Quando, como e porquê criar rotas no GPS. As nossas opções

Criar rotas no GPS

Após a publicação do nosso último artigo (aqui), onde comparámos a nossa experiência de utilização dos GPS’s Garmin Zumo XT e Tom Tom Rider 550, notámos que muitas dúvidas existiam em torno do assunto: como e porquê criar rotas no GPS.

Vale a pena criar uma rota detalhada? Como criar uma rota no GPS? Quais os tipos de rotas que posso criar? Quando criar uma rota a seguir: antes ou durante a viagem?

Aqui partilhamos os métodos que utilizamos, e os passos que seguimos para responder a estas questões. Reforçando uma vez mais que, estes são os nossos métodos, cada um adapta-se ao que lhe for mais confortável. Métodos esses que têm sempre como principal objectivo: eliminar trabalho e preocupações durante as viagens, deixando-nos livres de tecnologias e o mais independentes possíveis. Sobrando espaço para aquilo que realmente gostamos de fazer: relaxar a andar de mota.

Construir uma rota detalhada no GPS não é sinónimo de ter de a seguir com exactidão em viagem

Salientamos que, apesar de levarmos sempre uma rota detalhada a seguir para cada dia, em viagem vamos desviando ou adicionando pontos consoante a nossa vontade no momento. Ter um plano base para nós é fundamental. O que não quer dizer que não seja alterado no decorrer da viagem. Flexibilidade e um bom planeamento apresentam-nos opções várias no decorrer de uma aventura; que vamos aproveitando o melhor que conseguimos. ”Ainda é cedo. Porque não vamos mais ali ao lado? Esta estrada é uma seca, vamos experimentar a outra? Ainda temos tempo para fazer mais uns quilómetros hoje, siga para não sei onde? Ali atrás o não sei quem disse-nos que era porreiro

Utilizando a tecnologia sem nunca nos deixarmos depender em demasia

O mundo tecnológico, e das mil e uma aplicações que todos os dias surgem, nunca foi algo que exercesse magnetismo em nós. Somos práticos à moda antiga, sabendo explorar rapidamente as vantagens e funcionalidades que a tecnologia nos traz, sem nunca nos deixarmos depender, e envolver em demasia, por mil e um gadjet’s eletrónicos.

Isto porque, geralmente, essas opções levam-nos a depender de um smartphone, de um sinal de rede móvel ou wi-fi. Esta dependência, não nos traz inconvenientes por locais mais povoados, mas o mesmo não se verifica quando atravessamos o deserto, subimos montanhas, conduzimos no polar ártico ou simplesmente andamos por locais mais remotos. Se até então as nossas viagens têm sido maioritariamente pela Europa e já nos deparámos com estas dificuldades, imaginem se entramos em África, América do Sul ou no Oriente. É por isso que, além de nos darmos ao trabalho de criar rotas no GPS que seguimos em viagem, os mapas em papel estão nas bagagens. Rascunhados e sublinhados, de modo a que tudo o que gravamos no GPS, esteja num fácil formato papel que retiramos das bagagens.

As nossas rotas privilegiam locais simples 

Em viagens grandes, sejam nacionais ou internacionais, as nossas rotas levam-nos por locais longe de computadores e outros recursos tecnológicos (assim o programamos com muito afinco). Procuramos a natureza e tranquilidade das estradas que por ela desfilam. Procuramos terminar o dia em locais isolados rodeados por uma cenário majestoso qualquer. Para uma caminhada ao ar puro até ao único local para refeições lá do sítio. Ou até mesmo para um piquenique improvisado porque estamos tão longe de tudo que nem um restaurante encontramos.

Por isso, além de não querermos perder tempo a pensar no roteiro do dia seguinte, não queremos ter de nos preocupar em carregar rotas no GPS, e muito menos num smartphone. O pequeno aparelho já nos falhou vezes em demasia. Já o testámos em alguns locais mais remotos e não nos devolveu sentimentos de confiança. Destacando aqui, novamente, a fragilidade de um smartphone quando exposto a muitas horas de utilização sujeito às intempéries. Além disso, até há bem pouco tempo, quando as nossas publicações no blogue ainda não existiam, o meu telemóvel andava perdido pelas bagagens e desligado durante toda a viagem. Às vezes recordo esse sentimento de desligar do mundo com alguma saudade. Depois lembro-me, que partilhar as nossas aventuras e inspirar outros a seguir as nossas rodadas, também me dá satisfação.

