Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica | Por Quilómetro Infinito

Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica

Seguimos para um roteiro de viagem de mota pela rota do Românico Palentino para constatar mais uma vez que, um dia, a Cordilheira Cantábrica se elevou do fundo do mar só para fazer as maravilhas dos motociclistas. Originou uma muralha de rocha com altitudes a chegar aos 2000 metros, inúmeros rios e cascatas que atravessam estreitos desfiladeiros numa majestosa, e contínua, dança do processo geológico; sempre entre florestas autóctones que prosperam com vigor.

Ali, em pleno Norte de Espanha estes são os cenários que rodeiam estradas e estradinhas repletas de carisma e grandiosidade. Que prometem quilómetros de alegrias sobre rodas por entre algumas das mais belas curvas deste mundo. Umas de piso excepcional e emblemáticos cenários, outras de piso medíocre e emblemáticos cenários. Nem mencionando aquelas que não tem piso sequer, pois são outro mundo. Há de tudo, e para tudo. Na dúvida é percorrer todas como se não houvesse amanhã. A nossa missão aqui, é dá-las a conhecer através dos nossos olhos. Que reluzem de alegria por detrás das viseiras dos nossos capacetes todas as vezes que viajamos por lugares assim. E estão aqui tão perto! Procurem a chave da mota. Há um novo roteiro obrigatório para seguir.

Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica
Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica
Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica
Cordilheira Cantábrica

Sobre a Cantábria

A Cantábria é uma comunidade autónoma, e província, no Norte de Espanha, com Santander como a sua capital. Faz fronteira com as comunidades de Castela e Leão a Sul, Biscaia a Este, Astúrias a Oeste e a norte pelo Mar Cantábrico. Naquele que também se chama Golfo da Biscaia.

Não é o nosso primeiro roteiro pela região, e muitos destes lugares são o regresso prometido em busca de melhor visibilidade na montanha. Pelo caminho, adicionamos outros inexplorados mas mesmo havendo lugares por onde já passámos, podemos garantir que em todas as vezes nos guardam imagens surpreendentes. Seja iluminados por um sol radioso ou cobertos por uma neblina persistente. A Cantábria e as suas montanhas têm a sua beleza em todos os estados.

Viagem de mota pela cordilheira cantábrica
Viagem de mota pela cordilheira cantábrica: Portillo de la Lunada
As paisagens da Cantábria. Românico Palentino
As paisagens da Cantábria

Aquela faixa de terra entre o Mar Cantábrico e a Cordilheira Cantábrica, é também chamada de Espanha Verde. Assim o definiu a sua luxuriante vegetação temperada, e esculpida por um clima oceânico. Além de uma imensa riqueza natural, a Cantábria possui uma imensa riqueza histórica. Ostenta alguns dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo, como pinturas rupestres da Caverna de Altamira, datadas de 37.000 a.C.

Por milhares de quilómetros de percurso, sucedem-se mosteiros, ruínas romanas, eremitórios rupestres, castelos e todas as construções que testemunham ao longo dos séculos a passagem do Homem por suas terras. Entre as mais marcantes, estão as cidades e vilas romanas, que com a queda do Império Romano, serviram de base para outros edifícios da Idade Média. A Cantábria guarda em si, uma grandiosa rota histórica da Ibéria: a Rota do Românico Palentino. 

A Espanha Verde. Românico Palentino
Espanha Verde
e a Cordilheira Cantábrica
Santuário Nossa Senhora del Berzo

Quilómetros de curvas pelos puertos ou portillos 

Quando não estamos na cumeada da montanha acabados de subir um puerto ou portillo de qualquer coisa; nomes que indicam sempre um sugestivo percurso de alta montanha, estamos ou à beira mar a norte, ou na planície a sul, a contemplar um património arqueológico qualquer.

A faixa costeira é definida por baixos vales que encontram o Mar Cantábrico numa linha de abruptas falésias, rasgadas por estuários de rios e muitas praias. Já as montanhas, elevam-se com afinco por centenas de quilómetros sempre paralelas ao mar. Principalmente formadas por rochas calcárias, com as suas muitas formações cársticas.

