Dedicar alguns dias a percorrer o Norte da Escócia é, inevitavelmente, explorar uma das rotas mais icónicas do mundo: a North Coast 500 ou NC500. Em terras de sua majestade, em pleno coração da Escócia mais autêntica, por ela encontrámos cenários únicos e numerosos locais a destacar.
Whisky, campos de golfe, gaitas-de-foles, estradas panorâmicas de horizontes calmos e serenos. Castelos de pedra desgastada pelos tempos e lagos, muitos lagos. Daqueles que reflectem em si uma paisagem escarpada, lembrando-nos a cada imagem que regressaremos das Terras Altas da Escócia, inevitavelmente diferentes.
North Coast 500, a Route 66 escocesa
A rota pela North Coast 500 é rainha de qualquer viagem pelo país. A pérola escocesa tantas vezes comparada com a Route 66, nos USA. Um percurso que alimenta sonhos e conquistas, não fosse também por lá que chegamos a Jonh Ogroat’s e a Land’s End. Hoje em dia, uma espécie de Meca para motociclistas.

Aquele bichinho frenético que habita em nós, sempre nos criou uma ansiedade imensa por percorrer sobre duas rodas, a selvagem e indomável Escócia. E porque o sonho comanda a vida, este foi o momento em que, juntos e de mota, explorámos um dos lugares mais preciosos de sempre.
Espreitando pela viseira do nosso capacete, escusado será dizer que muitos foram os momentos em que a emoção nos deixou um brilho especial no olhar: estávamos por fim, com as duas rodas na Escócia!
Sobre a Escócia e as Highlands
Ainda que pertença ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, as marcas culturais únicas fazem da Escócia uma ”nação” em si. As Highlands (Terras Altas), no seu extremo mais a norte e mais remoto, oferecem a calma, a serenidade e a ausência de ruído em paisagens desertas, que se revelam majestosas para onde quer que se olhe.
A North Coast 500, é a desculpa para percorrer as Highlands de ponta a ponta e uma das melhores maneiras de o fazer. A rota turística criada unindo os principais locais a explorar, sempre de olhos postos no mar. Prolonga-se por cerca de 900 km e é um desfile de numerosas belezas.
Uma rota carregada de personalidade, impregnada pelas paisagens livres e indomáveis das misteriosas Highlands, banhadas pelos ares do Mar do Norte e do Atlântico. Repleta de estradas que nos ficam cravadas na memória, todas para percorrer ao ritmo mais lento possível. As Highlands merecem todos os dias que lhes possam dedicar. Vamos explorá-la?



Roteiro de 3 dias pela rota da NC500
Dia 1 – Fort Augustus – Eilean Donan Castle – Garve – Jonh O’groats – Dunnet Head | 420 km (6 horas de condução em estradas secundárias)
Desde a nossa chegada à Escócia e às Highlands, que os dias de chuva alternados por uma neblina misteriosa, nos encobriam os horizontes mais longínquos e nos perseguiam incansavelmente. A verdade é que, apesar de desagradável passear debaixo de chuva, esta foi também uma maneira de conhecer o país com um encanto mais invernoso. E sem dúvida que muita beleza se encontra em dias cinzentos.
Mas, no nosso último dia à beira do Loch Ness, naquele em que iniciaríamos a rota pela North Coast 500 e chegaríamos a Jonh Ogroat’s, nos confins da Escócia, o dia amanheceu soalheiro. Daquele tipo de sol radioso que revela um céu azul e paisagens iluminadas. Sempre acompanhados pelas nuvens, ora cinzentas ora brancas, que ao sabor do vento nos levam a esperar um chuvisco aqui e outro acolá. Tão típico do norte da Europa.
O percurso levou-nos para Oeste, por entre as montanhas que ladeiam a estrada A87 que termina na Ilha de Skye. E porquê para Oeste se o Norte era o destino? Porque ouvíramos falar da pequena rota de Glenelg e das suas 1001 maravilhas, e não as poderíamos perder por nada. Também porque somos um pouco alucinados e os nossos roteiros são sempre tudo menos óbvios!

Glenelg, National Tourist Route
O nome pode até chamar-lhe uma rota turística, mas afluência ao local é tudo menos a comum num local turístico. Percorremos os cerca de 11 km quilómetros do percurso que nos levaria à Ilha de Skye (depois da travessia num rudimentar ferry) e não vimos vivalma! Apenas ovelhas, muitas ovelhas. Umas a tirar uma sesta na estrada, indiferentes à nossa passagem, outras a fugir do ruído do nosso motor, claramente assustadas.

