E depois de um intenso roteiro de viagem de mota pelas Ilhas Faial, Pico e São Jorge, partilhamos agora o nosso percurso durante os 9 dias que passámos em mais um espectacular roteiro pelos Açores. Não podemos neste blogue falar de melhores viagens de mota por Portugal sem incluir as estradas deste nosso arquipélago.
E, se numa anterior viagem às nossas ilhas, São Miguel foi a eleita para o nosso roteiro, desta vez rumámos ao chamado Triângulo do Grupo Central. As ilhas que sugerem que se atravesse o mar numa das numerosas travessias marítimas para as conhecer e, num horizonte próximo, estão sempre de olho umas nas outras: Faial, Pico e São Jorge.
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Alerto que serão humores da montanha do Pico dominarão os dias em viagem: será hoje que ele vai aparecer? Venerado e respeitado, o cume do vulcão do Pico é soberano na paisagem, e visível a partir de quase todos os lugares. É a montanha mais alta de Portugal, e todos os dias a sua silhueta aparece diferente. A sua forma mais comum é a envolta em nuvens!
Quando dá ar de sua graça faz-nos sentir abençoados. O Pico é um vulcão geologicamente jovem, o que nos relembra da sua imprevisibilidade. Deixa em torno de si a magia daquilo que é mais previsível na Natureza: a sua imprevisibilidade. Resta-nos desfrutar de um passeio de mota por todas as paisagens que tão bem enquadra. Na sua própria ilha, e nas vizinhas.

Sobre o Arquipélago dos Açores
O Arquipélago dos Açores está situado sobre a Dorsal Média Atlântica, foi formado pela intensa actividade vulcânica no local durante o final do período Terciário, e é constituído por 9 ilhas no total. A primeira ilha a surgir acima do nível do mar foi a de Santa Maria (8,1Ma). Seguida por São Miguel (4,1Ma), Terceira (3,52Ma), Graciosa (2,5 Ma), Flores (2,16 Ma), Faial (0,7 Ma), Corvo (0,7 Ma), São Jorge (0,55 Ma) e, a mais jovem, o Pico (0,27 Ma).
Como tal, são um dos especiais lugares do mundo onde podemos observar actividade vulcânica e todos fenómenos a ela associada. Caldeiras, fumarolas, lagoas, nascentes termais de águas quentes, vulcões, etc.
Todas as ilhas têm vulcões activos no seu território, excepto Santa Maria. Apesar de muitos não darem sinais de actividade há séculos, existem 26 vulcões activos nos Açores, 8 dos quais submarinos. A actividade vulcânica está directamente relacionada com a intensa actividade sísmica nas ilhas. Os sismógrafos que monitorizam o território registam diariamente centenas de focos sísmicos. Sentir a terra tremer é normal por ali.



O clima nos Açores e as paisagens consequentes
O clima nos Açores é caracterizado por elevados índices de humidade do ar, chuvas regulares e abundantes, assim como regime de ventos fortes. A todos estes factores aliam-se as amenas temperaturas que permitem uma vegetação vigorosa e abundante construindo por ali um jardim botânico em qualquer cantinho.
Milhares de hortênsias delimitam todos os canteiros, estradas, lagoas e outras formações que possamos imaginar. Diz-se que são uma espécie invasora nas ilhas. Mas convém concluir que são uns lindos e elegantes invasores. Alguém consegue imaginar os Açores sem as suas hortênsias? Nós não. Cor-de-rosa, brancas, lilás, azuis, são tantas as cores desta lindíssima planta que promovem um espectáculo natural de cor entre os meses Maio e Setembro, sua época de floração.

Sobre o roteiro de viagem de mota pelo Triângulo do Grupo Central
A Ilha do Faial foi a eleita para iniciar e terminar os 9 dias de viagem de mota no Triângulo do Grupo Central. As ligações aéreas directas entre o aeroporto de Lisboa e a Horta são o único motivo. A partir dela, serão as ligações marítimas que nos levarão a conhecer as restantes ilhas.
Ao contrário do que normalmente definimos, o nosso roteiro pelos Açores foi improvisado a cada dia. Deixámos apenas definidas as etapas de estadia em cada ilha, e os pontos de interesse que queríamos visitar. A partir daí as condições meteorológicas definiram o resto. Está sol na ponta oeste da ilha? É para lá que vamos! A montanha aparece sem nevoeiro? Vamos lá outra vez! Está sol outra vez a sul? Porque não voltar? A proximidade entre lugares assim o facilita. Nada estará a mais de uma hora de distância de um qualquer lugar. Assim, aqui deixaremos o nosso roteiro sugerido, salientando que a ordem com se faz não é a mais importante. A Atlântico Line, a companhia marítima das ligações entre ilhas, de certo que se lembrará de nós como os doidos que mais vezes atravessaram aquele canal em tão pouco espaço de tempo!



