À nossa caixa de mensagens chegam diariamente muitas perguntas sobre pequenos detalhes que nem sempre nos lembramos de partilhar. Focados sempre muito mais em partilhar os roteiros que fazemos, existem algumas rotinas em viagem a que não damos tanta importância. Conclui recentemente que podem ser importantes a ajudar-vos a vós e, por isso, hoje vou falar da miscelânea da nossa check list para uma viagem de mota e rotinas práticas que fazem parte do nosso dia a dia. Sempre referindo que esta é a nossa receita e que não tem necessariamente de ser a vossa.
Costumo sempre dizer que para viajar, e partir para uma grande aventura, não são necessárias muitas preocupações e todas estas questões se resolverão pelo caminho. Por sua vez, se pudermos evitar perder tempo com algo que podíamos facilmente ter previsto (e não nos ocupe muito peso e espaço), então vamos lá tornar a nossa viagem o mais prevenida possível.
1- Distribuição de bagagem de forma prática
Com o passar dos anos, notamos que as nossas bagagens estão cada vez mais leves. Aquela tendência de viajar com as malas completamente cheias revelou-se ao longo dos tempos uma prática que nos infernizava diariamente a fazer o puzzle. Hoje em dia a nossa mota leva sempre a mesma quantidade de bagagem quando fazemos um fim de semana de 3 dias, ou uma viagem de 3 semanas. Só precisamos de lavar roupa mais vezes se a viagem for mais tempo.
Colocamos sempre na mala lateral esquerda toda a roupa para 3 dias para 2 pessoas: mudas de roupa interior, t shirts, 1 calças ou calções casuais, pijamas, roupa de banho e 1 casaco mais quente. A mala lateral direita segue com toda a parafernália de: fatos de chuva, chinelos, sapatos confortáveis, bolsas com produtos de higiene. As malas por fora são iguais e por isso, colocamos nelas algo que as distinga (um porta chaves, uma fita colorida, etc). O facto de estarem sempre do mesmo lado da mota vai facilitar uma paragem rápida: estás com frio e queres o casaco? Não tens de estar a abrir as duas malas e procurar. Já sabes que está na mala esquerda.
Top case e saco do depósito
O nosso top case vai a meia capacidade quando saímos de casa. E nele levamos, a minha pequena bolsa de conteúdo feminino, bonés, óculos de sol, mapas, kit de farmácia, carteiras, o nosso equipamento fotográfico e todas as outras coisas que queremos usar várias vezes ao dia. Como paramos no supermercado muitas vezes para ter sempre comida connosco, o facto do top case estar muito livre facilita-nos a tarefa de arrumação.
Usamos também um saco de depósito onde nunca colocamos nada de muito valor. Porque geralmente fica na mota numa paragem para visitas aos monumentos, almoço, etc. Nele levamos uma pequena bolsa térmica onde tentamos manter as bebidas frescas e o nosso farnel! Que envolve enlatados, presunto ibérico e muito paio alentejano. Todos os dias compramos pão fresco. Pelo meio existe também o meu kit de toalhitas desinfectantes, café solúvel em pequenas saquetas, guardanapos de papel, navalha, talheres descartáveis, lâmpadas extra para a RT, gel desinfectante, água, limpa capacetes, etc. Tudo em frascos pequenos.

2- Chave suplente | Check list para uma viagem de mota
A chave suplente da mota acompanha-nos sempre nas viagens. E se fechamos o top case com a chave lá dentro? E se perdemos a chave em algum lado? Ficamos a pé e com a viagem interrompida. Por isso levamos sempre a chave suplente da nossa mota. O João usa a chave dele, e eu coloco a minha num bolso do fato que use poucas vezes. Para evitar que, em caso de retirar qualquer coisa do bolso com luvas e menos sensibilidade, a chave caia sem eu me aperceber. Geralmente escolho as calças do fato, pois uso mais os bolsos do casaco durante o dia.
3- Kit de farmácia e apólice impressa de seguro de viagem
Viajamos sempre com seguro de viagem. Mesmo dentro da Europa, e sendo portadores do Cartão Europeu de Seguro de Viagem, nunca, mas nunca cruzamos fronteiras sem um seguro de viagem. Já partilhámos inúmeras vezes que é na IATI Seguros que encontramos a melhor opção para viajantes independentes e de aventura, e o facto de incluir acidentes de mota faz toda a diferença. O plano IATI Estrela ou IATI Mochileiro são os planos que normalmente contratamos. No nosso kit de farmácia está também sempre a apólice impressa com os contactos de emergência. (Relembro que por seres leitor do blogue podes comprar o teu seguindo este link com 5% desconto)
Ainda assim, existe alguma medicação básica ou de prevenção que podemos transportar connosco nas bagagens. O facto de estar logo ali ao nosso alcance em caso de necessidade poupa-nos o transtorno de perder tempo a procurar farmácias, ou a accionar o seguro por situações menores.