A pequena Old Military Road que nos guia por todo o percurso, é uma estreita estrada, outrora utilizada para fins militares. Avança pela montanha em curvas sinuosas e com soberbas vistas para o Loch Duich. Aqui, e sob o despertar de um dia de sol, testemunhamos mais um cenário mágico digno de uma aguarela de um grande pintor. No Loch Duich, criada pela maior artista de sempre: a mãe natureza.
Numa estrada sem movimento, desligamos a nossa mota numa paragem para registar o momento. Ouvimos apenas o barulho das folhas das árvores em movimento e o suave chocalhar das águas sem ondulação, que se movem ao sabor de uma ténue brisa matinal.
O cheiro é de mar e as cores das algas e vegetação marinha que revestem as margens, são uma mágica sintonia entre o castanho, amarelo e verde vivo. Uau! Uau é a única palavra com que podemos descrever tamanho espectáculo natural.


A suposta travessia para Skye
Avançamos para o coração da montanha, já com a silhueta de Skye no horizonte. A estrada segue em altitude, oferecendo vistas privilegiadas para o sumptuoso vale que nos acompanha. Chegamos por fim a Glenelg, o local da travessia de ferry para a ilha de Skye.


Parece que chegámos cedo demais! As travessias seriam apenas realizadas depois das 10h e no nosso relógio ainda não eram 9h. Voltámos para trás repetindo o percurso e regressando à A87. Visitámos o famoso Eilean Donan Castle à beira mar plantado, e continuámos o nosso caminho de encontro à North Coast 500.

A entrada oficial na rota da North Coast 500
A partir da pequena aldeia costeira de Strathcarron, entrámos oficialmente com as duas rodas na rota da NC500. A partir deste ponto saberíamos que daí a uns dias, lá estaríamos de regresso no final do percurso circular pela NC500.
Seguimos para Garve, e para nordeste, finalmente entrando no rumo a norte. Por dezenas de quilómetros, fomos apenas nós e meia dúzia de motociclistas também solitários. Atravessámos uma região de paisagens despidas, de montanhas revestidas apenas por uma vegetação rasteira e alguns bosques resistentes à dureza do Inverno. Os tons verdes e acastanhados, já tão familiares, continuam a deslumbrar. Sucedem-se lagos sombrios com reflexos da paisagem e ribeiros vigorosos que os unem e alimentam.
Voltámos a ver o mar. Estávamos agora na costa Este em plena subida para Jonh Ogroat’s e o fim da estrada. De olho no Mar do Norte na totalidade do percurso, fizemos centenas de quilómetros sentindo que percorríamos as estradas nos Açores.



Será que chegámos aos Açores? O lado Este da NC500
A semelhança é indiscutível e para tornar a sensação mais realista, só faltaram mesmo as hortênsias de corres garridas. Aqui, na Escócia, substituídas por vigorosas azáleas. As colinas são revestidas de ervas de verde vivo onde pastam nos campos as vacas leiteiras. Os terrenos divididos por muros de pedra e de vegetação mais intensa. Todos terminam no mar a uma curta distância.
A semelhança paisagística e o sentimento de que percorríamos uma das nossas ilhas portuguesas terminou mal nos deu a fome. Sim, nos Açores teríamos de imediato um cheirinho bom à beira de um restaurante qualquer e uma deliciosa comida tradicional à nossa espera. Por aqui restou-nos um piquenique à beira da estrada, de latas de sardinha e outros improvisos. Pelo menos a vista era de luxo. Afinal, não foi pela gastronomia que rumámos à Escócia.
Jonh Ogroat’s, The End of the Road
Chegar a Jonh Ogroat’s nos confins remotos da Escócia, é ser invadido por avassalador sentimento de conquista e felicidade. Há tantos anos este era um destino sonhado! Há tantos anos esta era uma rota da nossa bucket list. E agora ali estávamos. Com a mesma adrenalina com que chegámos há uns anos atrás ao Cabo Norte, na Noruega. Também um destino motociclístico de eleição.
Não há grandes actividades no pequeno aglomerado populacional de Jonh Ogroat’s. Um pequeno porto, meia dúzia de casas, algumas lojas turísticas e o famoso marco onde todos querem uma fotografia. Revestido por autocolantes também nós deixámos a nossa marca. Se um dia chegarem ao fim da estrada, procurem o Quilómetro Infinito!

