E como é que de repente nos lembramos de uma rota pelo País Basco e Cantábria? Porque não há fim de semana prolongado que o nosso calendário nos dê que não seja por nós aproveitado até ao último momento para fazermos aquilo que mais gostamos: viajar de mota pelas estradas fantásticas do planeta.
Aos quatro habituais dias com uma ponte pelo meio, adicionamos mais um dia para chegar mais longe. Conseguimos assim uma rota mais além. Nunca esquecendo o nosso dia zero. Aquele em que saímos do trabalho e vamos dormir 500km de auto estradas depois, optimizando a rota nos dias seguintes por lugares do nosso interesse.



Mas o nosso Portugal tem tanta coisa fantástica para explorar! Porquê ir para mais longe?! Somos os primeiros a concordar que o nosso país é um paraíso para andar de mota, viver e desfrutar a cada quilómetro de uma gastronomia e geografia maravilhosas. Mas ele está ao nosso alcance o ano todo. Quando temos um tempo extra, a prioridade é ir mais além.
Como definimos o próximo destino? Avaliamos em que época do ano estamos e damos instrucções ao nosso GPS para nos guiar para norte ou para sul. Um fim de semana de Outono com temperaturas altas pela Ibéria? Para norte sem dúvida! E a Cantábria exerce em nós aquele magnetismo especial, por ser um dos nossos lugares favoritos no Norte de Espanha. Também o País Basco que está ali ao lado e tem os melhores pintxos do planeta! E a rota do rio Ebro? O maior rio de Espanha? Deve ser um espectáculo acompanhar os seu curso até ao Delta no Mediterrâneo, e na nossa última viagem à região ficámos com a pulga atrás da orelha.


Dia 0 – Batalha – Valladolid | 500 km em 5 horas de condução
Temos de ser criativos na maneira como optimizamos o nosso tempo. Quando nos perguntam o que fazemos para poder viajar tanto e ter tantos dias livres, respondemos sempre: somos um casal normal com os mesmos miseráveis 22 dias úteis de férias de todos. Por isso as pequenas coisas contam e, para nós, este dia zero é a nossa maneira de avançar num roteiro mais distante, despachando os quilómetros desinteressantes e ganhando tempo nos dias seguintes para o dedicar à parte interessante do roteiro.
Assim, o dia zero é a nossa a prática que consideramos ser um sucesso para gerir tempo: sair do trabalho às 18h já com a mota carregada e equipados para seguir viagem. O dia eleito para uns quilómetros de travessia em etapas rápidas até a um alojamento estratégico que já nos conhece de longa data: o Hotel Pago del Olivo, nos arredores da grande cidade de Valladolid. Para mais informações acerca deste hotel consultar disponibilidade e preços do Hotel Pago del Olivo aqui.
Muito bem localizado na saída da autoestrada, com um preço equilibrado, garagem e parque fechado para a moto gratuito, confortável e boas condições de limpeza. Quase sem sentir, adiantámos 500 km e estamos agora mais perto do passeio a sério.
Dia 1 – Valladolid – Orduna | 380 km em 6 horas de condução
No parque fechado do Hotel Pago del Olivo, com as malas interiores naquele chão de cimento polido que já tantas vezes vimos, o João faz o puzzle da arrumação, retira o cadeado de disco da mota e prepara o nosso GPS para o guiar pela rota do dia.
O dia amanhece soalheiro apesar de a temperatura exterior rondar os 12 graus. Viajamos com os nossos fatos ventilados porque as noites já são frias, mas os dias de calor ainda se fazem sentir e não tardará muito tempo até que a temperatura passe os 30 graus.
Não queres o teu fato de chuva? Pergunto ao João enquanto visto o meu. A técnica que utilizo por cima do fato ventilado para me proteger do frio enquanto a temperatura não sobe. Ele, depois do exercício diário de arrumação de bagagem segue acalorado para os cerca de 150 km de auto estrada que nos levarão ao sopé da Montana Palentina. Escusado será dizer que parámos em poucos quilómetros numa área de serviço para vestir camadas.
A entrada no Parque Natural da Montanha Palentina
Aguilar de Campo é a nossa porta de entrada no Parque Natural da Montanha Palentina, e onde começa o nosso modo de passeio e 700 quilómetros depois de termos saído de casa. A Montana Palentina é um parque natural integrado na Cordilheira Cantábrica, internacionalmente conhecido por ostentar a maior concentração de monumentos românicos da Europa.
A rota do Românico Palentino é indissociável de uma rota gastronómica e panorâmica pelo Norte de Espanha. Mesmo que não tenhamos interesse em ver mais uma ermita da Idade Média, ou mais uma torre de uma Igreja qualquer, elas saltam-nos ao caminho num traçado absolutamente intrigante e repleto de cultura.