Desinfectante de feridas, pensos rápidos, anti inflamatório, azitromicina, amoxicilina, anti histamínico, paracetamol, colírio para os olhos, medicação para problemas gástricos, etc fazem sempre parte das nossas bagagens. O João costuma fazer reacções alérgicas a picadas de abelhas, como tal adicionamos também às bagagens o corticoide que o médico lhe costuma prescrever. Na nossa última viagem aprendemos que temos de verificar algo mais antes de sair de Portugal: a validade dos medicamentos.
Kit de farmácia recomendado por um profissional de saúde
Ainda no que aos medicamentos diz respeito, e porque geralmente levamos sempre connosco medicamentos que estão sujeitos a receita médica, refiro que os pais do João são médicos. Como tal, temos todo o aconselhamento profissional necessário para saber o que tomar, em que circunstâncias e em que dosagem. Assim, poderá para vós fazer sentido uma Consulta do Viajante para adaptar o vosso kit de farmácia a problemas mais específicos, acordo com o destino e o vosso perfil clínico.

4- Dois documentos de identificação | Check list para uma viagem de mota
Na nossa carteira anda sempre o nosso cartão de cidadão. Mas e se por algum infortúnio a perdemos? Ficamos sem documentos para viagens de ferry, cruzar fronteiras, embarque no avião e até mesmo para entrar na maioria dos alojamentos. Como tal, existe uma bolsa interior da nossa mota que também leva os nossos passaportes. Não vá o diabo tecê-las temos sempre um segundo documento válido de identificação. APP’s de documentos online, cópias de documentos, fotografias e afins não são geralmente aceites como substitutos ao documento presencial.
5- Confirmar apólice seguro e extensão
Vamos cruzar muitas fronteiras? É necessário verificar o nosso seguro da mota e ver se é válido nos países que atravessaremos. Caso não seja, é necessário solicitar com antecedência a extensão territorial.
É possível fazer seguros na hora quando cruzamos a fronteira, muitas vezes por preços equivalentes. Mas vamos reflectir sobre o assunto: queremos estar a perder tempo com isso em viagem? Queremos tentar perceber as condições do seguro contratado para as leis do país em causa? Queremos seguir na dúvida se fizemos um seguro apenas válido para responsabilidade civil mas sem assistência em viagem porque por ali pode não ser obrigatória? Se tiver uma avaria nesse país vou querer descobrir que não tenho assistência, e tenho de pagar do meu bolso? O seguro de viagem não cobre assistência ao veículo, portanto o seguro do veículo deve ser encarado com o mesmo grau de seriedade do que o seguro das pessoas.
Ainda no que ao seguro da mota diz respeito, continuamos a preferir levar connosco a participação amigável de acidente nas bagagens. Há uns anos tivemos um acidente em França. O facto de não estar connosco fez com que nos víssemos obrigados a preencher sob stress uma em francês, língua que não dominamos. Naturalmente não correu muito bem.
Dizem-me por vezes que esses documentos estão online. Eu costumo imaginar que se estiver nas montanhas ou em algum lugar sem wi fi ou internet e com pouca rede móvel, essa não é uma solução. Ou então sob stress a fazer pesquisas na Internet. Não há nada como ter os documentos à mão. E um papel não ocupa muito espaço.
6- Dinheiro e cartão recarregável | Check list para uma viagem de mota
Levar dinheiro físico não é confortável? É verdade, mas apesar de vivermos num mundo digital e com pagamento de cartões na maioria dos locais, não são os lugares muito povoados e repletos de serviços que incluímos nos nossos roteiros. Há lugares onde o multibanco ainda não é habitual e o pagamento com dinheiro ainda continua a ser necessário. Em jeito de SOS existe dinheiro sempre na nossa bolsa de documentos extra e apólices dos seguros impressas. Além do dinheiro que usamos normalmente na carteira.
Para os lugares do mundo onde a moeda não é o euro, ou para pagamentos automáticos inevitáveis em portagens ou abastecimentos, usamos um cartão recarregável Revolut e Moey (recebe 10Eur ao seguir o nosso link aqui). Aqueles que foram concebidos para nos permitir pagamentos sem cobranças absurdas de taxas bancárias e que fazem o câmbio na hora à taxa diária.