Dunnet’s Head e a Dunnet Beach
A rota rumo ao Mar do Norte antecipa inúmeros locais de interesse paisagístico e múltiplos cenários fascinantes. Todos com uma estrada panorâmica a uni-los. Dunnet’s Head é mais uma com um simbolismo especial. Uma pequena península, onde a estrada B855 termina num farol e no promontório rochoso, que é o ponto mais setentrional do país. Daqui são visíveis as dramáticas encostas escarpadas e as pequenas baías que se formam junto à costa.
A pouca distância dali, o nosso dia terminou à beira de uma das maiores praias da região: Dunnet Beach. A contemplar um pôr-do-sol deslumbrante, a ouvir a ondulação e o vento do Mar do Norte, que neste dia decidiu dar uma trégua.



🛏️ Alojamento em Dunnet, NC500
À distância de uma pequena caminhada de Dunnet Beach e do restaurante mais próximo, Dunnet B&B Escapes foi a nossa escolha para pernoitar. Encontrar alojamento na NC500 é uma tarefa árdua e dispendiosa. Com meses de antecedência reservámos em Booking.com este pequeno alojamento particular, com uma cotação que além de representar uma grande poupança, nos garantiu uma noite bem dormida pelas Terras Altas. Bom parque, boa localização, bom pequeno almoço e casa de banho privada. Clique para mais informações, ler reviews de outros hóspedes e reservar a estadia em Dunnet B&B Escapes.

Dia 2 – Dunnet Head – Altnaharra – Smoo Cave – Durness – Drumberg | 250 km (5 horas de condução em estradas secundárias)
Se até então os cenários que nos acompanharam eram feitos de relevo pouco variável e de colinas a perder de vista, a partir de Dunnet Head mudam subitamente os panoramas. O rumo leva-nos a Thurso, a última grande cidade que veremos pelos próximos dias.
Aqui, somos levados a crer que entramos por fim, na face mais acidentada das Terras Altas. As montanhas elevam-se a cotas muito superiores. A estrada oscila entre falésias e baías com praias de águas cristalinas, revelando uma costa rendilhada e salpicada por rochedos. Em seu redor estão as ondas do mar chocando gentilmente e criando a espuma branca que os adorna.
Altnaharra e Alltnacaillich
O nosso instinto leva-nos cada vez mais, a explorar muito mais do que as rotas turísticas pré-definidas. Usualmente damos sempre um saltinho a percursos menos divulgados e, na maioria das vezes, descobrimos momentos e lugares que nos fazem ganhar o dia. Despedimos-nos por uns quilómetros da NC500, junto ao pequeno povoado de Tongue e entrámos no coração montanhoso que nos acompanhava de longe.

Em torno de Ben Hope
A estrada, afunilando entre estreitas curvas, conduz-nos em direcção ao pacato Loch Naver e a Altnaharra. De súbito, vislumbramos Ben Hope com toda a sua imponência. Esta é formação rochosa que os deuses cravaram nos confins da Escócia só para nós, alguns veados, ovelhas e alguns pescadores que tentam a sua sorte nas margens dos lagos. Aqui sentimos de novo, o barulho do silêncio.
Este tesouro motociclístico não é feito de estradas soberbas e de pavimento perfeito. Mas sim de estradas rugosas, estreitas e onde cresce erva no meio. Percorrer as Terras Altas obriga-nos a um ritmo lento. Por sua vez, oferece-nos tempo para assimilar todos as relíquias que encontramos pelo caminho.



Dun Dornaigil Broch, um saltinho à Idade do Ferro
Já quase de saída das montanhas e em breve na rota da NC500 novamente, eis que Dun Dornaigil Broch nos salta ao caminho. Localizado nas margens do rio Strathmore, não é no meio de nenhures, encontramos um edifício histórico com milhares de anos de existência?
Uma espécie de abrigo que remonta à Idade do Ferro e há pelo menos 2300 anos atrás. As suas ruínas ainda atingem uns impressionantes 7m de altura (acredita-se terem sido o dobro). Conta com uma disposição interior digna de grandes mestres de engenharia, aqui está um abrigo pronto para albergar e proteger uma tribo inteira.


De novo na rota da NC500, Costa Norte
É por momentos como este que, os dias nas Terras Altas da Escócia nos parecem longos como semanas. Em curto espaço de quilómetros, avançamos a um ritmo tão calmo e com tanta diversidade histórica e paisagística, que a nossa alma enche de pequenos prazeres e novos conhecimentos. A cada quilómetro, ficamos mais ricos e mais completos.
Agora, de novo de olhos postos no mar, os cenários que nos rodeiam levam-nos ao fascínio. Mais uma vez. Como é possível ainda sermos tão maravilhosamente surpreendidos?
Durness seria a próxima povoação, aquela que tão ingenuamente achávamos ser de maiores proporções. Antes, os nossos olhos brilharam nas praias e baías que contornam a NC500. Azul cristalino a contrastar com o azul profundo do oceano. Os areais de tons claros que só imaginaríamos nos trópicos. Não fosse o ar gélido que nos batia no rosto, sentiríamos-nos a viajar por um país próximo à linha do Equador.