Foi durante a Primavera que lhe dedicámos um roteiro especial, e foi nele que adicionámos mais um objectivo ao nosso mapa: Definir um roteiro de viagem desde a acompanhar o curso do rio Ebro desde a nascente (Fontibre) até à foz (Tarragona). Essa intenção levou-nos novamente ao Norte de Espanha.
Orbaneja del Castillo
O Ebro elegeu criteriosamente os seus locais de passagem, e Orbaneja del Castillo é apenas mais uma prova disso mesmo. A cidade ostenta uma soberba localização por entre um anfiteatro rochoso e, a seus pés corre o enigmático rio a cerca de 200 metros de profundidade.
Á água marca o ritmo deste pequeno vilarejo da província de Burgos, aninhado por entre as altas paredes rochosas do desfiladeiro que o Ebro moldou com paciência inabalável durante séculos. As pequenas vielas íngremes de degraus de pedra acompanham a majestosa cascata que por ali flui vigorosa. Formando a seus pés pequenas piscinas naturais de cor turquesa, rodeadas de rochedos cobertos de musgo e líquenes de um verde vigoroso. Uma pequena ponte permite que a estrada atravesse esta maravilha da Natureza, levando-nos a contemplar sobre rodas tamanha beleza.



O castelo e a igreja de Orbaneja del Castillo oferecem um perfeito miradouro para admirar a paisagem em redor. Durante séculos árabes e cristãos conviveram neste local, deixando-lhe de herança uma imensa riqueza cultural.
Orbeneja del Castillo teve o seu período de maior esplendor no século XII, quando os peregrinos que percorriam os Caminhos de Santiago ali se refugiavam. Hoje em dia, é a paisagem natural e as cascatas de contos de fadas que nos roubam todos os olhares. E conquistam de imediato quem por ali passa.
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Mirador Del Cañon Del Ebro
Avançamos pelas estradas que acompanham o curso do rio até à paragem seguinte: o Mirador del Cañon Del Ebro. Assim que nasce das profundezas da cordilheira cantábrica, o Ebro forma uma das maiores albufeiras do país e entra na zona de Burgos erodindo os planaltos calcários de La Lora. Por ali, abriu uma fenda com mais de duzentos metros de profundidade, num mágico vale onde florestas de carvalhos e faias acompanham as suas margens escarpadas, disputando um lugar a seus pés.
Estacionamos na beira da estrada, numa difícil sombra que nos possa manter a mota, e os capacetes, longe do sol de mais de 30 graus que teima em brilhar. Entramos a pé num pequeno caminho com uma ligeira descida e poucos metros depois testemunhamos a magnitude da área. Naqueles rochedos calcários repletos de grutas está também a casa de centenas de grifos e águias que nos brindam com a sua presença.


Ermita de Santa María de la Hoz e Cascadas de Tobera
Espanha tem uma capacidade única de nos fazer crer que a maioria do seu território é uma vasta planície de milhares de quilómetros com umas montanhas para os lados dos Picos da Europa, Pirenéus e Serra Nevada. E que toda a restante área è aquela que nos resta atravessar vezes sem conta pelas inúmeras rectas com destino ao extremo oposto. Geralmente em auto estrada e com rumo a França, ou ao ferry em Barcelona.
Hoje, concluo que Espanha tem apenas uma boa rede de estradas rápidas que foram desenhadas para manter o seu património natural e urbanístico o mais recatado possível. Ousando sair dos itinerários principais, descobrimos um relevo e geografia únicas por onde desfiladeiros rochosos, montanhas e vilarejos bem preservados se multiplicam. A nossa chegada a Frias e Tobera aviva-nos essa convicção.
Esta localidade na região de Las Merindades está localizada a poucos quilómetros de Frias, que dizem ser a mais pequena cidade de Espanha. Por lá encontramos as cascatas e ermidas de Tobera. Um conjunto de duas ermidas: Santa Maria de La Hoz e Ermita del Cristo de los Remedios por entre uma ponte de origem romana.




