A percorrer os planaltos da Beira Alta, com vista para a mais alta montanha de Portugal Continental, a imponente Serra da Estrela, encontramos o intrigante Roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres. E, avançamos desde já que fazer este percurso é muito mais do que visitar locais de interesse arqueológico. É explorar a rota pelas fabulosas estradas do Centro de Portugal, passando por tradicionais povoados instalados entre paisagens panorâmicas belíssimas, sempre com os ares da serra. É saborear as delicias gastronómicas da região. É parar inúmeras vezes quando nos saltam ao caminho monumentos da antiguidade de interesse histórico inebriante. É associar o prazer de andar de mota a um roteiro que nos leva a relembrar, uma vez mais, a riqueza de que Portugal é feito.


A descoberta do Roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres
Não nos consideramos distraídos no que ao conhecimento acerca do património do nosso país diz respeito. Valorizamos e apreciamos todos os recantos de Portugal, procurando continuamente lugares inexplorados para visitar. Essa procura, pelo nosso país e pelo mundo, é facilitada pelo gosto por ler tudo o que se relacione com viagens, Geografia, História, Arqueologia, etc. Naturalmente, surgem-nos assim inúmeros lugares que vamos assinalando nos nossos mapas para um dia conhecer. Quando a oportunidade surge, já temos uma ideia de uma rota por onde começar.
Tudo isto para dizer que só agora ter ouvido falar do roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres me deixou com algum desânimo. Especialmente depois de o ter visitado. Como é que eu não sabia da existência?! Como é que nunca lá ido? E como é que soube desta maravilha do nosso património através de uma publicação internacional?!
Só posso desejar que um dia esta tendência mude. Que o nosso país passe a ter o merecido destaque também entre fronteiras. E que não seja necessário alguém de outro país vir dizer-nos que o que há em Portugal é bom, para se concluir que é mesmo bom. Porque em jeito de desabafo vos digo: quanto mais saio de Portugal mais adoro a ele voltar.


Partindo para a rota da Pré História
Mas vamos lá ao que interessa mesmo não é verdade? E o que interessa mesmo é que não se perca uma viagem de mota pelo Roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres. Para isso, aqui partilhamos algumas informações que esperamos que vos levem ao local que nos deixou culturalmente um bocadinho mais ricos depois de o visitar.


Sobre Fornos de Algodres
Fornos de Algodres é um concelho do distrito da Guarda, no Centro de Portugal. Limitado a Norte por Aguiar da Beira e Trancoso, a Sul por Gouveia e pelo vale do rio Mondego, a Oeste por Mangualde e Penalva do Castelo e a Este por Celorico da Beira. É uma vila localizada próxima da Serra da Estrela. Portanto, facilmente enquadrado num roteiro que inclua as mil e uma curvas da subida ao tecto de Portugal Continental.
Durante a Pré-História, toda a área que ocupa o território de Fornos de Algodres foi povoada por outras civilizações. Assim o testemunham os dólmens e necrópoles que se encontram pela região que datam dos períodos do Neolítico e Calcolítico ( 4000 a 3000 anos a.C.). Mas naturalmente, ao longo da existência da Humanidade, vários foram os povos que ocuparam a região. Reaproveitando antigas estruturas e construindo as suas. Deixando a sua marca cultural em cada lugar, que prevalece nos tempos modernos para que possamos abrir algumas janelas do passado.
Assim, no concelho de Fornos de Algodres além de uma rota da Pré-História com os monumentos megalíticos da Anta de Cortiçô e de Matança, encontramos também a Necrópole das Forcadas e a Tapada do Anjo da Idade Média, a Fraga da Pena e o seu recinto da Idade do Bronze.