Roteiro detalhado de viagem de mota pelas Ilhas Faial, Pico e São Jorge
Durante a nossa partilha nas redes sociais, com uma reportagem diária nas nossas story’s (sempre disponíveis nos destaques do nosso Instagram aqui), muitas vezes nos perguntaram: ”Qual a ilha que escolheriam para uma viagem de mota no Triângulo do Grupo Central?”.
Na nossa opinião pessoal, rumar a uma das ilhas sem tempo para explorar as suas vizinhas é de evitar. Além de não haver maneira de eleger uma sem ser injusto com a outra, a proximidade com que estão, e a facilidade de transportes entre elas, tornam obrigatório incluir as 3 num roteiro. Recomendamos no mínimo 5 dias para visitar as 3 ilhas, sendo que o ideal para um roteiro mais tranquilo serão 9 dias. A nossa opção recaiu nos 9 dias de viagem, e é essa duração que passamos abaixo a descrever.
Dia 1 ao Dia 2 – Roteiro de viagem de mota pela Ilha do Faial (1 noite)
O Faial é a ilha de chegada e partida deste roteiro. Definimos uma etapa de uma noite após chegada, e duas noites antes da partida. Consoante as condições climatéricas, e dada a proximidade entre lugares, deixamos todos os pontos de interesse abaixo que recomendamos a visita, e que podem ser facilmente distribuídos pelos dias de estadia na ilha.
Vulcão dos Capelinhos, Farol e Centro Interpretativo
Primeiro dia na ilha e de imediato enrolámos o punho com destino àquele que é um dos mais icónicos lugares do Atlântico: o Vulcão dos Capelinhos. Também referido na literatura vulcanológica como: Mistério dos Capelinhos, recuando ao tempo em que a ciência por detrás da actividade vulcânica era ainda desconhecida.
O vulcão dos Capelinhos localiza-se na freguesia do Capelo, na Ponta dos Capelinhos. A sua singularidade e beleza paisagística, de formação muito recente, tornam a região uma das maiores atracções do arquipélago.
A recente erupção do Vulcão dos Capelinhos em 27 de Setembro de 1957, marcou para sempre a história do Faial, e a paisagem circundante. Em actividade durante 13 meses, a emissão de cinzas vulcânicas e vapores de água deixaram um raio de destruição em torno do local. Mostrando resiliência, ali permanece o Farol dos Capelinhos intacto depois de tamanho aparato da natureza. Entre os períodos mais explosivos com emissão de bombas vulcânicas e os mais efusivos com a emissão de escoadas lávicas, ali se formou o mais virgem território dos Açores.





Marina da Horta
Ainda no Faial, é na cidade da Horta que se situa a mais conhecida e visitada marinha do mundo, com uma imponente vista para o Pico na ilha ao lado. O Peter’s Café continua a ser uma das atracções principais da cidade, da ilha e do arquipélago. E num primeiro dia na ilha, a cidade é um bom ponto de paragem. É também dali que partem os inúmeros passeios para observação de baleias e golfinhos.



