As belas estradas do Douro Vinhateiro numa viagem de mota
Dedicámos um fim de semana de Verão pelas sinuosas estradas, por entre os socalcos do Douro Vinhateiro numa viagem de mota. Uma das mais panorâmicas paisagens a Norte de Portugal, que concilia maravilhosas estradas com bom vinho e boa comida.
Uma viagem de mota pela região é percorrer um local único e enriquecedor a cada curva (e são muitas). É poder estacionar em qualquer pequena aldeia e deliciar-se com a maravilhosa gastronomia da região.
É poder instalar-se numa das inúmeras quintas que recebem em ambiente rural e tranquilo. Desfrutar das inúmeras adegas de prova de vinhos, o néctar mais conhecido de Portugal. Esta última, menos compatível com um passeio em duas rodas, mas nada que não se concilie num final de dia de passeio!
Percorremos quilómetros e quilómetros entre vinhedos perfeitamente alinhados. Onde, no horizonte, toda a paisagem é deslumbrante. Sempre com o Douro a acompanhar como nobre anfitrião.
Em 3 dias de viagem, elegemos algumas das melhores estradas e locais a não perder para explorar o magnífico coração do Douro Vinhateiro. Explicamos tudo o que sabemos de seguida.



Sobre a região
A região do Douro estende-se por quilómetros de beleza natural. Entre grandes desfiladeiros e montanhas por onde o rio serpenteia, no seu caminho até ao mar, na bela cidade do Porto. Grande parte da sua extensão, foi classificada como Património Mundial da UNESCO. É sem dúvida uma região de Portugal que merece ser visitada sobre duas rodas.

Vários concelhos fazem parte da zona distinguida. Será por todos eles que se encontram as melhores estradas e locais para um grande passeio de mota.
Vila Real, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Tabuaço, São João da Pesqueira, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Peso da Régua, Mesão Frio, Lamego, Carrazeda de Ansiães, Armamar e Alijó.
Por lá, as tradições do passado fundem-se com as do presente, na região que é rica pela paisagem modelada pelo homem e alimentada pelo rio Douro a seus pés. Um local único no mundo.
As vinhas, as quintas, os olivais…
As estradas que a atravessam, serpenteiam por quilómetros de boas curvas. Sempre por entre os socalcos suportados pelos muros de xisto, que carregam os vinhedos do néctar de fama internacional: o vinho do Porto!
A paisagem continua a ser profundamente alterada pela indústria de produção de vinhos. Mas é sem dúvida uma bela indústria. Uma que torna o seu espaço de trabalho em hectares de cultivos que se perdem no horizonte numa harmonia avassaladora.

São infinitas as extensões de vinhedos que preenchem todos os socalcos das encostas do majestoso rio Douro. Entre elas, destacam-se as quintas tradicionais que, com todo o charme, sobressaem na paisagem. Autênticos palácios com posição privilegiada nas cumeadas das inúmeras encostas, com os meandros do belo rio a seus pés.
Mas nem só de vinho é feito o Douro! Por lá, também as oliveiras e amendoeiras preenchem os seus campos com muitas colmeias à mistura.
E, em espaço natural de tamanha dimensão e exposição solar abençoada, não podiam faltar as guerreiras que produzem o ouro dos Deuses. Mel e azeite são apenas mais dois preciosos produtos que a região têm para oferecer, além do famoso vinho. Por lá, há muita parra e muita uva, muita azeitona, muita amêndoa e muito mel.


O percurso por entre o Douro Vinhateiro numa viagem de mota
É difícil visitar o Douro e não espreitar os afluentes Côa e o Tua que o complementam. Decidimos revisitar a região do Douro, desta vez sobre duas rodas, mas definimos um percurso bem à nossa medida.
À procura das estradas mais remotas e mais panorâmicas, das que serpenteiam pelas montanhas e vales, e que terminam o dia num local de referência gastronómica.
Descobrimos aquelas que quase não aparecem no mapa Michelin, e cuja rota verde por lá não se assinala. Mas que na realidade merecem a distinção e a visita. Descobrimos alguns cantinhos preciosos e menos conhecidos do Douro e partilhamos tudo.
O caminho para o Douro nos meandros do Côa
Vindos de Sul, o nosso caminho para encontrar o Douro começou seguindo as curvas que acompanham o curso do rio Côa. A partir de Pinhel, na estrada N332, o percurso pela imensidão das planícies e colinas da Beira Alta, levaram-nos por entre curva e contra curva até à região de Trás os Montes.