A NC500 às margens do Atlântico, Costa Oeste
É em Durness que entramos na costa Oeste da NC500. Os rochedos continuam a erguer-se ao longo de toda a zona costeira. De um lado o oceano infinito e translúcido, do outro as montanhas em tons verdes e castanhos, com os seus lagos sobranceiros.
As estradas tornam-se cada vez mais estreitas e ao estilo ”single track” (passagem alternada). Na generalidade, por todos os trechos mais apertados, os condutores revelam-se atenciosos, cedendo as passagens às motos. Um estilo de condução que nos apazigua e liberta para aproveitar o que nos rodeia.
Entramos em estradas minúsculas, de inclinações elevadas, com curvas pronunciadas. Alternadas com percursos em planaltos de largos horizontes e vista mar. Aqui, sentimos-nos felizardos por não nos cruzarmos com um carro, outra moto ou, na pior das hipóteses, uma caravana! Com tamanha geometria de percurso, seria um desafio à gravidade a tarefa de parar numa descida curvilínea. Sim, estes pequenos trechos, feitos de estradas de má qualidade e muito técnicos continuam a ser parte da rota NC500. Mas os cenários compensam. Prometemos.
As vacas peludas, hoje em dia escasseiam pelas Terras Altas da Escócia
Na Escócia, existe uma raça de vaca com características bem distintas das que estamos habituados: são as vacas peludas! De chifres encurvados e uma longa franja que lhes cai sobre os olhos. Noutros tempos, uma espécie dominante pelas paisagens selvagens do país, hoje em dia encontram-se em menor quantidade. Nesta região da NC500, as vacas peludas e as ovelhas são os únicos seres vivos com quem nos cruzamos. Não parecem incomodar-se com os olhares mais curiosos dos forasteiros.



O lado mais remoto da NC500
A magia da NC500 assenta, além das suas paisagens idílicas, na sua natureza praticamente intocada e no seu isolamento acentuado. Como tal, infra-estruturas de apoio aos locais e visitantes são raras.
Ver uma bomba de gasolina, em especial no lado Oeste, significa ter de parar para abastecer, mesmo que não seja necessário de imediato. Ver um supermercado significa garantir que os enlatados, a fruta, o pão e a água continuam a fazer parte das nossas bagagens. Ver um restaurante é difícil e, nesta altura do ano, os poucos existentes, encontram-se totalmente reservados para os grupos de turistas guiados que por lá chegam.
Escusado será dizer que neste dia, o nosso jantar foi em modo piquenique. E se o manjar não foi dos deuses, neste dia o sol desapareceu no mar, criando um esquema de cores radiante. Mais uma vez, as sandes de sardinha enlatada acompanharam um cenário majestoso.

Por ironia do destino, e já com alguns dias de viagem longe da comida portuguesa (a melhor do mundo), da janela do nosso quarto espreitávamos um galinheiro recheado. ”Devemos sugerir aos nossos anfitriões que lhes damos a provar um guisado e uma canja de galinha?”. Ficámos-nos pela sandes de sardinha.
🛏️ Alojamento em Drumbeg, NC 500
Tor Druim, foi o alojamento eleito para pernoitar na zona Oeste da NC500, perto do pequeno aglomerado de casas em Drumbeg. Situada numa colina à beira mar, este é um alojamento particular com anfitriões de extrema simpatia, bem ao estilo escocês. Por lá alugámos um pequeno quarto privado, com vista mar, casa de banho privada e pequeno almoço incluído. Clique para mais informações, ler reviews de outros hóspedes e reservar a estadia em Tor Druim.
Dia 3 – Drumbeg – Achmelvich Bay – Loch Assynt – Gairloch – Applecross | 350 km ( 6 horas de condução em estradas secundárias)
O que se passa na chuvosa Escócia? O que é feito da sua personalidade climatérica mal humorada? O sol não brilha imparávelmente, mas é certo que nos espreita pela maior parte do dia. O dia amanheceu de novo soalheiro.
Seguimos agora para Sul rumo a Lochinver, a aldeia que é tão pequena que mal notámos a sua existência. Antes, desviámos uma vez mais da NC500, para percorrer a estrada sem saída que nos levou a Achmelvich Bay. A praia rodeada de extensos areais finos e esbranquiçados onde as águas nos remetem novamente aos paraísos dos trópicos.
O desvio é recompensador e a repetição nada enfadonha. São diferentes perspectivas de uma estrada costeira que circunda um pequeno fiorde. Um braço de mar que avança entre os rochedos de granito e nos remetem novamente, aos fiordes da Noruega. Estaremos nas Ilhas Lofoten talvez? Não, são as Terras Altas da Escócia!