O que visitar na Ilha do Faial
- Centro de Interpretação Vulcão dos Capelinhos
- Subida à Caldeira do Faial
- Marina da Horta
- Baía de Porto Pim
- Reserva Florestal Recreio da Falca
- Miradouro Nossa Senhora da Conceição
- Praia do Almoxarife
- Peter’s Bar Café
- Piscina Natural do Varadouro
- Fortaleza da Horta
- Igreja de São Mateus
- Levadas do Faial
Alojamento na Ilha do Faial
Quando escolhemos um alojamento para as nossas estadias, além da relação qualidade preço, damos sempre preferência a um que esteja situado perto de restaurante ou sirva refeições no local. Assim, no final de cada dia, e fora do fato da mota, estaremos a uma curta distância de caminhada de um jantar. Além disso, gostamos sempre de ficar fora da azáfama dos lugares mais movimentados, e das cidades.
Assim, foi na Quinta da Meia Eira que encontrámos uma excelente opção de alojamento no Faial. A 10 minutos de mota da cidade da Horta, a 2 minutos de mota do aeroporto e a 5 minutos a pé do restaurante Petiska Aki que igualmente recomendamos. Além disso, localizada na pacata aldeia de Castelo Branco, rodeada de encantadores jardins repletos de árvores e flores fabulosas. Sempre com vistas para o imenso oceano Atlântico que rodeia a ilha.
A Quinta da Meia Eira oferece serviço de lavandaria no local, a um preço aproximado de 10eur por serviço. O que, para quem como nós viaja com pouca bagagem, é um importante. Pois precisaremos de lavar roupa durante a nossa estadia. O pequeno almoço é servido repleto de produtos frescos e de boa qualidade, muitos confecionados na hora.
Existem de certo, outras inúmeras boas opções para pernoitar na ilha. Como tal, partilho abaixo aquelas que me passaram pelos olhos de forma positiva quando fiz a pesquisa para a nossa estadia:
- Lofts Azul Pastel, a 2 min da cidade da Horta
- Azoris Faial Garden Resort Hotel, no centro da cidade da Horta
- Porto Pim Bay, na cidade da Horta
Restaurantes onde ir na Ilha do Faial
- Petiska Aki, Castelo Branco
- O Xavier, Cedros
Dica: Gostaríamos igualmente de ter lido esta informação antes da nossa viagem pelo arquipélago. Naturalmente, não tivemos oportunidade de experimentar todos os restaurantes existentes na ilha. Mas além dos acima recomendados, deixo aqui pelo menos um que visitámos e não nos foi apresentada uma comida de qualidade à altura do preço praticado: O Atlético, Horta.
Dia 2 ao Dia 5 – Roteiro de viagem de mota pela Ilha de São Jorge (3 noites)
A partir da ilha do Faial, o sol ainda não tinha nascido quando embarcámos num ferry com destino à Ilha de São Jorge. A travessia deste pedacinho de Atlântico, é por si só um roteiro panorâmico se o clima assim o desejar. A manhã soalheira, descobrira por momentos o vulcão do Pico. Ao sabor da leve ondulação que se faz sentir, navegamos rumo ao Porto de Velas, São Jorge.
A ilha de São Jorge é a mais alongada e estreita ilha do arquipélago, mas com um relevo de grande variação. Tem uma cordilheira central caracterizada por uma alinhada sucessão de picos montanhosos. Junto ao mar, são as notáveis fajãs que a distinguem. Formações geológicas caracterizadas pelos abatimentos da escarpada falésia que as rodeia com pequenas planícies que se estendem pelo mar.




Muitas são apenas acessíveis por trilhos pedestres, ou por estradas sem pavimento, e todas tem algo em comum: acesso sinuoso, tortuoso e de natureza deslumbrante! Todos os acessos às fajãs, são um Stelvio nos Açores!
É também a ilha onde se produz o famoso queijo de São Jorge e uma das mais belas dos Açores. Conhecida pelas suas encostas altamente escarpadas e sobretudo pelas suas fajãs. Nelas, ao longo dos séculos o Homem construiu um impressionante património paisagístico e cultural. Adaptando as adversidades da Natureza à sua sobrevivência. Recomendamos que se visitem tantas quanto possível!
Fajã dos Vimes
Todas as fajãs na ilha de São Jorge podem tornar-se num postal ilustrado dos Açores. Mas destacamos aqui a Fajã dos Vimes com uma particularidade que à partida ninguém ali conseguia imaginar: a única plantação de café da Europa. A pronunciada descida à fajã, por entre encostas de terra rude por desbravar, revestida por florestas autóctones e campos onde pouco parece florescer, guarda esta surpresa: as plantações de café que ali prosperam. No Café Nunes estacionamos por um momentos. para beber o tal café e passear por entre as plantas.
Fajã dos Bodes
Uma vez na Fajã dos Vimes, não é aconselhável voltar a subir a encosta sem chegar à vizinha Fajã dos Bodes. Ali o acesso é feito por um percurso fora de estrada (sem saída) com aproximadamente 4km, sempre à beira mar e que termina na Ponte Suspensa da Fajã dos Cavaletes.


