Como fazem para levar nas vossas viagens tudo o que precisam? Como gerem o espaço para a bagagem numa viagem de mota? Estas são algumas questões que nos colocam frequentemente. Em especial porque viajamos a dois, e viajar de mota com pendura requer mais disciplina na bagagem.
Com uma viagem programada surgem as dúvidas. Geralmente nas de maior duração. Como fazer os malabarismos para levar o que necessitamos com o espaço limitado que possuímos. Na verdade é mais fácil do que parece. No nosso caso, viajamos numa mota de touring mas, apesar de ter uma capacidade de bagagem acima da média, com o tempo, fomos aprendendo a gerir o nosso espaço de modo a nunca partir com as bagagens totalmente cheias.
Que a falta de conhecimento sobre o que colocar na bagagem não vos impeça de partir à aventura
Mas nem sempre foi assim. Na nossa primeira grande viagem, uma volta de 3 semanas pelos Alpes, levámos na nossa mota quase tudo o que precisávamos, mas muito, muito do que não precisávamos! E, apesar de inexperientes nestas andanças, não foi a falta de destreza a organizar as malas que nos impediu de partir na nossa grande aventura há quase 10 anos atrás. Na dúvida o que interessa é ir e por lá não há nada que não se ultrapasse. Mais uma camisola menos umas meias, menos um fato de chuva mais uma molha. Com o tempo adquire-se prática e experiência para antever antes da partida aquilo que realmente é essencial.
O facto de organizar e optimizar a bagagem nas malas servirá apenas para tornar a viagem mais confortável, com o equipamento correcto e sem o incómodo diário de fazer um puzzle apertado nas malas da mota. Mas não será a carga a mais ou a menos que tornará a viagem bem sucedida ou não. No entanto, é sempre importante referir que quanto mais bagagem e mais peso transportar, piores consumos e desempenhos obterá.

Dica adicional:
Nesta nossa primeira grande viagem, levámos muita, muita bagagem. O que diariamente a arrumar e desarrumar se tornou um grande incómodo. O que fizemos? Fomos ao posto de correios mais próximo e enviámos para casa dos nossos pais uma caixa com a tralha a mais. À Batalha, chegou uma encomenda enviada da Áustria. (O custo de envio rondou os 25euros para uma caixa que nos permitiu esvaziar o top case da mala quase por completo)
O que colocamos na bagagem numa viagem de mota?
O que colocamos na bagagem numa viagem de mota depende de alguns factores: do destino, que actividades pretende no destino, do clima, da duração da viagem e do que cada um necessita. Mas geralmente cumprimos sempre o mesmo padrão de organização que para nós funciona muito bem:
♦ Reservar o top case a meia carga e apenas com o que tiramos muita vez da mota ao longo do dia (fato de chuva, casaco adicional, máquina fotográfica, carregadores, forro do fato, comida, água, etc)
♦ Levar mudas de roupa interior para 5 dias.
♦ Reservar 1ª mala lateral para: calçado confortável alternativo, produtos de higiene pessoal, medicação e pequena mochila.
♦ Reservar 2ª mala lateral para: Roupa para os dois
♦ Por fim, nunca sair para uma viagem com as malas completamente cheias
♦ No limite, se não resistimos em levar algo inútil, enviamos para casa pelo correio.
Como definimos a quantidade de roupa?
Não importa se a viagem durará um mês. Claramente não seria possível colocar na mota roupa diferente para todos os dias, portanto levamos sempre um limite de 5 peças. Independente do tipo de clima a que estaremos sujeitos em viagem, colocamos sempre nas nossas malas para cada um:
- 5 camisolas finas de algodão ou t-shirts (há quem prefira as de secagem rápida mas nós não gostamos)
- 5 meias
- 5 cuecas
- 1 pijama
- 1 calças de ganga ou semelhantes
- 1 camisola/casaco polar/casaco corta vento
- 1 boné