7- Cadeado para prender os capacetes
No dia a dia, enquanto viajamos de mota e mudamos de local de dormida, as nossas malas estão cheias. Como tal, quando paramos, os nossos capacetes não cabem nas malas. Para isso, comprámos há uns anos um cadeado com código (na Decathlon na área das bicicletas) para podermos amarrar os capacetes um ao outro e à mota.
Cabe a nós avaliar o lugar que nos rodeia e decidir deixar os capacetes com os comunicadores Sena 50S montados ou não. Nunca vamos poder garantir que por mais pacato que pareça o lugar algo não vá acontecer, mas é uma decisão que tomamos no dia a dia, consoante o ambiente onde estamos.
8- Estado dos pneus e revisão da mota
As nossas viagens são realizadas num registo de planeamento muito aproximado. Porque temos sempre os dias contados para as nossas aventuras esta é a forma de optimizar o nosso tempo e conhecer o melhor possível os lugares por onde passamos: planeamento. Assim, conseguimos prever os quilómetros que faremos e avaliar a necessidade de revisão da mota em viagem ou não. Geralmente, fazemos a revisão antes de sair de Portugal mesmo que isso signifique antecipá-la. Poupamos tempo e dinheiro no destino.
O mesmo em relação aos pneus. Nunca levamos para uma grande viagem um pneu que não conheçamos a performance. É a nossa maneira de evitar trocas de pneus em viagem, com todo o tempo e recursos envolvidos. Saímos geralmente com pneus novos montados na mota. Se ainda temos alguns a meio uso, serão desmontados para a viagem e voltaremos a montar no final para os gastar até ao fim.

9- Controlo da pressão dos pneus em viagem
É algo que fazemos recorrentemente. Uma das regras de segurança para andar de mota é ter sempre a pressão correcta nos pneus da mota. E não há interpretações ou receitas diferentes: a pressão certa está no manual de cada mota e pode ser diferente se: com carga ou sem carga. Mais informações aqui no nosso artigo já publicado.
Por isso, colocamos nas nossas bagagens um manómetro de pressão para poder verificar a pressão dos pneus facilmente. Geralmente 5 em 5 dias, aproveitamos as paragens para abastecer para verificar a pressão.
10 – Evitar caixas de pagamento automáticos
Evitamos ao máximo fazer pagamentos em máquinas automáticas no estrangeiro. Muitas vezes nos cartões recarregáveis, e quase sempre nos cartões de débito normais, é retirada uma franquia que pode variar entre os 150 a 300eur do cartão. Este valor é devolvido passados uns dias, mas não achamos esta prática simpática. Acontece cada vez mais em bombas de gasolina e portagens. Procurem pessoas físicas a quem pagar e não máquinas automáticas para evitar estas questões.
Estas são algumas rotinas da nossa preparação das viagens e algumas práticas no decorrer. Existe alguma mais que me tenha esquecido? Quais são as vossas? Boas curvas sempre.
Olá eu levo sempre dois itens :
– https://www.tek4life.pt/pt/compressor-de-ar-xiaomi-mi-home-air-pump-1s-portable-preto
– https://www.norauto.pt/p/kit-de-reparacao-de-furos-norauto-2289521.html
Permite-me fazer reparação de furos “on the road” com muita facilidade e eficiência.
Os links são meramente exemplificativos.
Esta bomba tem bateria e enche bem vários pneus com uma carga. Depois mete-se outra vez a carregar no hotel ou até na tomada USB da mota. ( a bomba é muito pequena e cabe debaixo do banco da Tracer 9 GT, junto com o kit de reparação, aponta-se para um valor de pressão e ela enche até atingir esse valor )
Por acaso cortei um pouco de cada lado das empunhaduras do kit para me caber no estojo de ferramentas da mota.
Muito obrigado pela partilha. Sim, também levamos sempre o kit anti furo. O compressor ainda nunca comprámos. A pensar nisso. Boas curvas!
Muito Bem!! Obrigado aos Câmara!!
Boas curvas! beijinho e abraço nossos
V. Exas. São top na comunicação, partilha e animação. Bem haja pelas dicas. Obrigado e continuação de excelentes passeios. Um abraço
Muito obrigado Pedro! Boas curvas e beijinho e abraço deste lado! Obrigado pela mensagem 🙂
Eu adora ler estas cronicas…mas há uma coisa que ainda não consegui fazer, foi aproveitar os vossos mapas e colocar no meu TOMTOM Rider 550, podem-me ajudar?
Boas curvas…
Ola Tiago: espreita aqui https://quilometroinfinito.com/quando-como-e-porque-criar-rotas-no-gps/