressão a menos nos pneus pode resultar em manobrabilidade imprecisa, desgaste irregular, fissuras por desgaste, etc. Pressão a mais resulta numa condução mais difícil, menos estabilidade, menos conforto, menos aderência e acelerado desgaste nas zonas centrais de contacto.
6- Estar atento ao desgaste dos pneus
Não existe um período de tempo concreto para substituir os pneus da mota. A sua durabilidade está relacionada com muitos factores distintos a todos a todos nós: modelo de pneu, tipo de mota, peso da mota, clima, tipo de condução, tipo de estradas percorridas, etc. Assim, é necessário verificar regularmente o desgaste dos pneus interpretando as marcas de segurança visualmente.
Marcas de segurança no pneu, como interpretar?
O que são, e para que servem, as pequenas marcas que observamos nas ranhuras dos pneus? São as marcas de segurança que nos ajudam a saber qual o limite a partir do qual o pneu tem de ser substituído.
Ao longo da utilização, o pneu sofre naturalmente desgaste. As ranhuras vão ficando menos profundas e a diferença entre a superfície do pneu e a marca de segurança diminui. Diminui de igual forma a capacidade de aderência ao piso, pelo que quando esta marca fica “à superfície” do rasto sabemos que está na hora de trocar os pneus.
É importante referir ainda que, a condição para a troca de um pneu não se resume somente às marcas de segurança. Outros fatores como a idade, desgaste anormal, rasgos, furos, etc, também podem ser condição suficiente que implique a substituição de um pneu.

7- Perda de performance
Para nós, além da marca de segurança há outro factor decisivo que nos leva a trocar um pneu de imediato: a perda de performance. Já montámos na nossa mota algumas vezes pneus que nos desapontaram nas performances a meio piso. Ou seja, ainda com as marcas de segurança dentro dos limites. Mas o comportamento dos pneus em condução é fundamental e, assim que sentimos instabilidade a curvar, consideramos que o pneu está a comprometer a nossa segurança e da nossa mota. É trocado de imediato.
8- Verifique os raios da mota (caso se aplique)
No caso de uma mota com jantes com raios, é igualmente importante examiná-los regularmente. Certificando que todos estão apertados no local correcto, sem fissuras ou outros danos.

E são estas as nossas práticas e recomendações para que cuidem das vossas motas e pneus da melhor forma. Mantendo a segurança de ambos e desfrutando de muito boas curvas sobre rodas.
Ferramentas que temos sempre à mão nas malas da nossa mota
- Manómetro portátil
- Kit básico de ferramentas
- Kit anti furo
- Tubo extensível para encher os pneus de ar
- Compressor portátil (A inserir futuramente camuflado na bagagem feminina)
Existe uma discussão da relação Infinita sempre que se fala em levar um compressor portátil nas bagagens. O João diz não ser necessário, eu digo ser importante. O João sempre que teve um furo conseguiu resolver no local, com estações de serviço por perto ou perto de casa. Assim diz que não podemos meter na mota todas as ferramentas para tentar resolver todos os possíveis problemas. Eu digo que um compressor portátil me parece pequenino, razoável, e que pode fazer a diferença se tivermos um furo no meio de nenhures.
Imaginando por exemplo a nossa última viagem Noruega:
- Andámos algumas horas sem rede móvel (difícil chamar assistência em viagem)
- Mesmo com acesso à rede móvel esperar pela assistência no frio árctico e chuva é desagradável (é melhor ir aquecendo a resolver o problema no lugar. Eu a registar a ocorrência e o João a pôr a mão na massa)
- As áreas de serviço distam, em alguns lugares mais remotos, mais de 100 km entre si. (muito quilómetro para andar com pneu sem ar)
- Outras complicações que não estão no momento a ocorrer-me mas que creio serem resolvidas com independência para encher o pneu em qualquer lado.
Perante esta minha partilha de argumentações entre condutor e pendura, peço que nos deixem nos comentários qual a vossa opinião! Terá mesmo a mulher sempre razão?
Bom dia,
Desde já, os meus parabéns pelo artigo que está muito bom, com dicas excelentes para todos os motards!