Cañón de Sobrón
Nem sempre seguir o Ebro nos dá a oportunidade de claramente ver o curso do rio. A densidade das florestas que cresceram nas suas margens escondem as águas do rio em grande parte do traçado da estrada que o acompanha. Os quilómetros avançam e a busca por um vislumbre continua. Por vezes já com algum desânimo, imaginando que talvez o percurso pedestre nos trouxesse melhor perspectiva.
Na fronteira entre a Cantábria e o País Basco, o Ebro lê-nos a mente e decide que é hora de nos relembrar porque estamos ali: o Cañón de Sobrón, cuja existência desconhecíamos surge no nosso horizonte. Uma sucessão de pequenos túneis escavados nos meandros do Ebro permitem que a estrada BU 530 avance no traçado sinuoso paralelo ao rio. As montanhas elevam-se por quilómetros e percorremos agora o percurso panorâmico num dos mais belos vales que o Ebro desenhou.


Puerto de Orduña
Afastamo-nos da rota do Ebro neste final de dia. Apenas porque a pesquisa de alojamento na região mais próxima não nos deu grandes alternativas que fossem do nosso agrado. Falo daquela exigência que têm de ser cumprida exactamente pela seguinte ordem de prioridades: parque privado para a nossa mota, boa limpeza, bom preço, restaurante no local ou a distância de caminhada e, se for lindo e pitoresco melhor. Encontrámos isso em Orduña 60 km a norte da rota do Ebro. Afinal que são 60km de desvio? Apenas mais uma hora de rotas panorâmicas.
Orduña é um município rodeado inteiramente pela província basca de Álava e pela província de Burgos, Castela e Leão. No sopé da Serra de Salbada, onde o Puerto de Orduña é a principal atracção motociclística.
Construído nos finais do Séc. XVIII como parte do Caminho Real que unia Burgos a Bilbao, Puerto de Orduña é a estrada que avança numa das encostas da montanha e se prolonga por cerca de 8km com o Golfo da Biscaia à vista. O ponto mais alto atinge os 902 m e esta é também uma estrada conhecida por ser umas da etapas de La Vuelta, em Espanha.
E ao alcance de uma caminhada mais prolongada, está a maior queda de água da Península Ibérica: o Salto del Nervión. Cujo acesso é possível através do traçado do Puerto de Orduña. Cerca de 270 metros de altitude é a altura que a destaca como a maior da Ibéria e uma das maiores da Europa. Tem origem na junção dos ribeiros de Iturrigutxi, Ajiturri e Urita, e por atravessar um terreno cársico, caracterizado pela dissolução química das rochas, nem sempre transporta água. Na data da nossa viagem (Outubro), a cascata estava sem água e por isso deixa-nos ali um motivo para regressar ao País Basco só para a conhecer no seu auge.
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Alojamento em Orduña
Dia 2 – Orduna – San Sebastian | 200 km em 4 horas de condução
O dia amanheceu soalheiro no Caserio Iruaritz. Estamos a viajar pela região durante uma atípica vaga de calor na Ibérica que está igualmente a atingir o Norte de Espanha. A ideia inicial era acompanhar o rio Ebro até ao Mediterrânio, e conhecer o Delta do Ebro em Tarragona. Mas, no dia anterior, as altas temperaturas demoveram-nos dessa ideia. Para nós, viajar de mota com temperaturas a rondar os 40 graus é sofrimento. Por isso mesmo, definimos um plano B para continuar sob o sol do País Basco, mas por entre os ares do mar e a frescura que dos seus bosques e florestas verdejantes.
João, hoje vamos fazer um roteiro mais tranquilo. Aproveitamos para descansar um bocadinho e fazemos um dia com apenas 200 km de estradas para percorrer. Ainda por cima, há alguns anos que tenho um lugar a norte de de Bilbao marcado no meu mapa: San Juan de Gaztelugatxe, parece-me altura ideal para o visitar.
San Juan de Gaztelugatxe
Nem eu nem o João imaginávamos que visitar a mágica ilha de San Juan de Gaztelugatxe seria tudo menos uma actividade compatível com descanso. Afinal, os seus mais de 250 degraus (para cada lado) e os seus cerca de 2km de percurso pedestre definem logo ali que temos uma visita desafiante pela frente. Mas quando estamos no parque de estacionamento de visitantes e observamos as placas de sinalização, repletos de energia e sem cansaço, os 2km anunciados parecem-nos já ali.
Estamos com o mar à vista num idílico lugar entre as cidades costeiras de Bakio e Bermeo, na costa Basca. San Juan de Gaztelugatxe , cujo nome ainda não sei pronunciar em voz alta, é uma igreja erguida originalmente no século IX. Tem sido o cenário de clãs e lendas de piratas sob o tempestuoso Golfo da Biscaia que escavou falésias e túneis em seu redor.
À medida que iniciamos a caminhada por uma abrupta descida, brincamos com o facto de saber que teremos de voltar para trás a subir. Sem realmente ter noção da quantidade de fôlego que precisaríamos para vencer aquela inclinação numa caminhada dentro dos fatos da mota.
A visita ao local é grátis mas em época alta é necessário reservar o horário pois o acesso é controlado e o local é conhecido pelas suas multidões desde que foi um dos cenários de filmagens da épica série Guerra dos Tronos e a ilha ficou conhecida pela Pedra do Dragão.