Fajã da Caldeira de Santo Cristo
A Fajã da Caldeira de Santo Cristo continua a ser um dos lugares mais inacessíveis da ilha de São Jorge e, possivelmente, um dos mais bonitos. Além da sua imensurável beleza, é também a existência de ameijoas na Lagoa da Fajã de Santo Cristo que a torna também especial. Se aprecia o afamado bivalve, ali é o lugar para o degustar!
O acesso à Fajã da Caldeira de Santo Cristo é feito exclusivamente através de trilhos pedestres ou de moto quatro. Não são permitidos veículos privados para percorrer os 4km de percurso fora de estrada que a separam da Fajã dos Cubres. Depois de percorremos o seu trajecto entendemos porquê. A estrada estreita, inclinada e muito acidentada define que apenas uma meia dúzia de seres com experiência a possam percorrer, e viver! Nós, alugamos uma moto quatro com condutor no @ospot.sjz onde almoçámos. Durante cerca de 2 horas de ida e volta, foi o Sr Paulo que nos guiou pelos encantos da Fajã. 25 Eur por percurso não é barato, mas dentro dos fatos da nossa mota e cerca de 28 graus de temperatura lá fora, uma caminhada de 8 km (ida e volta) seria demasiado!
Farol da Ponta dos Rosais
O Farol da Ponta do Rosais não vale a viagem de mota por poder conhecer mais um edifício belo e bem localizado. Focamo-nos no bem localizado e num idílico caminho para lá chegar pode ser? Uma recta que ondula por cerca de 5 km, num simples percurso fora de estrada. Sempre por entre os campos de pastagens de gado alternados com os túneis de vegetação, representam um dos mais belos lugares que tivemos oportunidade de percorrer de mota!
Aquela sensação de estrada até ao infinito e aquele ar misterioso que a neblina do dia lhe confere. O sentimento de percorrer em pleno o que o mundo fora de estrada também tem para oferecer. Tenho a certeza que viríamos aqui de RT na mesma! De Triumph só viemos um bocadinho mais descansados.

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Estrada do Pico da Esperança
O Pico da Esperança é a maior montanha da Ilha de São Jorge e atinge os 1053 metros de altitude. Numa orientação aproximada noroeste sudeste, encontra-se alinhado com as restantes montanhas que dão forma à cordilheira central: Pico Montoso, Pico do Areeiro, Pico Pinheiro e Pico Alto, etc. Montanhas estas onde se encontram as crateras dos vulcões que lhe deram origem e estão actualmente adormecidos na sua era geológica.
Em dias em que o céu está sem nevoeiro, é do ponto mais alto da ilha que se avistam as paisagens por centenas de quilómetros em redor. Do cimo do cone vulcânico espreitam-se as fajãs, a ilha do Faial, do Pico na vertente sul e a Terceira e Graciosa na vertente Norte.

O que visitar na Ilha de São Jorge
- Farol da Ponta dos Rosais
- Parque Florestal das Sete Fontes
- Moinho e Piscina Natural da Urzelina
- Fajã das Almas e Piscina Natural das Almas
- Porto da Calheta
- Fajã dos Vimes
- Plantações de café na Fajã dos Vimes: Café Nunes
- Fajã do Bodes
- Fajã de São João
- Cascata do Cruzal
- Farol da Ponta do Topo
- Fajã da Caldeira de Santo Cristo
- Fajã dos Cubres
- Fajã do Ouvidor
- Piscina Natural Poça Simão Dias
- Estrada do Pico da Esperança
Alojamento na Ilha de São Jorge
Localizada na pequena aldeia à beira mar Urzelina, as Villas Casteletes foram a nossa opção para estadia na Ilha de São Jorge. Este foi um dos melhores lugares que já ficamos hospedados. A localização privilegiada, o conforto, limpeza e qualidade dos pequenos apartamentos, a simpatia e disponibilidade dos anfitriões, o soberbo pequeno almoço. Um dia se voltarmos novamente à Ilha de São Jorge, é por lá que voltaremos a ficar hospedados.
Por sua vez, existem muitos outros alojamentos na ilha de São Jorge, pelo que deixamos alguns que também considerámos quando fizemos a nossa pesquisa:
- Casa da Ermida, Velas
- Abrigo da Cascata, Fajã dos Bodes
- Hotel dos Moinhos, Velas
Restaurantes onde ir na Ilha de São Jorge
- Fornos de Lava, Velas
- O Spot, Fajã dos Cubres (snacks e petiscos)
- Flor do Jardim, Velas
Somos aquele tipo de pessoas não muito adeptos a experiências gastronómicas. Se encontramos um restaurante de onde saímos maravilhados com a comida, lá voltaremos quantas vezes conseguirmos. Assim foi nos Fornos de Lava, em Velas. Num ambiente acolhedor e com as melhores vistas panorâmicas para um pôr-do-sol com vista para o Pico (se o dia assim o permitir), foi por lá que fizemos todas as refeições enquanto estivemos em São Jorge. Recomendamos a qualidade da comida e a simpatia de todos os funcionários. (Preço aproximado por pessoa 20Eur Entradas+ Prato Principal + Sobremesa + Bebida).

