Sabem que andamos sempre atrás daqueles lugares menos divulgados para visitar em Portugal não é verdade? Aqueles que sofrem com a injustiça de não serem amplamente partilhados como merecem. Ou acabam esquecidos por não estarem ali ao lado de um local mais afamado.
A nossa ânsia pela descoberta, e necessidade de explorar o mundo começou no nosso país. Seguindo as pegadas dos nossos pais que, desde tenra idade, sempre fizeram questão de, pela sua mão, nos levar a conhecer a riqueza de que Portugal é feito. Por isso, é já seguro dizer que corremos Portugal de Norte a Sul, de Este a Oeste tantas vezes que podíamos achar ser difícil descobrir algo novo. Mas não achamos! Em todas as vezes que ousamos percorrer de mota os cantinhos da nossa nação, há sempre uma pequena estrada, um monumento perdido, uma maravilha qualquer para adoçar a nossa alma, e renovar a nossa viagem. Os caminhos deste país são infinitos, a riqueza natural é gigante, a diversidade é muita e a História do mundo está nele profundamente marcada.
Assim, em jeito de breve resumo, deixo aqui alguns lugares menos divulgados para visitar em Portugal. Aqueles que de imediato me ocorrem quando penso nos últimos lugares que visitei, e tornaram o nosso roteiro mais especial.
8 Lugares menos divulgados para visitar em Portugal
Rota dos Fósseis no rio Pônsul, Penha Garcia
Lembrar que a duração da nossa existência na Terra é insignificante quando comparada com outras eras nem sempre nos ocorre. Mas visitar locais assim diz-nos que somos pequeninos na História do planeta, e que as rochas são os livros que podemos abrir para a conhecer.
Aqui no interior de Portugal, a curtos passos da vizinha Espanha, Penha Garcia acolhe num promontório rochoso o seu castelo templário. A seus pés e entre gigantes paredes de quartzitos, o rio Pônsul flui em forma de vertiginosa queda de água: o Açude do Pego. Nas paredes rochosas envolventes que ali se elevam com mais afinco, encontramos rochas repletas de vidas petrificadas que ali viveram num mar de há 500 milhões de anos. Estamos na Rota dos Fósseis de Penha Garcia e com todo um mundo geológico à nossa volta para nos fascinar.
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Calçada Romana de Alpajares, Freixo de Espada à Cinta
Além de um percurso panorâmico soberbo este é também um percurso de história milenar. Localizado em Freixo de Espada à Cinta e nas escarpas do Douro Internacional, Norte de Portugal. As montanhas onde se encontram a Calçada de Alpajares guardam em si séculos de história. Revelando ao longo da totalidade da sua extensão vestígios de uma antiquíssima presença humana. Assim o testemunham as pinturas rupestres com mais de 8000 anos da Fraga do Gato e o antigo povoado da Idade do Bronze conhecido como Castro de São Paulo com vestígios de ocupação romana.
No ponto mais elevado da rota encontram-se sepulturas medievais escavadas na rocha e, a partir delas, um trilho sinuoso de estrada empedrada: a Calçada de Alpajares. O acesso por estrada pavimentada às extremidades da Calçada de Alpajares é feito por duas partes, e não sabemos distinguir qual a mais espectacular. Portanto sugerimos que se façam as duas, uma delas, um percurso sem saída. Mais informação aqui.

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Roteiro de viagem compatível: Roteiro no Parque Natural do Douro Internacional entre o Vale do Côa e do Sabor | Região de Trás-Os Montes e Alto Douro
Sé de Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova
Durante quase um milénio Idanha-a-Velha foi o local mais importante da Beira Interior. A chamada Egitânia nos tempos antigos, teve um fundamental papel durante a ocupação romana na Península Ibérica. A riqueza do seu património arqueológico é visível de imediato, assim que se cruzam as portas da pequena aldeia fortificada.
É uma aldeia museu onde, numa curta caminhada pelos seus recantos, somos levados a compreender o enquadramento histórico impressionante, sua origem e evolução, até ter ficado esquecida no interior do país. A Sé Catedral de Idanha-a-Velha é a sua principal referência. Originalmente construída pelos romanos, foi mais tarde tornada mesquita durante a Invasão Muçulmana da Ibéria e voltou a ser igreja na era dos Templários. Impressas nas suas fachadas estão as marcas deixadas por todos os que por ali passaram. Por ali, encontramos um museu a céu aberto.