Vales profundos são escavados por rios de caudal rápido, que definem fisicamente regiões naturais com as suas serras intervenientes: Liébana, Saja Nansa, Besaya, Pas, Miera, Asón, Gándara e Campo. As montanhas tem altitudes variáveis entre os 1500 metros a 2000 metros de altitude, cujos topos dividem as bacias hidrográficas dos rios Ebro, Douro, e todos os pequenos rios que desaguam no Golfo da Biscaia.

Collau de Espina
Collau de Espina
As paisagens da Cantábria. Românico Palentino
Alto del Caracol

Rota do Românico Palentino

O Românico Palentino é o património de arte românica localizado na província espanhola de Palência, e uma da mais importante concentração de monumentos românicos da Europa. A rota divide-se em quatro zonas: Norte, La Ojeda, Boedo e Valdavia, Caminho de Santigo e Meridional. Mas é no Românico Norte que centramos a nossa rota. Naquela que obteve distinção de Património pela UNESCO.

Entre  Aguilar de Campo e Cervera de Pisuerga, a História e Natureza convivem em harmonia por entre estradas pouco conhecidas e cheias de encanto. Nas terras selvagens do sul da Cantábria a  Montaña Palentina está repleta de tesouros. Em busca de paz e silêncio, este foi o território eleito por eremitas da Idade Média para viver. Construíram casas em locais de difícil acesso, escavando ou aproveitando as grutas da rocha furada pela erosão. Hoje em dia, resta-nos comtemplar os que sobriveram à passagem do tempo. Admirando a arte a sua arte.

Cenários apresentados, é hora de seguir para um roteiro por tantos lugares quanto conseguirmos. Viajar de mota pela Cantábria é a oportunidade de uma grande viagem aqui ao lado, rica em história, natureza e gastronomia.

Românico Palentino
Românico Palentino
Românico Palentino
Rota do Românico Palentino

Roteiro de 5 dias de viagem pela rota do Românico Palentino e a Cordilheira Cantábrica

Este roteiro de 5 dias foi definido tendo em conta que já conhecíamos alguns lugares na região, privilegiando a passagem por outros por nós desconhecidos. Há muitas hipóteses de roteiros na zona, e já anteriormente partilhámos um roteiro pela Cantábria de mota. Poderemos voltar mais uma dezena de vezes, que deixaremos sempre algum recanto por explorar. Aqui partilhamos 5 dias de viagem de mota desde o Centro de Portugal até ao Norte de Espanha mais inexplorado.

Dia 1 – Batalha – Lago de Sanabria – 550 km em estradas secundárias e auto estradas

O Lago de Sanabria é aquele lugar sempre simpático eleger para pernoitar quando rumamos ao Norte de Espanha. A saída da Batalha foi com destino ao maior lago de origem glaciar da Ibéria. Pelo caminho, atravessámos as colinas de vinhedos do Douro Internacional ao longo do curso do Sabor. Percorremos as paisagens fabulosas do Parque Natural do Montesinho para entrar em Espanha na aldeia de França, fugindo dos percursos mais rápidos.

O dia termina com a passagem por Puebla de Sanabria, um dos Pueblos Bonitos de España, e a subida a San Martin de Castañeda para pernoitar com vista para o grande lago.

Continuamos sem escolher o equipamento em condições

Numa época do ano com o clima tão instável, teríamos apenas dispensado aquele frio de Inverno em plena Primavera. Afinal, viajámos com os fatos sem o forro térmico, em prova da nossa confiança no sol, e mais calor. Creio que andaremos por toda a vida sem nunca escolher o equipamento adequado. Conforme sempre digo: o tempo no destino será dependente do fato que escolhermos em casa. Se viajarmos de fato de Verão, vai estar uma tempestade de frio polar! Se vestirmos o fato de chuva, vai parar de chover. E todas essas questões associadas à Lei de Murphy.

Mas vamos pensar exclusivamente no que importa: estaríamos melhor no calor do nosso sofá ou no frio da Serra de Sanabria mal equipados? A resposta é clara. Mal me lembro do pôr do sol que nos recebeu neste dia depois de 500km de chuva forte, e temperaturas entre os 5 e 10 graus. Espreitava determinado em alegrar-nos, só para nos lembrar porque é que saímos da nossa zona de conforto.