Só uma pequena correcção técnica, se me permitem. Quando te referes a maxilas moídas, penso que estarás a falar dos parafusos de fixação dos bombites (ou também chamados de pinças de travão). Porque, as vossas motas já terão travões de disco, e não tem maxilas, mas sim, pastilhas (ou calços) de travão. As maxilas são umas peças metálicas, em forma de meia-lua, que contém o calço de ferodo, no caso dos travões de tambor.
Quanto aos apertos das rodas e bombites, está muito bem explicado, e infelizmente, ainda não há muito tempo, flagrei os mecânicos do concessionário da Kawazaki, no Porto, que deveriam fazer o serviço em condições, a apertar a roda de trás com uma chave de luneta estriada, e os bombites de roquete. Quando deveriam apertar ambos com chave dinamométrica, nos apertos que indica o manual… Escusado será de dizer que me passei completamente. Era obrigado a fazer as revisões na marca, para não perder a garantia. E, em vez de fazerem as coisas correctamente, ainda tiveram a lata de dizer que para fazerem tudo como manda o manual, as revisões ficariam muito mais caras… Enfim. Cobravam mais do que a BMW nas mesmas quilometragens, e eu nunca disse que era para fazer a revisão baratinha e em modo de sapateiro…
Infelizmente, o YouTube está cheio de vídeos, com oficinas a executar maus serviços, e a pensar que estão a fazer uma grande coisa…
Abraços e umas excelentes curvas…✌💪
Bom dia Nuno. Obrigado pela correcção. É algures por aí sim 🙈 a informação a reter é que ficaram estragadas… em teoria por profissionais.. compreendo muito bem a sua situação. Essa resposta que lhe deram é de perder a paciência… que tudo se resolva pelo melhor e resta insistir no correcto procedimento. Boas curvas e muito obrigado pelo federação.
Boa tarde e obrigado por mais um interessante artigo. Vocês estão mesmo a arranjar maneira de em me meter a caminho do Pirinéus na próxima primavera 😄 (sobre isso já falámos e provavelmente voltaremos a falar)
A questão do pneus … na vossa opinião, para uma mota com jantes de raios e com câmara de ar, é aconselhável :
1 – Converter para tubeless e levar um kit para furos (eu não confio muito nessas conversões sem mudar de jantes)
2 – Levar câmaras de ar suplentes (admitindo que sabemos / conseguimos mudar as mesmas o que obriga a levar desmontas)
3 – Levar daqueles kits de espuma (que segundo sei, obriga a mudar o mais rapidamente possível)
Qual a melhor opção ? Ou nenhuma destas !?
Obrigado desde já 😉
Olá José Carlos! Isso é muita complicação 🤣 Levar câmaras de ar ou pneus extra só se formos para África eheh na Europa não faz muito sentido. O melhor mesmo é contratar um seguro com boa assistência em viagem para resolver o problema da melhor maneira. Nós também somos sócios do ACP por isso mesmo. O resto é “entregar pra Deus “. Pelo caminho tudo se resolve. Boas curvas
OK … percebo.
Também acho uma boa estratégia, confiar em Deus (ou nas seguradoras).
Até porque nunca tive nenhum azar …
Só coloquei a questão com base na última parte do vosso artigo em que falam em kits anti furo e em compressores portáteis.
Boas curvas … sem furos.
Sim é verdade. Mas as nossas motas são sem câmara de ar,logo mais fácil reparar um furo em qualquer lado. Não sendo, creio que na Europa a assistência em viagem é uma boa opção.
Olá “Infinitos” (e mais além),
Excelente artigo, como é habitual.
Não vou aqui levantar um problema afirmando que “a mulher sempre razão” mas, neste caso, apoio a opinião… dos dois!
É verdade que dá muito jeito levar a casa às costas quando algo corre mal mas eu sou apologista do “keep it simple”.
Como diria alguém que muito admiro: “Simplify, then add lightness” (Anthony Colin Bruce Chapman). Isto aplicado às motos, parece-me um excelente princípio.
Mas, ficar apeado no “calor esquisito” da Noruega?!?! Acredito que não seja a melhor das experiências.
E com isto deixo-vos a melhor sugestão possível: moeda ao ar!
Gás aí e bons kms!
Ehehe muito obrigado pela mensagem e continuação de boas curvas!
Boas, excelente artigo, desta vez vou contra o João, ando sempre com kit para furos e compressor, não vá o Demo tecê-las. Boas curvas ✌️
Ehehe Obrigado pelo feedback Filipe! Boas curvas e sem furos! 🙂