Planeando em detalhe e inconscientemente memorizando o roteiro ao pormenor

O trabalho de casa de criar as rotas no GPS é para nós uma tranquilidade. Pelos motivos que atrás enunciámos, já entenderam que, antes de qualquer viagem, adquirimos os mapas de papel do destino (que depois nos acompanham nas bagagens) e carregamos milhares de quilómetros de rotas no nosso GPS. Planeamos tudo com detalhe, seguindo o velho lema de que uma viagem se vive 3 vezes: Quando se planeia, quando se realiza e quando se relembra. Eu acrescentaria ainda uma quarta vez: Quando se sonha!

Será a minha faceta feminina, conhecida por prodigiosa memória, que me leva a, com facilidade, memorizar em detalhe todo e qualquer roteiro que me proponha a fazer? Certo é que, o facto de olhar para o mapa, em papel ou no computador, quando preparo as nossas rotas faz com que, inconscientemente, muitos dos nomes dos pequenos locais onde passaremos me fique na memória. Ajudando-me em viagem a saber onde estou, para onde irei, qual o rumo aproximado a seguir e se, o dia correr bem, ainda tenho visitas alternativas não incluídas que poderei aproveitar. Aquele mosteiro, aquele castelo, aquele miradouro ou aquela pequena estrada um pouco fora de mão.

Olhando para o ecrã do nosso GPS que me indica os pontos cardeais, faço sempre um rápido controlo se estamos a seguir o pretendido. Tudo isto escrito neste texto, pode levar a crer que são etapas que representam na realidade demasiada preocupação ou trabalho. No entanto, este é um processo espontâneo e natural, que decorre normalmente sem grande esforço, ao longo de um dia de passeio descontraído.

Etapas que seguimos até criar rotas num GPS

Antes de inserir algo no GPS, convém conhecer o que nele queremos colocar. Desta forma, é no Google Maps, e nos rabiscos sobre mapas em papel, que os nossos planos começam. E por lá ficam gravados.

1- Criação de rotas que ficam gravadas no Google Maps (My Maps)

Numa fase de rascunho, e muitas mudanças, durante um planeamento de uma viagem, utilizamos o Google Maps (juntamente com a consulta de outras referências) como uma mais valia para preparar os nossos roteiros. Nele criamos um percurso que ficará gravado no My Maps, associado à nossa conta de email Google.

Assim, cada vez que abrimos a plataforma, o nosso trabalho lá estará guardado e pronto para ser continuado. Até ser terminado, nele continuaremos a fazer modificações, até estar perfeitamente concluído, e passarmos para a fase de o inserir no GPS. Com esta opção, conseguimos deixar o roteiro facilmente consultável e visualizar de forma clara o percurso total no mapa.

Como criar uma rota que ficará guardada no Google Maps?

  • Fazer login na sua conta Gmail
  • Aceder ao Google Maps
  • Aceder ao Menu do Google Maps e escolher a opção ” Os seus locais”
  • Seleccionar a opção ”Mapas”
  • Clicar em ” Criar mapa”
  • Adicionar camada com numero de paragens de A a J (Máximo 10 camadas (10 dias) com 10 paragens por camada (por dia))
Aceder aos ''Os meus Locais'' no Menu do Google Maps
Aceder aos ”Os meus Locais” no Menu do Google Maps
Seleccionar a opção ''Mapas'' e depois ''Criar Mapa''
Seleccionar a opção ”Mapas” e depois ”Criar Mapa”
Iniciar a inserção de pontos e depois a criação de camadas
Iniciar a inserção de pontos e depois a criação de camadas
Rota final criada com uma camada por dia
Rota final criada com uma camada por dia

Dica: Inserir primeiro todos os pontos de interesse pretendidos (locais a visitar, estradas, alojamentos, restaurantes, etc), depois iniciar a criação de camadas unindo todos os pontos atrás criados. Uma vez que se inicia a criação de camadas, adicionar novos pontos só é possível abrindo e voltar a fechar o mapa (não entendo porquê, mas assim é).