Rota costeira Zumaia – Zarautz
Entre o azul forte do mar Cantábrico, no Golfo da Biscaia, e o verde vigoroso das montanhas do norte, atravessar o coração do País Basco é contemplar praias selvagens cercadas por íngremes falésias. É percorrer um abrupto, curvilíneo e hipnotizante caminho costeiro. A estrada N634, na etapa entre Zumaia e Zarautz, é uma das etapas que melhor o representa.
E qual foi o segundo principal motivo pelo qual voltamos ao País Basco? A gastronomia! O País Basco, além de uma região com belas cidades e monumentos, onde pessoas orgulhosas do seu berço e cultura habitam, é também um dos lugares com uma das melhores gastronomias do mundo. Numa mesa de uma das suas quaisquer tabernas, repletas de pintxos ou pratos mais compostos, haverá sempre uma deliciosa experiência gastronómica que agrada ao palato de dois exigentes portugueses. San Sebastian é o auge turístico de todo esse contexto e onde terminamos o dia com amigos de longa data.
Alojamento em San Sebastian
Dia 3 – San Sebastian – Soba | 350 km em 6 horas de condução
Confesso que fizemos um desvio a San Sebastian motivados pela gula. E nada arrependidos com isso, acordámos para mais um dia no País Basco seguindo com destino à Cantábria, na província vizinha. É a nossa segunda vez de mota na região e tentaremos agora, improvisando um roteiro em andamento, percorrer estradas nunca percorridas, parar em povoados nunca conhecidos e repetir algumas das suas melhores etapas com o sol a brilhar.
Saindo da rota costeira, é no coração da Cantábria que encontramos um mundo de estradas que nos remetem directamente às paisagens alpinas. Por entre o Vale de Pas, Pisueña e Myera e os Vale de Asón e Soba encontramos muitas das mais fantásticas estradas da Ibéria, concentradas por entre paisagens idílicas que ganham cores e formas mágicas especialmente no Outono e Primavera.


Vale de Pas, Pisueña e Myera
Porquê o mundo ruma vezes sem conta aos famosos Picos da Europa? Não lhes tirando o devido mérito pela beleza que apresentam, queremos apenas recordar que este parque natural nas vizinhas Astúrias não é, na nossa opinião, o melhor que a zona tem de oferecer. Provavelmente pela afluência dos últimos anos, que inevitavelmente influenciam uma experiência mais tranquila, descaracterizando também paisagens naturais, é na Cantábria vizinha que encontramos lugares que de facto nos arrebatam as medidas. Montanhas sem fim, soberbos traçados onde mal nos cruzamos com vivalma, panoramas de florestas e planaltos rochosos absolutamente mágicos.