Dica: Gostaríamos igualmente de ter lido esta informação antes da nossa viagem pelo arquipélago. Naturalmente, não tivemos oportunidade de experimentar todos os restaurantes existentes na ilha. Mas além dos acima recomendados, deixo aqui aqueles que visitámos e não recomendamos: O Amilcar na, Fajã do Ouvidor, O Açor na cidade de Velas.
Dia 5 ao Dia 7 – Roteiro de viagem de mota pela Ilha do Pico (2 noites)
Navegamos da ilha de São Jorge para o Pico para explorar os encantos da montanha que lhe deu o nome: o vulcão do Pico. Com o atraso da partida do nosso ferry do Porto de Velas, pouco faltava para a meia noite quando desembarcámos na ilha da montanha mais alta de Portugal. Rumo ao nosso alojamento, e na escuridão plena das estradas da ilha, foi quase sem querer que entrámos na pequena estrada costeira entre o Cachorro e o Lajido. Timidamente iluminada pelos faróis da nossa mota, ali reconhecemos uma estrada a regressar mal o sol nascesse.
Vinhas do Cachorro e Lajido e suas falésias
Formada durante aquilo que os antepassados chamaram de Mistério do Lajido (erupção do Lajido para os tempos modernos), eis uma das mais recentes formações da ilha do Pico. A chegada da lava ao mar e a solidificação em inúmeras formas à beira do Atlântico. Arcos vulcânicos, colunas de basalto, cavernas, etc. São pelo menos 10 km de uma estrada sempre à beira mar que ondula entre os campos de basalto salpicados por umas ervinhas que espreitam vigorosas. É uma das estradas mais bonitas da ilha.



Vinhas da Criação Velha e Moinho do Frade
Se em Portugal Continental temos o Douro, no Portugal Insular temos os vinhedos do Pico! Se construir socalcos na margem do rio foi um desafio dos nossos antepassados, atrás não lhes ficam os que muraram toda a encosta da montanha do Pico. O que faz o Homem pelo seu vinho?
A Criação Velha é detentora de uma paisagem avassaladora, de grande magnitude onde se encontra uma moldura basáltica sem fim a enquadrar os vinhedos da ilha do Pico. Ali está um equilíbrio perfeito entre a agreste terra que o vulcão formou e o engenho da sobrevivência humana ao longo dos séculos. Esta é uma paisagem classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. À beira do Atlântico, e com privilegiada vista para ilha do Faial. Recomendamos que se suba ao Moinho do Frade que se destaca de vermelho no horizonte e se contemple tão nobre paisagem.



Tubo lávico Gruta das Torres
A Gruta das Torres é o maior tubo lávico de Portugal com uma extensão conhecida de 5150 metros. Uma formação geológica de origem vulcânica que permite entrar numa gruta formada na escoada lávica dos Lajidos, Gruta das Torres. Está inserida no complexo vulcânico da montanha do Pico, e é uma interessante visita para os amantes da ciência. A visita requer reserva antecipada e tem um custo de 10 Eur por pessoa. A duração é de cerca de 1hora, sempre acompanhada por um guia local, que nos dá uma detalhada explicação acerca da sua formação e enquadramento.
Por ser localizada numa ilha onde a cultura da vinha está bem marcada, tivemos oportunidade de testemunhar a mais recente experiência dos seus habitantes: envelhecer o vinho no interior da gruta. Ao longo dos caminho que a lava outrora percorrera, encontram-se centenas de garrafas em repouso.