Eram quase 9 horas da noite quando entrámos no Turismo Rural El Recreo em sensação de hipotermia. Enquanto os outros hóspedes e os proprietários nos olhavam por detrás do rústico balcão de madeira com um ar intrigado. Aquele aparato de fatos de chuva a fazer barulho e a água a molhar o chão de pedra da recepção era uma visão para eles anormal. Pouparam-nos às formalidades do check in e encaminharam-nos directamente ao quarto. Onde ficámos a aquecer debaixo da água do chuveiro. Amanhã seria outro dia, e estaríamos decididos a vestir o pijama debaixo do fato de assim fosse preciso!

🛏️Alojamento no Lago de Sanabria

Na montanha, ambos a cerca de 15 Km de Puebla de Sanabria e com restaurante no local. O que evita saídas noturnas para jantar e para nós é sempre uma mais valia.

Na aldeia em Puebla de Sanabria temos estas duas sugestões. Ambas a uma boa distância de caminhada do centro onde inúmeros restaurantes se encontram. O Hotel Victoria não tem parque privado para a mota.

Dia 2 – Lago de Sanabria – Aguilar de Campo 350 km em estradas secundárias e auto estradas

Um dia que começa com aquele o amanhecer soalheiro temperado por um frio mesmo frio. Onde até as vacas que pastam nos prados imensamente verdes nos olham com ar curioso. As paisagens brilham porque na noite anterior foram iluminadas pela chuva, e o ar gélido da montanha faz-nos suspirar com mais dificuldade. Os olhos choram de frio mas o coração aquece emocionado com tamanha beleza. A nossa mota ficou estacionada na rua. Uma capa de orvalho gelado reveste-a de brilho. Calçamos as luvas molhadas que não secaram de noite. Aquela luvinha de pele fininha que em teoria é para clima quente e seco, mas que teimamos em usar todo o ano.

Rumamos a norte, pelos arredores de Léon onde decidimos abastecer-nos de pão, jamón ibérico, fruta e bebidas. Estávamos de olho na montanha que se destaca no horizonte e por lá provavelmente não encontraríamos muita comida.

Hoces de Vegacervera

Chegados a Hoces de Vergacervera encontramos aquele lugar mágico que há muito ansiávamos conhecer. Uma área natural protegida, localizada na província de León, comunidade de Castilla y León, no Norte de Espanha. Caracteriza-se por nos transportar em curtos quilómetros da planície para a montanha. Ali, a verticalidade das paredes rochosas, e o estreitamento do vale produzido pela erosão do rio Torío, tornam o percurso pela pequena estrada que o acompanha, num dos mais soberbos que tivemos oportunidade de contemplar.

Entre os ambos os lados do desfiladeiro de Las Hoces de Vergacervera, existem pastagens com moitas de tojo e zimbro rasteiro. Nas encostas do maciço, são as matas de carvalhos e faias que salpicam as paisagens de cor em função da época do ano. No fundo do vale, são os salgueiros e os choupos que mergulham os pés nas águas do rio, num perfeito equilíbrio da natureza. Segue-se o Collada de Carmenes, Collado de Valdeteja e Hoces de Valdeteja. Num igual registo de percurso panorâmico.

Estrada LE 315 - Desfiladeiro do rio Torío
Estrada LE 315 – Desfiladeiro do rio Torío

 

Santuário de Nuestra Señora del Brezo

Entramos na Montaña Palentina oficialmente. E pouco passa da hora do almoço quando percorremos a estreita, mas fantástica, estrada que nos leva ao topo e ao Santuário de Nuestra Señora del Brezo. 

Num dia onde a temperatura não passou dos 10 graus, continuamos dentro dos fatos a sentir a falta das camadas de Inverno. Procuramos em redor do santuário uma mesa de piquenique que nos possa abrigar por uns momentos. Conforme previsto, não passámos até então em nenhum lugar que nos possa dar almoço e por isso será o farnel assegurado pela manhã que vai servir de refeição.

O vento frio e o sol a rarear não dão tréguas com a temperatura. Lembramos que as cabeças do motor da RT estão quentinhas. Dão para aquecer as mãos e secar as luvas que teimam em permanecer molhadas.