Banhados pelos rios que modelam montanhas, e por elas são alimentados num processo majestoso da Natureza, os vales de Pas, Pisueña e Myera aninham as vilas Pasiegas. Aldeias como Castaneda, Puente Viesgo, Vega de Pas, San Roque de Romiera e Liérganes constituem um núcleo rural de uma zona carregada de tradição. Mas são as estradas e estradinhas que as unem a todas que realmente nos fazem brilhar o olhar.
Não passámos já por aquela montanha? Pergunta o João que anda pelo menos há duas horas a contornar o mesmo pico. E eu lá tenho a culpa que o Puerto de Alisas, Alto del Caracol, La Braguia e Estacas de Trueba sejam uns alucinantes percursos curvilíneos, e que para os percorrer a todos tenhamos de fazer uma rota sem sentido? Sem sentido para o caminho mais directo para o vale de Soba, onde pernoitaremos. Mas fazer a rota mais directa é sempre a última das nossas preocupações. Fazemos sempre a rota mais enriquecedora.



Alojamento no vale de Soba
Há alguns lugares onde pernoitamos nas nossas viagens que nos deixam com a eterna vontade de a eles voltar vezes sem conta. A Posada Casa Guadamillas é com certeza um deles. Localizada na pacata aldeia de Bustancillés, no vale de Soba, este alojamento rural é o sonho de qualquer viajante que procure conforto, simpatia, boa comida e o aconchego de um pitoresco lugar na montanha.
Dia 4 – Soba – Astorga | 410 km em 6 horas de condução
É hora de sair da Cantábria. E, nesta manhã soalheira, onde os sinos do gado que se encaminha para o pasto nos desperta, saímos de Bustancillés para mais umas voltas nas montanhas. O objectivo é não deixar nenhuma estrada por percorrer.
Estamos no coração do Parque Natural dos Collados de Asón, e pelas suas íngremes encostas de rochedos esbranquiçados, existe sempre um pequeno acesso que tem de ser descoberto. Vindos do vale de Asón pelo percurso panorâmico que abraça a cascata que lhe dá o berço, é a partir de Bustablado que iniciamos a subida a um dos mais belos, e desafiantes, percursos da Cantábria: Collado de Espina ou Alto de Los Machucos. Tem cerca de 10% de inclinação em poucos metros e 10km de extensão, o Collado de Espina está a 1000 metros acima do nível do mar.



Collado de Espina, um dos mais belos e desafiantes percursos da Cantábria
A subida tornou-se uma das estrelas da edições da Vuelta de Espanha, e está acessível durante todo o ano (se não nevar). O pavimento da estrada está em condições mistas, mas não é pela qualidade do piso, ou para uma condução em maior velocidade, que subimos ao Alto de los Machucos. Recomenda-se até que se faça devagar. Devagar o suficiente para apreciar, parar agradecer ao universo o facto de estarmos num local de tamanha beleza, com o mar à vista e em tamanho espectáculo de cores.



Nas zonas onde a estrada se torna mais íngreme, o Collado de Espina tem secções de pavimento com cimento. Dizem ser para melhorar a aderência mas eu creio serem apenas para fazer o coração disparar. O segredo é não hesitar e a boa visibilidade de todas elas é menos uma preocupação na hora de por ali subir/descer.
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Portillo de la Lunada
San Roque de Romiera recebe-nos na descida do Collado de Espina, a jóia escondida da Cantábria. Mas por ali, para onde quer que se vire há uma estrada de interesse motociclístico a aguardar. E naquele toque de luz outonal, pouco passa das 9 horas da manhã quando deixamos as montanhas pelo Portillo de la Lunada.