Estrada das Lagoas e a EN2, uma da maiores rectas de Portugal
A zona central da ilha do Pico é, à semelhança de São Jorge, uma igual sucessão de cones vulcânicos e suas crateras alinhadas numa soberba cordilheira de mar à vista. Vindos da Madalena e ganhando altitude, rumamos à estrada EN2 onde se encontra uma das maiores rectas de Portugal com cerca de 9km, e a maior recta dos Açores. Mais conhecida por Longitudinal, é uma estrada com cerca de 23 km que une a vila da Madalena à estrada ER2, chamada a estrada do mato ou Transversal.




Cella Bar
Já lhe chamaram o bar mais bonito do mundo! Localizado na Madalena, no extremo ocidental da ilha do Pico, este edifício que nos lembra a arquitectura nórdica, já ganhou um prémio internacional do edifício do ano. Assente à beira mar, de olho numa montanha com 2351 metros de altitude e com vistas privilegiadas para a vizinha ilha do Faial.
Num dia de fortes ventos e mar agitado, estacionamos junto ao Cella Bar e de imediato somos banhados pela maresia intensa que se faz sentir. Ora entre chuva, ora entre tímidos raios de sol, sejam qual for o estado do tempo no dia, terminá-lo no Cella Bar será sempre boa ideia.

O que visitar na Ilha do Pico
- Maior tubo lávico de Portugal: Gruta das Torres (necessário agendar visita)
- Moinho do Frade
- Paisagem Natural das Vinhas da Criação Velha
- Casa da Montanha
- Estrada das Lagoas (Capitão, Negra, Landroal, Rosada, etc)
- Museu dos Baleeiros em Lajes do Pico
- Miradouro do Cabeço do Geraldo
- Farol da Ponta da Ilha
- Museu do Vinho da Ilha do Pico
- Cella Bar
- Paisagem Natural das Vinhas do Cachorro
- Arcos vulcânicos e falésias de lava do Lajido
- Porto do Calhau
- São Roque do Pico
Alojamento na Ilha do Pico
Em São Roque do Pico e a uma curta distância do mar, a Aldeia das Adegas foi a nossa opção de estadia na Ilha do Pico. O pequeno casario restaurado à imagem arquitetónica da ilha é uma das nossas recomendações. Abaixo partilho outras:
- Aldeia da Fonte Hotel, Lajes do Pico
- Vila Barca, Madalena
- Para uma experiência mais especial: Azores Wine Company, Cais do Mourato
Restaurantes onde ir na Ilha do Pico
- Tasca O Petisca, Madalena
Dica: Gostaríamos igualmente de ter lido esta informação antes da nossa viagem pelo arquipélago. Naturalmente, não tivemos oportunidade de experimentar todos os restaurantes existentes na ilha. Mas além dos acima recomendados, deixo aqui aqueles que visitámos e não recomendamos: O Ancoradouro, Madalena.
Dia 7 ao Dia 9 – Roteiro de viagem de mota pela Ilha do Faial (2 noites)
Caldeira do Faial
A poucos quilómetros do Vulcão dos Capelinhos, é a subida à magnífica Caldeira do Faial que se segue. A estrada panorâmica que rodeia a cumeada, define o local como a próxima paragem obrigatória. Não dá para sair da ilha sem contemplar aqueles vários tons de verde que rodeiam a depressão da caldeira e sentir que estamos dentro da cratera de um vulcão.