Castelo Rodrigo, Castelo Melhor e Fôz Coa, são os povoados que pelo caminho se encontram. Entre eles, ficam as estradas que até lá nos chamam. Seguem por quilómetros a desfilar pela paisagem imensa de olivais e amendoais perfeitamente dispostos pelos campos ensoleirados.


Com o Douro à vista na N222, margem sul e na mais bela estrada do mundo
Chegámos ao Douro quase sem dar conta, tamanha a beleza da paisagem e de tudo o que a rodeia. Seguimos para São João da Pesqueira pela famosa N222. Aquela cujo percurso entre a Régua e o Pinhão foi considerado o melhor do mundo!
Nunca saberemos se é a melhor estrada do mundo, mas sabemos com certeza que é uma das melhores do país e da região.
Mas outras merecem o destaque, por isso visitar o Douro representa muitos quilómetros de estradas panorâmicas, cuja área vinícola que atravessam não deixam ninguém indiferente.
Visitámos o Pinhão, a nobre região do Douro rodeada por inúmeras e distintas quintas de vinhos do Douro, que com todo o requinte se enquadram nas colinas.



Pelo curso do rio seguem tradicionais barcos Rabelos, outrora os responsáveis pelo transporte dos barris de vinho do Porto. Reavivam memórias de outros tempos e garantem o seu lugar na prosperidade da região. Não transportam motas, mas oferecem curtos passeios para visitar o Douro numa outra perspectiva além da estrada.

Entre o Douro, a Foz do Tua e Carrazeda de Ansiães
Uma bela surpresa foi o que se revelou o nosso pequeno trajecto para conhecer a Foz do Tua. Por lá, seguimos para Carrazeda de Ansiães passando pelo miradouro de Casal de Loivos e, na pequena e remota aldeia de Cotas pela estrada M597.
Encontrámos duas estradas surpreendentes rodeadas pelos vinhedos em traçado curvilíneo. Uma, de bom pavimento e geometria para uma condução descontraída, por Ribalonga, outra, em modo de descida abrupta e curvilínea pelas encostas escarpadas do Douro, para uma condução de adrenalina!



Pela pequena e louca estrada M597
A M597 é a estreita estrada que se encontra a partir da aldeia de Cotas. Decidimos chamar-lhe o Passo do Douro! Num final de dia pela região, este foi o percurso que nos fez terminar o dia em beleza.
Não é um local onde o prazer de conduzir de mota pode ser levado ao máximo, pelo contrário. Requer cuidado e atenção numa grande descida à beira de precipícios iminentes. Mas o cenário é avassalador e é sem dúvida um grande prazer estar de mota por lá. Afinal, fazemos parte da paisagem!




Dica:
Um pouco por toda a zona vinícola do Douro é necessária alguma atenção extra ao movimento de máquinas agrícolas que trabalham nas inúmeras quintas. De repente saem dos acessos dos campos em locais de menor visibilidade. Nesta estrada é importante ser prudente pois à beira do precipício não haverá espaço a manobras de recurso.
A rota da nossa eleição na margem norte: entre o Pinhão, Sabrosa e Ferrão
Na nossa opinião, a zona do Pinhão é o ponto alto das estradas panorâmicas numa rota pelo Douro Vinhateiro. É também pelos arredores que se localizam as maiores e mais distintas quintas de vinhos do Porto e de mesa do Douro.
Todas as estradas e infra-estruturas dos arredores reflectem um especial cuidado e estado de preservação. São os vinhedos mais belos, as estradas de melhor qualidade e os panoramas mais avassaladores.
Pelas estradas M590, a N322 e CM1268, percorremos a margem norte, num curto percurso matinal entre o Pinhão, São Cristóvão do Douro, Favaios, Sabrosa e Ferrão. E, se no dia anterior o dia tinha terminado em beleza, o dia seguinte iniciou-se num cenário único e numa estrada de tirar o fôlego.