Anta do Tapadão, Portalegre
Haverá melhor lugar do que este para assistir um pôr-do-sol no sossego das paisagens do Alentejo? Não sei o que tem a Anta do Tapadão, mas aquele lugar emana beleza, e projecta em si tudo o que de belo há nesta região de Portugal. Em redor de uma perfeita silhueta de sobreiros que se perde no horizonte, e num pequeno planalto entre rochedos graníticos, a Anta do Tapadão é um monumento megalítico perfeitamente alinhado para o melhor ângulo do nascer e pôr-do-sol. Mesmo para quem não aprecie a arte megalítica em si, é impossível ficar indiferente à paisagem deslumbrante que ali se encontra.
Localizada a poucos quilómetros da pequena Aldeia da Mata, concelho do Crato, Sul de Portugal, a Anta da Aldeia da Mata ou Anta do Tapadão é um monumento com mais de cinco mil anos de idade. Destaca-se pelo grande porte e encontra-se em muito bom estado de preservação. É, provavelmente, o maior monumento megalítico que já visitámos em Portugal.

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Roteiro de viagem compatível: Roteiro na Serra de São Mamede | Nisa, Marvão, Castelo de Vide
Santuário de Panóias, Vila Real
Nos arredores da cidade transmontana de Vila Real, encontramos no Santuário de Panóias um lugar único em território nacional. Um dos locais mais intrigantes da Antiguidade e todos os cultos a ela associados. Num planalto de granito, enquadrado em lugar de destaque, ainda são possíveis encontrar as escadas construídas nas rochas que acediam aos edifícios de culto nela construídas. Assim como as cavidades e pias cravadas no topo dos rochedos, utilizados em sacrifícios de animais. E todos os canais por onde escorria o seu sangue. Um ritual que nos tempos modernos tem tanto de intrigante como de macabro. A pouca informação associada a estes locais, permite ainda assim enquadrar a sua construção no período da Ocupação Romana da Ibéria.

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Roteiro de viagem compatível: Roteiro pelo Parque Natural do Alvão e Estrada N304 | Portugal
Pinturas Rupestres do Vale do Junco, Arronches
Parecem ter sido os primeiros painéis de Arte Rupestre a ter sido explorados em Portugal. Mas de certo que são os últimos a serem, hoje em dia, devidamente divulgados. Na pequena aldeia de Esperança, município de Arronches, e no sopé da Serra de São Mamede, encontramos o Abrigo dos Gaviões. Um dos 9 abrigos locais que se encontram decorados com figuras rupestres. Ali, numa pequena formação quartzítica está um abrigo virado a sul que guarda em si milénios de História.
Uma das mais notáveis reproduções rupestres dentro da Ibéria, estas pinturas têm cerca de 3000 anos de idade. São na sua maioria monocromáticas, de tons avermelhados, onde são reconhecidas silhuetas antropomórficas e zoomórficas.


Roteiro de viagem compatível: Roteiro na Serra de São Mamede | Nisa, Marvão, Castelo de Vide
Ruínas Romanas do Prazo, Freixo de Numão
Saímos do traçado da N222 para seguir a tímida sinalética que anuncia este lugar. Naquele cantinho soalheiro, de vistas largas e fabulosas, estão os testemunhos da época antiga em forma de uma vila romana e povoado medieval. São as Ruínas Romanas do Prazo, nos arredores de Freixo de Numão, Norte de Portugal. Ali é possível apreciar alguns dos vestígios arqueológicos mais bem preservados do país, resultado de uma multiplicidade de ocupações desde o período Neolítico antigo até à Idade Média. Sepulturas, um templo paleocristão, um Menir e a presença de uma casa senhorial e uma zona balnear testemunham a ocupação romana na região. Chamam-lhe o Machu Picchu português, e a analogia é merecida.



Roteiro de viagem compatível: Portugal de Este a Oeste pela Estrada N222
Pegadas de Dinossauros de Vale de Meios, Alcanede
Em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, em Alcanede, encontramos as Jazidas das Pegadas de Dinossauros de Vale de Meios. Que em conjunto com a Pedreira do Galinha (Ourém) e Pedra da Mua (Arrábida) são as mais importantes, e mais antigas, da Ibéria. Remontam ao Jurássico, o período da história da Terra que compreende um intervalo de tempo entre os 200 a 154 milhões de anos. Nesta idade, o local era uma laguna litoral onde os gigantes do passado deixaram impressas as suas marcas. Estas consolidaram na rocha como um carimbo que ainda hoje nos maravilha apreciar. É possível notar com muita clareza as marcas das pegadas dos carnívoros (triangulares) e dos herbívoros (redondas).

Roteiro de viagem compatível: Roteiro no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros
Mapa de alguns lugares menos divulgados para visitar em Portugal
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Pretende utilizar este mapa no seu aparelho de navegação e não sabe como o fazer? Consulte aqui o nosso artigo já publicado.
Excelente!! Obrigado!! Um Forte Abraço aos Câmara!!
Sempre excelentes relatos que nos inspiram para pegar na montada e partir,,,,
Muito obrigado pela mensagem! Boas curvas 🙂