Eremitório Rupestre De San Vicente 

Creio que já devem ter reparado, que visitar lugares assim nos intriga e fascina. Costumam referir-se a eles como mais um qualquer monte de pedra. Monte de pedra esse, que gostamos de visitar, tentando entender afinal qual teria sido o propósito da sua construção e o que passaria pelas ideias e necessidades dos nossos antepassados. A conclusão é sempre a mesma: muito mistério em torno das múltiplas utilizações que os povos que por ali passaram lhe deram.

O Eremitório Rupestre de San Vicente está localizado os arredores de Cervera de Pisuerga, e faz parte de um conjunto de construções de ermidas localizadas na Serra de Palência, e sul da Cantábria. Com o apogeu nos primórdios da Idade Média, está localizado na zona de confluência entre os rios Pisuerga e Rivera e apresenta uma ermida escavada numa pequena rocha de arenito. Esta ermida, está rodeada por uma necrópole datada entre os séculos VIII a IX e possuiu certa de 20 túmulos antropomórficos escavados na rocha e orientados com as cabeceiras a poente e os pés a nascente. Crê-se que a ermida e necrópole teriam feito parte de um pequeno complexo monástico e que teria outras edificações que não resistiram à passagem do tempo.

O acesso ao Eremitório Rupestre de San Vicente é gratuito e pode ser feito por um pequeno acesso fora de estrada com menos de 1 km. Estacionamos a nossa mota junto ao monumento e seguimos para uma curta caminhada.

🛏️Alojamento em Aguilar de Campo

Nos arredores de Aguilar de Campo, num pequeno promontório rochoso com vista para a montanha a norte e as planícies a sul, foi na La Posada del Santuario que terminámos o nosso dia. Num edifício histórico, integrado numa igreja da rota do românico, encontrámos um acolhedor local de boas gentes, boa cama e boa comida. O restaurante disponível merece por si só a viagem e este é o lugar que muito recomendamos para pernoitar.

La Posada del Santuario
La Posada del Santuario

Dia 3 – Aguilar de Campo – Liérganes 300 km em estradas secundárias 

O sol espreitava timidamente entre uma capa de nuvens carregada logo pela manhã, anunciando que passaria o dia a lutar sem sucesso para poder brilhar livremente. Entre pingos de chuva e raios de sol, avançamos para norte seguindo o roteiro idealizado. Afinal, a Cantábria não está revestida por um verde vigoroso porque os dias de sol são frequentes. Pelo contrário, com um clima instável de alta montanha, a chuva é uma forte possibilidade.

Nascimento do Rio Ebro

O rio Ebro é o maior rio de Espanha e nasce na Cordilheira Cantábrica. Mais precisamente na pequena aldeia de Fontibre. Perfaz cerca de 900 quilómetros até ao seu delta, no Mediterrâneo, província de Tarragona. Percorre Miranda do Ebro, Logrono, Saragoça, Flix, Tortosa e Amposta, além de muitos outros povoados mais pequenos até desaguar no mar das Baleares. Não podíamos sair da região sem visitar a sua nascente. Inserida numa aldeia de casario tradicional, identificada com marcos escritos em latim, a nascente do Ebro jorra do interior da terra com determinação.

Nascimento do Rio Ebro, Fontibre
Nascimento do Rio Ebro, Fontibre

Domus Romana Julióbriga

A poucos quilómetros de Fontibre  encontramos Julióbriga numa colina com vista rio. Outrora o mais importante centro urbano do Império Romano na Cantábria, o local foi um poderoso símbolo do domínio romano sob as tribos da Cantábria. Devido à sua estratégica localização, dali era possível controlar o comércio entre o rio Douro e o Golfo da Biscaia. A cidade cresceu lentamente atingindo o seu apogeu entre o final do século I e o final do século II d.c. A partir do século III, foi totalmente abandonada com a queda do império. Mais tarde, sob as suas ruínas foi construída a igreja de Santa Maria de Retortillo nos finais do século XII, um templo cristão católico de estilo românico.

Admirando as suas fachadas e fundações, é possível admirar a notória transição de estilos arquitectónicos. Ambos tinham pelo menos algo em comum: o bom gosto para eleger os seus destinos. Aos pés da antiga cidade romana de Julióbriga e da igreja românica, está o encantador Ebro e seus largos meandros. A pouca distância da sua nascente mas com uma imensa determinação em conquistar o seu território em direcção ao mar centenas de quilómetros depois.