Dica adicional:
No caso da roupa interior, levamos muita vez a roupa mais velha para as viagens. Na última semana, em vez de acumularmos roupa suja, vamos deixando pelo caminho no lixo. (Sim! Espalhamos t-shirts, meias e cuecas rotas pelo mundo.)
Como definimos que tipo de roupa levar em função do clima?
Com a base da nossa bagagem de mota sempre semelhante, só temos de adaptar a restante roupa em função do destino. Para optimizar a bagagem numa viagem de mota é importante ter uma ideia geral sobre o clima nos locais a percorrer.
Para locais com o clima mais definido, como por exemplo a Noruega ou Marrocos, saberemos de certo que iremos encontrar maioritariamente muito frio e chuva num e muito calor e sol noutro. Será fácil decidir que tipo de roupa eleger.
Por sua vez numa viagem de mota aos Alpes, iremos provavelmente apanhar dias de chuva, lindos dias de sol, dias de calor nas zonas de baixa altitude e dias de frio nas montanhas. A bagagem numa viagem de mota por estes locais terá de ser mais versátil e multifacetada tendo em conta que não se mantêm sempre as mesmas condições. Assim, à base da nossa bagagem, adicionamos em função do clima do destino:
Destino frio e chuvoso:
- Fato interior térmico com membrana windstopper
- Balaclava com membrana windstopper
- Meias quentes de Inverno
Dúvidas sobre o equipamento que utilizamos? Aqui algumas dicas: Andar de mota no Inverno | Roupa quente e impermeável, o que vestir?
Destino quente e soalheiro:
- Calções de banho / fato de banho
- Balaclava de Verão
Dúvidas sobre o equipamento que utilizamos? Aqui algumas dicas: Andar de mota no Verão | Equipamento fresco e confortável, o que vestir?
Destino misto frio/quente:
- Nesta situação adicionamos à bagagem o fato interior térmico e o fato de banho em simultâneo.
No entanto, tendo em conta por exemplo um roteiro pelos Alpes, e no nosso caso particular, apenas levamos a bagagem base. Consideramos que as camadas interiores dos nossos fatos são suficientes para nos proteger da exposição ao frio durante apenas algumas horas. No que respeita à arrumação da bagagem, não consideramos os “fatos da mota” pois esses são sempre para levar vestidos.
Contamos sempre com um espaço extra nas malas para colocar o forro interior do casaco ou calças, no caso de querer removê-lo pelo caminho. A arrumação da roupa está assim resolvida, e é mais fácil do que o que parece. Basta ser prático e objectivo.
Levar ou não levar fato de chuva na bagagem numa viagem de mota?
Esta é outra questão que frequentemente se coloca à qual nós sempre respondemos: levar o fato de chuva (nem que seja para não chover). Habitualmente as grandes marcas respondem prontamente apresentando fatos para mota com a garantia de que a membrana com Goretex os tornam completamente impermeáveis.
Na nossa opinião pessoal, adeptos das grandes marcas pela indiscutível qualidade e conforto dos fatos que oferecem, discordamos apenas que cumpram a sua função de serem totalmente impermeáveis.
Um bom fato pode cumprir a sua tarefa durante várias horas sujeito a muita chuva. Mas numa grande viagem de mota, em algum momento ele irá ceder passados muitos dias à chuva. Seja por um espacinho milimétrico a que a água não resiste, seja por ensopar de tal maneira que atinge o seu limite.
Muitas horas de chuva são mais confortáveis com fato de chuva (na nossa opinião)
Mas mesmo que esta situação não se coloque depois de muitas horas de chuva, imagine se estará disposto a carregar um fato molhado sempre que precisar de parar. Numa paragem para almoço ou para um café em qualquer local, numa breve visita a algum local de interesse ou por outro qualquer motivo que o faça estacionar a mota.
Para nós, essa situação torna-se cansativa e desconfortável, pelo que nas nossas bagagens o fato de chuva está sempre presente. Se pela manhã saímos debaixo de chuva o fato já irá sempre vestido. Pelo caminho, se ocorrerem chuvadas ocasionais, geralmente não o vestimos pois os nossos fatos são suficientes. Em algumas alturas, utilizamos o fato de chuva como protecção adicional ao vento (para os mais friorentos).

Malas interiores para top case e laterais – Inner Bags
Nas nossas primeiras viagens o malabarismo com as bagagens era feito directamente nas malas exteriores da mota e top case. Todos os cantinhos serviam para colocar mais uma coisinha e no final cabiam coisas que nem imaginávamos. O problema desta solução é o facto de se tornar pouco prática quando chegamos aos locais de alojamento ou transportes e temos de remover, ou carregar, as pesadas malas da mota.
No nosso caso particular, depois de alguma argumentação entre ambos, adquirimos as malas interiores para a nossa mota. A falsa ideia de que iriam roubar algum espaço disponível foi o principal motivo da argumentação, mas hoje reconheço que são uma mais valia e facilitam muito o nosso dia a dia em viagem. Sem dúvida valeram o investimento. Agora, aqui está uma mulher a reconhecer que o seu homem tinha razão. É de aproveitar a raridade da ocasião.
Cumprem todos os requisitos para os quais foram concebidas: facilidade de transporte e facilidade de arrumação mantendo o aproveitamento do espaço disponível.