Em qualquer ponto estaremos rodeados por campos de pastagens, sempre de olho no azul intenso do Atlântico, ora entre nuvens ora entre sol radioso, e uma infinita linha de hortênsias floridas.
A estrada de subida à Caldeira do Faial não é da melhor qualidade para desfrutar da condução de mota, mas não é por esse motivo que saímos dos itinerários principais? Porque estradas difíceis sempre nos levam a belos lugares? Pavimento rugoso, escorregadio e envolto em musgos. Subida de grande inclinação, numa estrada de curvas apertadas, muitas vacas no caminho e seu rastilho, grelhas de gado e carrinhas dos pastores. No topo, ora entre neblina ora entre céu limpo, contemplamos em poucos segundos várias paisagens de diferente luz. Todas deslumbrantes! Estamos em cima das nuvens, no ponto mais alto do Faial aos cerca de 1050 metros de altitude no Cabeço Gordo.
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Dica: Se despir o fato da mota e vestir roupa e calçado de caminhada for uma opção, é em torno da Caldeira do Faial que se estendem alguns dos melhores trilhos pedestres da ilha. Por exemplo: Levadas do Faial e os Dez Vulcões.
Piscina Natural do Varadouro
Em todas as ilhas existem inúmeras piscinas naturais. Oportunidades para um mergulho nas águas do Atlântico não faltaram. Nós encontrámos a nossa numa tarde de sol no Varadouro, ilha do Faial. A temperatura das águas rondava os 26 graus e apenas a presença das caravelas portuguesas nos fazia hesitar um mergulho mais descansado.
Chegados ao dia 9 deste roteiro, é hora de entregar a mota no mesmo local onde a recolhemos e tomar o nosso rumo para o aeroporto. Os dias de viagem de mota pelos Açores chegam ao fim, assim como esta aventura que passou num ápice! Deixamos os Açores com a mesma sensação de sempre: não importa quantas vezes aqui voltamos, esta região insular portuguesa é das mais maravilhosas de sempre.
Informações práticas sobre o roteiro de viagem de mota pelas Ilhas Faial, Pico e São Jorge
Aluguer de mota no Triângulo do Grupo Central
Infelizmente, alugar uma mota nestas ilhas não é ainda possível. Existem apenas algumas empresas que alugam scooters e são a única opção com duas rodas a motor nas ilhas. A nossa viagem foi realizada com a Triumph Tiger Rally Pro 900 em parceria com a Triumph Portugal e a Longitude 009 que nos disponibilizou a mota na ilha e tratou do transporte em conjunto com as motas de um dos seus tours. Se houver interesse em transportar a sua própria mota, contactar a Longitude 009 poderá ser uma boa maneira de averiguar possibilidades.


Dica: Se pretender alugar carro nas ilhas recomendamos uma plataforma de reservas que compara na hora todos os rent-a-car disponíveis e seus respectivos preços: Discover Cars.
Viagens de ferry entre ilhas
A ligação marítima entre ilhas é assegurada pela empresa Atlântico Line ao longo de todo o ano. A frequência e horários das travessias aumentam consoante os meses do ano, havendo mais disponibilidade nos meses de época alta (Maio a Setembro). Viajar de ferry entre a o Faial (Horta) e o Pico (Madalena) tem a duração aproximada de 30 minutos. Entre o Faial (Horta) e São Jorge (Velas) tem a duração aproximada de uma hora e meia com paragem em São Roque do Pico.
Utilizar estes barcos é um modo simples e económico de viajar entre ilhas, inclusive com o transporte possível de viaturas. Todo o percurso é também uma passeio panorâmico com a possibilidade de por vezes avistar golfinhos.

Reservar bilhete
É possível comprar o bilhete online através do site Atlântico Line. Caso pretenda adicionar o transporte de viaturas (carro ou mota) é só selecionar a opção adicionar extra. Os bilhetes podem ser comprados no local na bilheteira física. Se viajar de mota, e não conseguir bilhete online, é sempre possível pedir no balcão um bilhete com essa opção. Por ser uma mota, a tripulação facilita a travessia arranjando no barco mais um qualquer espacinho. Nas travessias fundamentais (por exemplo se tem mesmo de mudar de ilha naquela data, recomendo reserva antecipada).
Instabilidade de travessias
Estas travessias podem ser canceladas ou alteradas consoante as condições climatéricas. Sendo a rota que une a ilha de São Jorge às restantes a mais vulnerável quando está mau tempo. Além do mau tempo, também nos foram alteradas horários de travessias sem motivo aparente. O que quer dizer que, aconselhamos a reserva e circulação entre ilhas com margens de tempo para imprevistos. Por exemplo: se for dia de apanhar um avião, sugerimos que esteja na ilha correta no dia anterior.
Voucher São Jorge
Após a última crise sísmica na Ilha de São Jorge no início do ano 2022, o Governo dos Açores decidiu promover o destino com um incentivo aos viajantes. Como tal, todos os que visitarem a ilha de São Jorge, e apresentem o comprovativo de estadia (reserva alojamento) e transporte (bilhete de ferry ou de avião), receberão após registo na plataforma um voucher no valor de 35Eur por pessoa. Este voucher pode ser gasto num dos inúmeros serviços disponíveis na ilha: restaurantes, passeios, alojamentos, lojas, etc. Registo aqui Voucher São Jorge.
O que levar na bagagem
♦ No nosso caso, viajamos pelas ilhas com uma mota sem malas laterais e top case. Como tal, levámos um saco de viagem impermeável da Touratech (ver aqui) e uma mochila impermeável com toda a nossa bagagem para a viagem pelas ilhas. Usámos as Rok Straps (ver aqui) para sistema de fixação da bagagem à mota. Levámos ainda um cadeado com código para guardar os capacetes.
♦ Transportámos os nossos capacetes na bagagem de mão no avião e levámos os fatos de motociclistas vestidos (o voo tem a duração aproximada de 2h)
♦ Para mais informações sobre o nosso habitual esquema de bagagens para todos os destinos ver aqui o nosso roteiro já publicado.
Estradas na Ilhas
♦ As estradas nas ilhas alternam drasticamente do muito bom, passando por muito mau e chegando ao inexistente. Vantagem? As estradas muito más levam sempre a mágicos lugares. Existem muitos percursos fora de estrada que requerem uma boa experiência em condução fora de estrada, outros que são simples e acessíveis. Seja qual for o caso, qualquer rumo será uma boa opção. O nosso roteiro partilhado considera apenas os acessos fora de estrada mais simples, e uma maioria de lugares com acesso por estradas pavimentadas.