Domus Romana Julióbriga
Igreja Românica Santa Maria de Retortillo
Domus Romana Julióbriga
Domus Romana Julióbriga
Santa Maria de Retortillo
Santa Maria de Retortillo

Nascimento do Rio Asón

Asón é um pequeno núcleo rural com o mesmo nome do rio que ali nasce. Por entre profundos desfiladeiros de maciços calcários que albergam no seu interior centenas de cavidades, está o nascimento do rio Asón rodeado por florestas autóctones. Uma impressionantes cascata de mais de 50 m de altura, que pode ser contemplada na maior parte da extensão da curvilínea estrada CA-265.

O mundo de puertos e portillos da Cantábria

Tenho a certeza que ainda deixámos muitos por percorrer, mas posso garantir que pelo menos neste dia, multiplicaram-se as curvas pelas estradas de alta montanha da região. Ora entre chuva forte e piso molhado, ora entre pequenos raios de sol, ora entre o céu nublado que ameaça desabar. Estávamos em Espinosa de los Monteros, a última povoação que encontraríamos antes da subida à montanha. O céu no horizonte estava cinzento escuro e os picos rochosos cobertos pelas nuvens. O ar frio e húmido sente-se de viseira aberta, mas não foram suficientes para nos fazer alterar a rota.

Costumo descrever os nossos roteiros por estas estradas como um novelo bem comprido. Pois quando defino a passagem por elas, embrulho a rota em mil e um oitos de forma a percorrer o máximo possível das redondezas. Portillo Alto Los Machucos, Alto del Caracol, Puerto de la Braguia e de Estacas de Trueba, Portillo de Lunada ou de la Sia. São só alguns dos obrigatórios que fazem parte do roteiro e estão partilhados no nosso mapa.

Portillo de Lunada
Portillo de Lunada
Alto del Caracol. Românico Palentino
Alto del Caracol
Collau de Espina. Românico Palentino
Collau de Espina
Puerto de los Machucos
Puerto de los Machucos

🛏️Alojamento em Lierganes

Dia 4 – Liérganes – Palencia 200 km em estradas secundárias

Seguimos em direcção a Palência deixando para trás as montanhas da Cantábria. Iniciando o regresso a casa aproveitando o que de melhor há pelo caminho. Palência é uma província rica em templos românicos e imponentes castelos, como já tivéramos oportunidade de constatar nos primeiros dias pela região. Voltamos a eles conhecendo mais alguns, regressando novamente às margens do Ebro. Onde a estrada que o contorna representa um dos mais panorâmicos da percursos do país. É admirável a forma como perfurou os rochedos em redor até criar um conjunto de desfiladeiros pronunciados e paisagens subterrâneas infinitas. Por momentos esquecemos a impressão de que por ali, Espanha é apenas uma planície.

A paisagem revela surpresas sempre que saímos das vias rápidas. Temos a certeza de que a rede de estradas espanholas foi projetada levando os percursos rápidos totalmente para fora dos pequenos centros. Não os atravessa, não os incomoda, não os descaracteriza. E, para quem está de passagem, dificilmente imagina ali ao lado algo tão fantástico. Entramos no parque natural de, Ojo Guarena, Canon de la Horadada e na área natural protegida de Las Tuerces entre Aguilar de Campo e Olleros de Pisuerga.

Ojo Guarena e a Ermita de San Barnabé

Explorar o mundo subterrâneo da região é entrar no coração do Monumento Natural de Ojo Guarena e lá encontrar a Ermida de San Barnabé. Um dos maiores complexos cársicos de toda a Espanha. Aqui existem quilómetros e quilómetros de grutas e galerias distribuídas por vários pisos nas rochas, que maravilham os mais aventureiros. Nelas, foram encontradas pinturas rupestres que evidenciam a utilização como abrigo das comunidades da Pré-História.