Dicas de alojamento e restaurantes pela região
Pelo Douro, inúmeras são as possibilidades de alojamento e refeições. As que recomendamos são sem dúvida as quintas de turismo rural. Na sua maioria, são antigas casas senhorias restauradas e adaptadas para o turismo que oferecem um espaço tradicional com os jardins e áreas exteriores plenas de bom gosto.
Na zona do Alto Douro Vinhateiro, a zona central onde a maioria do nosso percurso se realizou, pernoitámos na maravilhosa Casa dos Ruis, em Tabuaço.
Porque seguimos o curso do Douro até ao Porto na nossa rota de regresso, pernoitámos também uma noite na região de Baião. A Casa do Almocreve recebeu-nos de forma que só podemos recomendar. Mas a melhor surpresa é o seu restaurante, onde nos deliciámos com o melhor bife das nossas vidas: Restaurante A Casa do Almocreve.
Localizado numa pequena aldeia dos arredores de Baião, é um local onde de certo voltaremos inúmeras vezes. Para contemplar o Douro e para saborear o divinal Bife de Vitela Arouquesa à Almocreve!

A nossa rota de regresso passou pela bela cidade do Porto, onde o Douro termina a sua longa e majestosa viagem na sua busca pelo mar.

Mapa do Percurso pelo Douro Vinhateiro, Côa e Tua
Ainda com muito para explorar, o Douro é delicioso em todos os sentidos. Terminamos mais este artigo com mais uma bela rota pelo nosso pequeno grande Portugal.
Deixamos outra sugestão, desta vez mais a sul para outros fins-de-semana em beleza:
- Pelo Alentejo de mota entre Évora e o Alqueva
- Roteiro nas Serras de Aire e Candeeiros
- Pelo Alentejo de mota entre Évora e o Alqueva
- Roteiro de mota pela Serra da Estrela
Muito bom como sempre, bom texto boas fotos. Obrigado
Obrigado Dario!
Obrigado por tanta informação sempre válida para quem começou a alguns meses.
Obrigado Raul 🙂 Ainda bem que lhe é útil. Boas curvas!
Toda esta região, do Alto Douro Vinhateiro, é excepcional para “passear”, qualquer que seja o pretexto!
Apesar de quase todos os anos lá passar, nos percursos do Lés-a-Lés, existem sempre lugares novos para descobrir.
Aqui, os nossos Amigos, indicam-nos mais alguns!
Obrigado pelo óptimo Guia de Viagem e pelos excelentes conselhos!
Adoramos o Alto Douro Vinhateiro. É mesmo um cantinho precioso do nosso Portugal. Nós fomos durante o Verão, mas a paisagem de Outono também deve ser divinal! Ainda nunca fizemos o Lés-a-Lés, vamos ver se será no próximo ano! Obrigado José Morgado!
Olá. Pra quem está indo a Portugal pela primeira e vai conhecer o padrão (Lisboa, Porto, Óbidos, Coimbra), vc acha mais interessante conciliar alguns dias na região do Douro ou Alentejo? Qual região vc acha mais interessante neste contexto?
A viagem será basicamente de carro exceto em Lisboa e Porto.
Olá Fred! É uma escolha complicada 🙂 São dois locais muito diferentes mas muito fantásticos, mas talvez escolhesse o Douro em primeiro lugar. Aqui fica um pouco do Alentejo: https://quilometroinfinito.com/pelo-alentejo-de-mota-evora-alqueva/ . Boa viagem!
Felicito-vos por este vosso blogue, que está muito bom!
Em 2019 vou juntar alguns amigos e farei a viagem pelo Douro Vinhateiro, procurando seguir as vossas indicações.
Cumprimentos do
Valério Batista
Muito Obrigado Valério! Desejamos-lhe boas curvas pelas estradas do Douro! Felicidades 😉
Cinco estrelas o vosso Blogue, efectivamente uma viagem a fazer este ano.
Muito obrigado António! Boas curvas pelo Douro 😉
Obrigado. Vou agendar.
Boas curvas Joaquim 🙂
Muito bom, parabéns pelas vossas viagens, visitamos o ano passado esta região e este troço de estrada mas com um tempo pouco convidativo, no entanto paisagens lindíssimas independentemente de qualquer clima. Com este post a motivação a regressar e explorar melhor só aumentou.
Muito obrigada Fábio! Boas curvas 😉
Muito obrigado pelas dicas. Bons conselhos de percurso e estadias. Já me foi muito útil. Recomendo.
Muito obrigado pelo seu feedback Jorge! Boas curvas 😉
Olá Patrícia. Vou seguir esta vossa rota em breve 😉 Grato mais uma vez por este vosso trabalho excepcional de partilha!!
No troço a norte a ida e volta ao ponto E, Castanheiro deve-se a alguma razão especial?
Sim Fernando! É uma estrada bonita entre vinhas, com parte do percurso à beira rio. Boa viagem 😉