Saco de depósito – Tank bag
Como complemento às nossas bagagens, utilizamos apenas na parte exterior, o saco do depósito de encaixe. A possibilidade de volume ajustável em função do que necessitamos torna a sua utilização prática. Assim como o facto de facilmente se converter em mochila.
Sugerimos a escolha de um modelo impermeável e com a possibilidade de encaixe no depósito da mota. Máquinas fotográficas, carteira, mapas, guias, lanche, água entre outros objectos são alguns exemplos de utilização. Nele cabe sempre mais uma coisinha.

Dica adicional:
- Sempre que estacionamos a mota em locais públicos, especialmente grandes cidades, gostamos de evitar deixar na mota bagagem exposta. Levar sacos exteriores e auxiliares às malas da mota é algo que tentamos não fazer. Com a nossa RT conseguimos evitar essa questão, por sua vez com a nossa GS a capacidade de carga é inferior e os sacos estanques por cima das malas serão necessários. Recentemente elegemos os sacos estanques da Touratech para bagagem adicional na nossa GS. Existem em várias cores, tamanhos e podem ser adquiridos aqui.
- No início esgotávamos a capacidade do saco do depósito na mota. Como o volume é ajustável facilmente colocávamos por lá mais qualquer coisinha. Esta é uma prática que não recomendamos e que fomos melhorando com o tempo. Com uma altura e volume consideráveis entre o condutor, o guiador e o painel de instrumentos da mota, a visibilidade para os mesmos torna-se reduzida e nas manobras facilmente toca nos botões do guiador (no que desliga a mota por exemplo).

Como lavamos as roupas da nossa bagagem numa viagem de mota?
Com as malas feitas apenas com roupa para alguns dias, surge a questão de como lavar a roupa durante uma viagem de mota de longa duração. Deixamos assim as nossas dicas sobre como resolvemos facilmente esta questão e lavamos as nossas roupas uma vez por semana em viagem:
♦ Escolha de alojamento com máquina de lavar roupa
Por vezes, e porque reservamos previamente todos os alojamentos onde pernoitamos, escolhemos locais que possuam essa comodidade e o Booking.com facilita-nos essa pesquisa.
Normalmente são pequenos apartamentos ou bungalows que têm uma máquina de lavar roupa à disposição. Lavamos as nossas roupas e deixamos a secar durante a noite. Se o seu roteiro for por 3 semanas, pode optar por pernoitar pelo menos em 4 locais distintos com essa facilidade e a questão fica resolvida.
♦ Serviço de lavandaria nos hotéis
Esta é a solução mais prática, mas nem por isso a mais económica. Na data da chegada basta deixar a roupa no saco da lavandaria disponibilizado no quarto, assinalar as peças que pretende na listagem nele colocada e no outro dia terá a roupa limpa à sua espera. O preço pode variar dependendo do local onde estará hospedado, mas para a bagagem que acima referimos, o valor ronda os 120 Eur em média.
♦ Lavandarias self service
Hoje em dia facilmente encontra locais com lavandarias self-service pelo caminho. Disponibilizam várias máquinas de lavar e secar roupa e os detergentes necessários. No final por um valor simbólico depois de cerca de 1h de espera consegue ter a sua roupa limpinha. A nossa solução favorita.
Miscelânea de coisas pela bagagem numa viagem de mota
Documentação e mapas em papel (nos fechos interiores e exteriores das malas)
Geralmente connosco dentro dos bolsos dos fatos estão os nossos documentos de identificação e algum dinheiro. Mas nas malas da nossa mota existe sempre fotocópia dos documentos, o passaporte (documento de identificação adicional caso haja imprevistos), horários impressos de eventuais transportes pelo caminho (ferry’s), mapas em papel, bilhetes e, muito importante: a apólice do seguro de viagem com os contactos de emergência sempre à mão.
A propósito desta questão, referimos uma vez mais que NUNCA saímos do país, nem mesmo por um fim de semana, sem fazer um seguro de viagem específico. O seguro da nossa mota não é um seguro de viagem, apesar de incluir algumas coberturas de assistência em viagem (com capital seguro muito baixo e que não inclui o pendura). Para mais informações sobre este assunto, consulte: Fazer um seguro de viagem vale a pena?
Medicação
Apesar do seguro de viagem nos salvaguardar em caso de necessidade, levamos sempre connosco um kit básico de medicamentos a que rapidamente podemos recorrer para questões mais simples:
- Biafine – Pomada para queimaduras solares
- Cicalfate – Pomada regenerante
- Ibuprofeno – Anti- inflamatório (Spidifen, Brufen, etc)
- Imodium – Problemas intestinais
- Betadine – Desinfecção de feridas (vende-se em doses individuais)
- Colírio com anti-inflamatório (para os olhos)
- Bilastina (anti-histamínico para alergias)
- Pomadas com base de cortisona (para reacções alérgicas)
- Imodium rapid (problemas gástricos)
- Buscopan Plus (problemas gástricos)
Ferramentas
A nossa RT não tem rádio, como tal o compartimento a ele destinado é para o João como a mala das mulheres. Cabe sempre mais qualquer coisinha. Por lá levamos:
- 1l de óleo de motor
- Kit anti-furo
- Manómetro
- Navalha
- Caixa de ferramentas básica
As nossas motas têm o sistema tubeless, como tal um kit anti furo está sempre connosco nas bagagens e já nos valeu em viagem. Mais informações sobre como reparar um pneu com um kit anti furo consulte o nosso artigo: Como reparar um pneu furado na mota utilizando um kit anti furo?
Equipamento de Segurança
- Cadeado de disco
- Cabo de aço com cadeado para agarrar os capacetes ao guiador