Quando ir
Recomendamos que um roteiro de mota pelas Ilhas Faial, Pico e São Jorge seja programado entre os meses de Maio a Outubro. Os restantes meses do ano são geralmente mais chuvosos e sujeitos às duras tempestades do Atlântico. Se nos meses de Primavera e Verão todos os dias chove nos Açores, nos restantes meses do ano é muito possível que chova todos os dias o dia inteiro.
Como qualquer destino pelo mundo, evitar os meses de Julho e Agosto é a nossa recomendação. A afluência de visitantes faz disparar os preços dos serviços e alojamentos. Além de aumentar o número de pessoas e viaturas a circular pelas ilhas.
Alojamento
Partilhamos acima algumas boas opções de alojamento pelas Ilhas. Mas aqui reforçamos que este é um destino com muita procura e pouca oferta. Pelo que para garantir disponibilidade e melhores preços, recomendamos que se reserve com antecedência para garantir os melhores lugares. Optamos sempre por fazer reservas com cancelamento gratuito até datas/horas muito próximas do check-in e para o fazer não há melhor do que a plataforma de reservas online Booking.
Saúde
Sempre foi nosso hábito fazer um seguro de viagem quando cruzamos fronteiras ou viagens nacionais de maior duração. Apesar da assistência em viagem da nossa mota, é importante ter consciência que um seguro de viagem é muito mais completo, abrange muito mais circunstâncias (incluindo acidentes de mota) e conta com capitais seguros infinitamente superiores em caso de necessidade. Já para não falar que, nas viagens com pendura, a assistência do seguro da mota é praticamente inexistente. Para esclarecer melhor esta questão consulte aqui o nosso artigo já publicado.
Agora, paira no ar a questão do Covid-19 que poderá deixar-nos mais apreensivos para fazer grandes planos ou cruzar fronteiras. Assim, indicamos que todos os planos da IATI Seguros incluem todas as despesas em caso de resultado positivo durante a viagem ou na véspera de partida. Pelo que, se já considerávamos importante não sair sem um seguro de viagem, agora recomendamos ainda mais.
Para os 9 dias deste roteiro, existem planos a por pessoa a partir de 8 Eur. Pelo valor simbólico não vale a pena arriscar sem uma salvaguarda em caso de problemas. Por seres nosso leitor, ao seguires este link ainda estarás a ajudar o blogue a continuar o seu projecto e receberás 5% de desconto no valor total da apólice. Simula abaixo os valores para as datas da tua viagem.
Mapa do roteiro de viagem de mota pelas Ilhas Faial, Pico e São Jorge
Para consultar o mapa em detalhe, clique sobre ele ou utilize o canto superior direito para abrir directamente na página do Google Maps. Poderá fazer o zoom necessário para ver a rota em pormenor ou exportar para o GPS como preferir. Clicando no canto superior esquerdo, é também possível ler a legenda do mapa em detalhe. Pretende utilizar este mapa no seu aparelho de navegação e não sabe como o fazer? Consulte aqui o nosso artigo já publicado.