2- Criação de uma rota no software do GPS

Tipos de ficheiros a criar: GPX vs Ficheiro navegável 

Quando nos abordam pedindo os track’s ou ficheiros gpx’s das nossas viagens, notamos sempre que existem algumas dúvidas acerca dos possíveis formatos de leitura. Assim, explicamos brevemente as diferentes opções pois falar a mesma linguagem é importante:

  • O que é um ficheiro GPX?

Um ficheiro GPX contém a gravação exacta de um percurso, incluindo eventuais localizações off-road. É construído num software de navegação e depois de importado para um GPS transforma-se numa rota a seguir que representa apenas uma linha sobre o mapa. Em viagem, para seguir um ficheiro deste tipo, será necessário olhar para o mapa no GPS e ir confirmando pelo caminho se se continua a seguir sobre essa mesma linha na realidade. Não existem instruções de navegação, tais como: em 200 metros vire à esquerda, depois vire à direita, etc. Com este ficheiro também não existe informação em tempo real sobre a viagem: distância para o próximo destino, previsão da hora de chegada, etc. É facilmente criado a partir de um mapa gravado no Google Maps.

Importação de um ficheiro GPX do Google Maps para o software do GPS

O formato atrás criado serve-nos para ter uma visão geral do roteiro que faremos, e é a partir dele que passaremos à fase de criar rotas num GPS. A partir de cada camada de direcção criada (geralmente por cada dia criamos uma camada), exportamos um ficheiro individual que ficará num formato GPX. Ficheiro esse que posteriormente abrimos no software do GPS (Basecamp ou MyDrive) e nos serve como guia/base para criar um ficheiro navegável.

Todos os artigos publicados neste blogue têm mapas detalhados do Google Maps. A partir de qualquer um deles, é possível exportar um GPX para iniciar a criação de rotas nos vossos GPS. Nós assim o fazemos:

Criar rotas no GPS
Abrir o mapa criado no My Maps e seleccionar a opção: Exportar para Google KML/KMZ
Criar rotas no GPS
Seleccionar a opção Exportar como KML em vez de KMZ
Criar rotas no GPS
Opção de exportar mapa completo ou cada camada (dia) criado
  • O que é um ficheiro navegável?

Um ficheiro navegável é um ficheiro criado no software próprio do GPS utilizado, num formato compatível com a sua ”linguagem”. Este pode ou não ser construído tendo como base um ficheiro gpx (geralmente utilizamos como guia). Requer um trabalho mais moroso e rigoroso a inserir no mapa milhares de pontos, que no final de unidos criam a rota pretendida. Em viagem, ao seguir um ficheiro deste tipo, não será necessária uma contínua interpretação do mapa no ecrã do GPS, pois ele próprio nos dará instruções de navegação detalhadas: em 200 metros vire à esquerda, depois vire à direita, chegada ao destino, etc. Com este formato, teremos em tempo real, e durante a viagem, toda a informação de previsão de hora de chegada e quilómetros totais (percorridos, até ao próximo ponto e até ao destino final). É difícil de criar directamente a partir do Google Maps.

Considerando a imagem abaixo. Estamos em viagem seguindo as instruções do nosso GPS Garmin Zumo XT. Olhando para o ecrã, nele conseguimos saber de imediato que estamos a 299km do destino final do dia, faltam 14km para o próximo ponto marcado, conduzimos para Sudeste (SE) e 16:49h será a previsão de hora de chegada ao alojamento do dia. A parte em que circulamos a 100km/h num limite de 90km/h não é para mencionar.

criar rotas no GPS
Seguindo viagem seguindo um ficheiro navegável

3- Importação de todo o percurso para o GPS antes da viagem

Os ficheiros atrás referidos, são todos criados num computador pelo que será necessário transferi-los para o aparelho que nos acompanhará em viagem. No final do processo carregamos todos no nosso GPS. A cada dia pela manhã selecionamos a etapa a seguir e seguimos para mais um passeio de mota. Se a viagem durar 30 dias, teremos 30 ficheiros com ponto de partida e chegada no alojamento/localidade onde terminaremos a etapa diária. Para os distinguir na memória do GPS, nomeamos cada ficheiro de forma a ser-nos facilmente identificável. Por exemplo: Sevilha – Ronda. Inicialmente colocávamos a data, mas em viagem perdemos a noção do tempo (e ainda bem) e isso criava-nos alguma confusão matinal!