Comida e bebida
Com a nossa tendência em viajar em época baixa ou por locais mais remotos, é importante garantir sempre comida e bebida nas malas da nossa mota. Pois nem sempre encontraremos pelo caminho um restaurante ali ao lado.
Assim, na nossa mala de top case existe sempre um pequeno saco térmico com comida, bebida e fruta. Há sempre pão (que compramos logo pela manhã na saída dos alojamentos ou pedimos no pequeno almoço), fruta, conservas, barras energéticas e aquela charcutaria básica que não saímos de Espanha sem garantir! Quando estamos a ficar sem provisões não passamos por um supermercado sem aproveitar para reabastecer.

Dica adicional:
Quando pernoitamos num lugar sem frigorífico no quarto, mas as noites são frias, deixamos o nosso saco térmico na rua. Fora da janela do quarto ou nas malas da mota. No dia seguinte o efeito frigorífico ficou assegurado.
Malas prontas e boas curvas
Agora, depois de explicarmos os nossos métodos, esperamos que vos sejam de grande ajudar e resta-nos desejar boas curvas para todos. No nosso caso particular, não temos o hábito de viajar com material de campismo. Portanto, o espaço nas malas é mais do que suficiente para viajar a dois com tudo o que precisamos.
Olá. Na falta de um email em que vos possa agradecer, quero vir aqui dizer que as vossas dicas foram absolutamente eficazes na minha viagem deste verão. Obrigado.
Que bom Manuel! Ficamos contentes em ajudar. E trataremos de colocar no site os nossos contactos! Para já o nosso email: quilometroinfinito@gmail.com. A nossa estratégia é simplificar eheh Obrigado pela sua mensagem!
Mais uma vez parabéns pelo vosso blog, a vossa partilha de experiências é estupenda bastante útil para qquem gosta de viajar de mota. Por muitos anos de viagens feitas de mota há sempre informação útil na troca de informações. Obrigado pelas vossas partilhas, nunca percam o espírito e boas curvas…!
Olá Manuel! Muito obrigado pelo seu comentário 🙂 Sim! Todos nós temos sempre algo a aprender eheh Obrigado por estarem desse lado a motivar-nos a continuar. Boas curvas 😉
sempre simpatico e pratico partilharem as vossas experiências…..
Obrigado Luis!
Obrigado ,pelos vossos conselhos vou aproveitar nas próximas viagens , continuem
Boas curvas Nuno 🙂
a primeira vez que saímos de moto lavamos meia casa….. claro que aprendemos a lição agora é só mesmo o que é necessário e ainda sobra espaço
eheh pois.. tal e qual como nós! obrigado pelo feedback Leonor! Boas curvas e bons passeios 😉
Muito obrigado pelas partilhas aqui feitas e pelas dicas a quem, como eu, tem pouca experiência em viagens longas, ficou sem dúvida mais esclarecido depois de ler os vossos artigos.
Continuem assim que tem aqui um leitor assiduo.
Olá Marco! Ficamos contentes em poder ajudar e agradecemos essa mensagem que é sempre um incentivo a continuar cada vez mais e melhor. Muito boas curvas e felicidades sobre rodas! 😉
Antes demais obrigado pelas dicas…mais uma vez são uteis. Precisava de saber onde posso comprar esses sacos estanques para colocar por cima da topcase. Conseguem mandar?
Olá Carlos: os que usamos são estes: https://www.longitude009.pt/produto/saco-de-viagem-touratech-waterproof