Nós focamo-nos em conhecer aquela que é uma das poucas visitáveis: os 400 metros de gruta que terminam na Ermida de San Barnabé. A pequena igreja que foi encaixada na rocha e com uma abóboda natural que conserva notáveis pinturas sobre a vida de San Barnabé. De cores ricas e vistosas, é impossível não ficar fascinando a olhar para o tecto durante todo o tempo possível.

Ermida de San Barnabé
Ermida de San Barnabé
Interior da Ermida de San Barnabé
Interior da Ermita de San Barnabé
Viagem de moto pelo Norte de Espanha: Ermida de San Barnabé
Gruta no Interior da Ermida de San Barnabé

Olleros de Pisuerga e a catedral da arte rupestre

Continuamos a viagem ao passado em Olleros de Pisuerga. Uma pequena localidade no sopé do geoparque Las Loras, incluído na lista da UNESCO. Olleros de Pisuerga é feita de ruas cuidadas, de casario tradicional com portas e janelas de madeira, adornadas por tijolos de cor ocre.

Nos seus arredores, escavada numa gigante massa calcária encontramos a enigmática igreja de Santos Justo y Pastor. À semelhança de muitos outros templos rupestres, está rodeada por uma necrópole. O local transmite uma atmosfera misteriosa e intrigante por entre a tranquilidade do parque natural. Aquele sossego deve ter cativado os eremitas que por ali passaram em busca de solidão. É considerada a catedral da arte rupestre e ostenta duas naves com capelas de traçado original, um retábulo e duas talhas por entre um púlpito de madeira.

Viagem de mota pela Cordilheira Cantábrica Igreja Rupestre de los Santos Justo y Pastor
Igreja Rupestre de los Santos Justo y Pastor
Viagem de mota pela Cordilheira Cantábrica Igreja Rupestre de los Santos Justo y Pastor
Torre da Igreja Rupestre de los Santos Justo y Pastor

Dia 5 – Palencia – Batalha 700 km em estradas secundárias e auto estradas

Terminamos esta rota com o regresso a casa pelas estradas nacionais de Espanha. Atravessar a Serra de Gredos pelo Puerto de Tornavacas é sempre aquele rumo que se toma a bom ritmo por entre as paisagens panorâmicas da reguão. Ora entre as planicies de cultivo que na Primavera estão em flor, quer pela passagem pelo Vale de Jerte com os socalcos de cerejais que se perdem no horizonte. A passagem da fronteira é pela habitual rota do Tejo Internacional, em Zarza la Mayor. Mais um regresso a casa de coração cheio de novos mundos, novos lugares e novos quilómetros em beleza

Viagem de mota por Espanha
Viagem de mota por Espanha
Viagem de mota por Espanha
Campos em flor na Primavera
Viagem de mota por Espanha
De mota por Espanha, região de Salamanca

Quando ir

Esta é uma região de alta montanha, com altitudes que próximas dos 2000 metros. Isto quer dizer que para uma viagem de mota para usufruir das estradas da região em pleno e em segurança, devem ser evitados os meses entre Novembro a Março.

Em todos os outros meses do ano, com a excepção das tempestades imprevisíveis, será a época ideal para uma viagem de mota fora das épocas de neve. Por lá, as pequenas estradas podem estar encerradas durante o Inverno, estando apenas os itinerários principais em funcionamento.

Alojamento

Partilhamos acima algumas boas opções de alojamento numa viagem de mota pela rota do Românico Palentino e Cordilheira Cantábrica. Optamos sempre por fazer reservas com cancelamento gratuito até datas/horas muito próximas do check-in e para o fazer não há melhor do que a plataforma de reservas online Booking.

Saúde

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Postos de combustível e serviços

Existe uma boa rede de postos de combustível pela região. Mas, como em qualquer zona de montanha, recomendamos que abasteça com boas margens de autonomia pois só haverá oportunidade de abastecer fora dela.

Mapa do roteiro de viagem de mota pelo Românico Palentino na Cordilheira Cantábrica

Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Pretende utilizar este mapa no seu aparelho de navegação e não sabe como o fazer? Consulte aqui o nosso artigo já publicado.

  • Quilómetros totais: 2000km
  • Duração da viagem sugerida: 5 dias

Tem mais dias disponíveis para viajar? Consulte os nossos roteiros publicados pelo Norte de Espanha, facilmente conciliáveis com uma viagem de mota pela região.

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