As paredes verticais do Portillo de la Lunada, abraçam planaltos soalheiros por onde um tapete amarelado arrebata quem por ali passa. O Outono é das nossas estações preferidas para andar de mota e a Cantábria é um dos melhores lugares para o fazer. São as mil e uma curvas de mais um traçado sinuoso que nos guia a Espinosa de los Monteros. Onde começamos o regresso a casa.



É hora de escolher o percurso mais rápido e rumar à Galiza. Ainda assim, os cerca de 300km que se seguem serão feitos maioritariamente em estradas nacionais. Que nos permitem um ritmo rápido avançando com paisagens panorâmicas. A Montanha Palentina e o Parque Natural dos Picos da Europa acompanham-nos no horizonte, mas é para sul e para a região de Ponferrada que precisamos de ir. Prometendo voltar à região num futuro próximo.
Dia 5 – Astorga – Batalha | 580 km em 6 horas de condução
Saímos da Casa Pepa Hotel Rural a acompanhar os percursos do Caminho de Santiago até Ponferrada. As montanhas da Galiza são outro mundo a explorar, mas o prazo da nossa missão pelo Norte estava a terminar. Com um desvio para uma nova visita às Médulas, entramos na rota mais rápida com destino a nossa casa.
Se continuar a viagem é uma hipotese recomendamos que consultem os nossos roteiros já publicados sobre a região:
Visitar Las Médulas e as terras vermelhas de El Bierzo em Ponferrada | Espanha
A Rota do Douro Internacional e do Lago de Sanabria. Portugal 🇵🇹 | Espanha 🇪🇸
Informações práticas para uma viagem de mota pelo País Basco e Cantábria
Quando Ir
Esta é uma região de alta montanha, com altitudes que próximas dos 2000 metros e algumas instalações para desportos de Inverno. Isto quer dizer que para uma viagem de mota para usufruir das estradas da região em pleno e em segurança, devem ser evitados os meses entre Novembro a Março.
Em todos os outros meses do ano, com a excepção das tempestades imprevisíveis, será a época ideal para rumar à ao Norte de Espanha fora das épocas de neve. Por lá, as pequenas estradas podem estar encerradas durante o Inverno, estando apenas os itinerários principais em funcionamento.
Seguro de viagem
Sempre foi nosso hábito fazer um seguro de viagem quando cruzamos fronteiras, mesmo para um pequeno fim de semana. Apesar da assistência em viagem da nossa mota, é importante ter consciência que um seguro de viagem é muito mais completo, abrange muito mais circunstâncias e conta com capitais seguros infinitamente superiores em caso de necessidade. Já para não falar que, nas viagens com pendura, a assistência do seguro da mota é praticamente inexistente. Para esclarecer melhor esta questão consulte aqui o nosso artigo já publicado.
Agora, nesta fase de pandemia, paira no ar a questão do Covid-19 que poderá deixar-nos mais apreensivos para fazer grandes planos ou cruzar fronteiras. Assim, indicamos que todos os planos da IATI Seguros incluem todas as despesas em caso de resultado positivo durante a viagem ou na véspera de partida. Pelo que, se já considerávamos importante não sair sem um seguro de viagem, agora recomendamos ainda mais.
Para os 6 dias deste roteiro, existem planos a por pessoa a partir de 15 Eur. Pelo valor simbólico não vale a pena arriscar a cruzar fronteiras sem uma salvaguarda em caso de problemas. Por seres nosso leitor, ao seguires este link ainda estarás a ajudar o blogue a continuar o seu projecto e receberás 5% de desconto no valor total da apólice. Simula abaixo os valores para as datas da tua viagem.
Postos de combustível e serviços
Existe uma boa rede de postos de combustível pela região. Mas, como em qualquer zona de montanha, recomendamos que abasteça com boas margens de autonomia pois só haverá oportunidade de abastecer fora dela.
Mapa do Percurso de viagem de mota pelo País Basco e Cantábria
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Pretende utilizar este mapa no seu aparelho de navegação e não sabe como o fazer? Consulte aqui o nosso artigo já publicado.
- Quilómetros totais: 2300 km
- Duração da viagem sugerida: mínimo 5 dias
gr
Muito bom!
Ainda havemos de percorrer o Collado de Espina … impressionante.