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11 Replies to “Quando, como e porquê criar rotas no GPS. As nossas opções”

  1. Muito Bom! Obrigado aos Câmara!

  2. Muitos parabéns e obrigado pela partilha.
    Uma duvida, na criação do mapa, há alguma opção para evitar por ex: portagens? Ao passar para KMZ, depois como passam para o GPS? Basecamp?

    1. quilometroinfinito says: Responder

      Não que a gente conheça. Ao passar para o GPS abrimos o ficheiro que transferimos do Google Maps no Basecamp pois usamos um Garmin. Aí temos a tal linha sobre o mapa não navegável. Logo como não tem ainda algo com instruções de navegação, para a seguir, essa questão das portagens não é controlável. A não ser que no Google Maps tenha originalmente construído a rota à mão, sem passar por auto estradas. Boas curvas e obrigado. Espero ter ajudado

  3. Boa noite. Também é possível criar um percurso no google maps, apenas com o ponto de partida e ponto de chegada. Ao importar para o basecamp, é depois possível, “pedir” ao basecamp que faça esse mesmo percurso ( com instruções por voz.. vire aqui e depois ali… etc) adicionando pontos durante o trajecto, não apenas o ponto de partida e chegada. São chamados de “shaping points”. Não sei se me expliquei bem, mas a intenção foi ajudar. Cumprimentos e boas curvas.

    1. quilometroinfinito says: Responder

      Olá Ricardo! Muito obrigado por essa informação 🙂 Boas curvas!

  4. Boa tarde, podemos também criar um percurso no Google Maps tal como já descrito.
    Importar o Link completo para um programa de nome MAPS GPX e carregar em Let’s go, ficamos com o percurso em GPX e pronto a carregar no equipamento GPS. (Em Advanced Settings, escolher nos circulos as opções pretendidas)

    1. quilometroinfinito says: Responder

      Olá Mário! Muito obrigado pela informação e pela partilha. Boas curvas!

  5. Boas . Acabei de ler a vossa dica ( como criar rotas no Google Maps e transferir para o Garmin) e fiz-me esta pergunta: qual a razão de criar uma rota no Google e depois ter que a transferir para o basecamp ( com todos os inconvenientes que comporta) quando pode fazer a rota diretamente no basecamp ( é muito mais fácil) sem ter o inconveniente de perda de algumas informações não compatíveis com o basecamp ? Muito obrigado pelo diálogo. BOAS CURVAS PARA 2022 🥂

    1. quilometroinfinito says: Responder

      Boa tarde. Porque conforme dizemos, essa é a ferramenta mais simples de utilizar quando estudamos e planeamos um roteiro, com todas as modificações que vão surgindo até a versão final. Essa sim, importada em 3 passos muito simples para o Basecamp que não tem qualquer perda de informação, muito pelo contrário. São métodos e esse é o nosso. Não considero que fazer estudos e modificações no Basecamp seja a melhor opção. Boas curvas e Bom Ano 😊✌

  6. Boas, parabéns pelo excelente trabalho que fazem. Já vos sigo á uns anos. Comprei recentemente um TomTom 550, sei que não é o vosso, e quando tendo importar do google maps, só consigo exportar em KLM como referem no artigo, mas depois o mydrive (tomtom) só importa em GPX. Como resolvem esta situação, pois eu não consigo perceber no artigo. Obrigado e boas curvas.

    1. quilometroinfinito says: Responder

      Olá Nuno, bem lamento não conseguir ajudar pois nunca tivemos esse problema. Mas creio que deverá haver algures um conversor kml para gpx…

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