Da Pré História à Ocupação Romana da Ibéria
O período da conquista da Península Ibérica é também ali marcado no património cultural. Quando os romanos invadiram a ibéria, também o actual concelho de Fornos de Algodres era parte integrante do império. Rota de passagem entre a cidade da Guarda, Viseu e Idanha a Velha, na Beira Interior. Assim, são pelo menos 5000 anos de história que por ali passaram, e nós queremos fazer parte dela. Ou, pelo menos, que ela faça parte de nós.
Estes lugares da antiguidade despertam-nos um infinito magnetismo. Ficamos envolvidos por tudo o que os nossos olhos alcançam, tentamos imaginar que pessoas ali viveram, o que as motivava, o bom gosto que tinham para eleger locais para viver; e para morrer. Os lugares estratégicos soalheiros, irrigados, de amplas vistas, férteis, etc. Aqueles princípios básicos da existência humana que hoje nos passam mais ao lado porque estão ao nosso dispor facilmente.


Roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres
Partimos de Fornos de Algodres, onde se pode visitar o Centro de Interpretação Histórica e Arqueológica de Fornos de Algodres (na data da nossa visita estava fechado). Os caminhos levam-nos até aos extensos planaltos da região, por entre paisagens de rochedos graníticos que salpicam os panoramas tão característicos do Centro Interior de Portugal, e pelas amplas estradas que o atravessam.
O roteiro desenrola-se maioritariamente entre dois principais vales: o de Cortiçô e o de Muxagata. Por lá, estes são alguns dos locais que merecem uma paragem.
Anta de Matança
É o primeiro local que visitamos neste nosso roteiro: a Anta de Matança. E à semelhança de todos os monumentos megalíticos que já visitáramos, também este está num local de grande beleza natural, com vista panorâmica privilegiada. As antas são locais de sepulcro dos povos do passado, que para a sua última morada tinham especial cuidado em eleger os mais especiais.



Informações práticas para visitar a Anta da Matança
- Acesso totalmente pavimentado
- Visita livre e grátis
Anta de Cortiçô
Segue-se a Anta de Cortiçô, que difere da anterior pelo corredor de acesso que ainda preserva. Em ambas são visíveis as pequenas pinturas a vermelho e diria, sem ter tido a oportunidade de confirmar, que ambas se orientam seguinte o mesmo alinhamento. E com vista para a Estrela que se eleva do outro lado do vale do Mondego.


Dólmen de Carapito I
Encontrámos o Dólmen de Carapito I em pleno processo de reabilitação. E, apesar de discordarmos da intervenção demasiado invasiva que está a ser feita no monumento, podemos ainda assim constatar a grandeza deste local da antiguidade.
O acesso ao Dólmen de Carapito I é feito por um percurso fora de estrada de menos de 1km. Dependendo da época do ano, poderá não ser prudente levar uma mota com pneus de estrada por todo o percurso. Apesar de não se encontrar desnível, poderão encontrar os terrenos alagados. Em época seca, encontrámos zonas com alguma areia solta. Se viajam com uma mota de estrada, recomendo uma curta caminhada para fazer a visita.

Informações práticas para visitar o Dólmen do Carapito I
- Acesso por um percurso plano fora de estrada com cerca de 800 metros
- Visita livre e grátis
Necrópole das Forcadas
Apesar de não ser um monumento da Pré-História, esta construção da Idade Média tem de ser incluída num circuito por Fornos de Algodres. As necrópoles são igualmente locais de sepulturas dos mortos. Diferem das antas e dólmenes apenas pelo enquadramento no período histórico e pelos povos que as construíram, para a mesma finalidade. Encontram-se habitualmente junto aos centros de grandes civilizações da antiguidade. No actual concelho Fornos de Algodres está a Necrópole das Forcadas.


Informações práticas para visitar a Necrópole das Forcadas
- Acesso pavimentado até cerca de 200 metros da Necrópole.
- Visita livre e grátis
Outros locais históricos a visitar na região
Todos os locais abaixo assinalados estão incluídos no mapa abaixo partilhado.
- Necrópole de São Gens
- Castro de Santiago
- Castelo de Celorico da Beira
Alojamento em Fornos de Algodres
🍽️ Restaurante em Celorico da Beira
Mapa da viagem para visitar o Roteiro Pré Histórico de Fornos de Algodres
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Pretende utilizar este mapa no seu aparelho de navegação e não sabe como o fazer? Consulte aqui o nosso artigo já publicado.
Muito obrigado pela sugestão.
Obrigado pelo comentário e por acompanhar o blogue! Boas curvas 😉