De Loch Assynt a Gairloch
Ora entre o mar, ora entre lagos. Ora entre mar e lagos ao mesmo tempo. Assim é a NC500 e, nesta região, é o Loch Assynt que faz as honras da paisagem. Nas suas margens estão as ruínas do Ardvreck Castle a acrescentar peso histórico ao local. A relembrar-nos do período da história, em que o país ainda era governado pelo sistema de clãs em seus castelos imponentes.

Quilómetros e quilómetros se seguiram. Feitos com o prazer de viajar tão em comunhão com a natureza. Até aqui, já vimos construções medievais, castelos, montanhas e vales irrigados com rios de água pura. A somar a paisagem costeira com as suas falésias íngremes e povoados pesqueiros, parece-nos que a NC500 tem tudo o que precisamos para uma viajam épica.
Applecross, Bealach na Bá
Estávamos em breve a terminar percurso pela NC500. Daí, seguiríamos para a Ilha de Skye, outro postal turístico das Terras Altas. Antes, restava-nos percorrer uma das estradas de montanha mais badalada do país: Bealach na Bá, em Applecross.
Beinn Bhan é o dramático rochedo que se eleva à beira mar. Ainda alguns quilómetros faltavam para iniciar a subida e já o horizonte se avistava carregado e envolto em nuvens ameaçadoras. Bealach na Bá ficou para nós o ” Chove Acolá”.
Antes da subida, a minha ansiedade era imensa. Muitos foram os que nos alertaram acerca da dificuldade do percurso. Mesmo com já alguns quilómetros de estradas técnicas realizados, o nervosismo pelas alturas é algo que teima em não desaparecer com a experiência. E, ali no Reino Unido, depois de percorrer a mais difícil estrada da nossa vida de motociclistas (ver aqui detalhes), pelo meu cérebro desenvolviam-se imagens de terror. Enquanto isso, o João descontraído, deliciava-se com o seu gelado à beira mar, na praia de Applecross. Será que ele não estava a ver as placas alarmistas? Como raio saberia eu que estaria vento lá em cima?! Já avisavam cá em baixo não?


À medida que a subida se prolongava, mais uma vez concluía: confirmar tudo com as nossas próprias rodas é a melhor maneira de tecer as nossas próprias conclusões. Bealach na Bá ou Chove Acolá, é sim uma estrada de montanha soberba, mas com um nível de dificuldade médio e sem qualquer desafio às vertigens alheias.
A NC500 ficou para trás e voltámos ao ponto onde há 3 dias atrás a tínhamos iniciado: Lochcarron. Era hora de explorar a ilha de Skye. Boas curvas!

Mapa do Percurso, Locais de Interesse e Alojamento pela North Coast 500 – NC500
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Aqui incluem-se as seguintes informações:
- Locais de interesse histórico
- Restaurantes
- Alojamento
Total de quilómetros aproximados do percurso pela estrada NC500: 900 km
Tempo mínimo aconselhado: 3 dias
Enquadramento no roteiro de viagem de mota pelo Reino Unido e Irlanda:
⬅️ Etapa anterior: Do Cairngorms National Park ao Loch Ness em Inverness, Escócia
➡️ Etapa seguinte: Visitar a Ilha de Skye – Roteiro pelos melhores locais | Escócia
Consulte abaixo os nossos artigos já publicados muitos mais detalhes de todas as regiões visitadas no nosso grande roteiro pelo Reino Unido e Irlanda:
- Quanto custa e como chegar de mota ao Reino Unido? 4 Alternativas
- Stonehenge – Uma visita ao passado megalítico | Inglaterra
- Peak District – 3 Estradas Panorâmicas imperdíveis | Inglaterra
- Lake District – Um tour pelas 6 melhores estradas da região | Inglaterra
- Visitar Hadrian’s Wall – A estrada ao longo da mítica muralha romana | Inglaterra
- Lindisfarne Causeway: A estrada inglesa que desaparece duas vezes por dia | Inglaterra
- Visitar a Ilha de Skye – Roteiro pelos melhores locais | Escócia
- De Mallaig na estrada para as ilhas ao Loch Lomond, passando por Glencoe | Escócia
- Roteiro de 2 dias pela Irlanda do Norte – Causeway Coastal Route | Irlanda do Norte
- Gap of Dunloe no Ring of Kerry | Irlanda